Quartoze

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Marina:

Onde será que Arik se meteu? Só poderia ser da minha família mesmo para ser do jeito que ele...bem, do jeito que ele é.

Depois que pegamos nossos tios no aeroporto, Alex e eu levamos o casal para o chalé que alugaram e fomos com o meu primo Arik para a praia. O problema é que o cara saiu sozinho para comprar uma água de coco e nunca mais voltou. O que eu espero é que ele não tenha sido sequestrado nem nada ou vou ser acusada de matar indiretamente aquele homem.

- Ele sabe mesmo falar português fluente, Marina?- Alex senta na cadeira de praia ao me lado. Radiante e lindo como sempre, especialmente com os cabelos negros molhados e caindo no rosto de forma encantadora. É engraçado, sempre me pergunto como ele me quis. Eu sou bonitinha, mas ele, ele é um pecado, minha gente.

- Olha, fluente eu não sei, mas acredito que saiba pedir socorro pelo menos, não é?- pergunto.

Ele fica em silêncio.

- Meu Deus, eu espero mesmo que ele saiba.- sorrio de nervoso.

- Não se preocupa, linda, ele deve ter encontrado alguma menina e está conversando com ela. Um gringo por aqui é disputado.- Alex se levanta e vai para atrás de mim. Inesperadamente, pega meu cabelo e começa a penteá-lo, fazendo um rabo de cavalo.

Suspiro.

- Isso é para me fazer te perdoar por nos chamar de " desesperadas por estrangeiros"?- pergunto, de olho fechado.

Ele gargalha.

- Não, isso é pra você me dá um beijo.

Agora é minha vez de sorrir.

- Então fique sabendo que ficarei te devendo.- falo, me levantando depois dele terminar de me arrumar.- Dessa vez.- dou uma piscadinha- Vou passar protetor e dar um pulinho no mar. Enquanto isso, pode tentar ligar para Arik de novo?

Ele se joga na cadeira que eu estava antes.

- E o que eu ganho com isso, querida?- Alex pergunta, maliciosamente.

Me aproximo do seu rosto, o desafiando.

- Ganha um delicioso picolé de chocolate.

Ele inclina a cabeça para o lado.

- Negócio fechado, camarada.- apertamos nossas mãos como se fôssemos amigos, depois ele me rouba um beijo. Ok, nós não somos um casal normal.

Procuro meu protetor solar e passo no rosto. Eu deveria ter passado há muito tempo atrás, aliás, já estou à beira de parecer um porquinho cor-de-rosa. Coloquei um maiô lilás super lindo e chamativo, porque fiquei com vontade e me senti uma coisa meio...sei lá, meio famosa do Instagram.

O problema é que enquanto eu esperava o protetor secar um pouco , algumas pessoas estavam me encarando de um jeito bem estranho. Por que estão me olhando desse jeito? Eu sei que costumo passar muito produto por causa da minha pele muito clara, mas o que eles têm contra garotas precavidas? Não quero sair daqui com queimaduras de terceiro grau por isolação. Eu só queria mesmo um bronzeado bem bonito. Eu miro na garota do verão e acerto no Leitão, do ursinho Pooh.

Fiquei confusa até eu perceber o que estava acontecendo, quando passei o creme no meu braço. Ele estava mais escuro que o normal, na verdade, muito mais escuro. Era creme bronzeador. ERA CREME BRONZEADOR! COMO ISSO VEIO PARAR NA MINHA BOLSA?

Ah, lembrei. A minha tia me empurrou esse troço quando a deixamos em casa. " Você está muito branca, minha filha, sua mãe não te alerta sobre isso, não? Parece uma morta viva! Pegue, pegue esse produto para dar uma corzinha na pele. Precisa mais do que eu." ARGHHHHHH.

Amigas, Meninos e ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora