Onze

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Isabella:

- Então você tem um irmão gêmeo?- pergunto, enquanto tento me equilibrar em cima de um caminho mais alto que Noah.

Ele sorri, com a cabeça abaixada.

- Sim, e isso é a única coisa que nos assemelha. Na realidade, não temos uma relação muito amistosa. Cada um no seu canto, é quase uma regra na minha casa.- o ruivo coloca as mãos nos bolsos do short.

- E você está aqui com sua família a trabalho ou...

- Estamos aqui por uma temporada, simplificando. Meu pai trabalha viajando, e como vimos muito para o nordeste do Brasil, a gente acabou comprando uma casa por aqui.

Pulo de volta para a calçada. Depois de toda aquela confusão com a família do Noah e minha bicicleta, ele resolveu me acompanhar até em casa para me explicar todo esse caos. Dividimos o preço do uber, e descemos um pouco antes da minha casa para comprarmos sorvete.

- Deve ser uma loucura a vida de vocês, então.- digo, mordendo minha casquinha, depois de ter tomado todo o sorvete de chocolate.

Ele suspira.

- Somos de Boston, lá é um lugar ótimo para se viver. - ele se vira para mim, passando a mão no cabelo compridinho.- Mas eu gosto de viajar. Por causa disso conheci um pouco mais sobre o mundo que os livros e eletrônicos nunca poderiam me mostrar.

Percebo que ele ocultou alguma coisa.

- Mas...

- Mas John não pensa assim. Desde que passamos a viver saltando de um lugar para o outro, ele nunca mais foi mesmo. Ele tem um jeito durão e "intocável" de ser de longe, mas na verdade, ele sente tudo muito intensamente. Meu irmão amava nossa casa e amigos de lá, e de repente, perdeu tudo. Eu não o culpo por ser como é agora.

Me vejo querendo saber mais da sua vida, mas me repreendo. Não vou invadir o espaço pessoal do garoto, mal conheço ele. E se eu fizesse isso e acabasse o magoando? Não posso desperdiçar a chance que o universo me deu de falar novamente com ele.

Antes que eu me esqueça: Obrigada astros e planetas e signos e fadas madrinhas que estejam envolvidos nesse encontro. Dois beijos, amigos.

Sorrio, lembrando de algo.

- Do que está sorrindo? Falei alguma coisa errada?- Noah acaba sorrindo também.

- Por que sua irmã disse que eu era sua princesa?- pergunto, sorrindo.

Ele balança a cabeça. Está ficando vermelho!

- Ah, não é nada. Ela está na fase de ver muito conto de fadas. Victoria deve ter ouvido eu falar sobre você com minha mãe...

Paro de caminhar.

- Você falou de mim para sua mãe?- falo.

- Eu disse só sobre ter encontrado uma menina que me divertiu muito. Eu gostei de você, Isabella. Qualquer pessoa teria percebido meu jeito sorridente quando cheguei em casa.

Com um sorriso no rosto por causa do Noah, percebo que cheguei em casa. Minha felicidade logo morre, porque chegou a hora da gente se despedir. Eu não quero dizer adeus para ele.

- Bem, missão cumprida. Acho que essa é minha deixa.- ele passa a mão no cabelo de novo. Esse movimento sutil é mais encantador do que ele pensa.

Inclino a cabeça.

- É acho que sim. Não vou te convidar para beber alguma coisa porque meu primo está uma pilha de nervos lá dentro por causa da namorada. É capaz que ele pense que estamos juntos...-rio de nervoso. Burra! Não era pra falar isso! Por que eu disse isso?

Ele sorri.

- Sem problemas, eu pedi um carro no caminho, para voltar para casa.- apertamos as mãos.- Foi muito bom te ver mais uma vez.

- Foi...Quer dizer, é foi legal. Muita coincidência tudo que aconteceu! Só não foi muito divertido para minha bicicleta.- tento fazer graça para amenizar a situação, mas nenhum de nós dois rimos.

Noah olha para baixo.

- Então é isso.- vejo o carro dele parar na nossa frente.

- É...é isso.

Ele levanta a mão e dá um sorriso triste. Sei que ele está triste ,porque no fundo,eu também estou. O que ele tem para mexer tanto comigo?

Noah estava entrando no carro, mas se ele não iria fazer isso, alguém tem que fazer.

- Espera.- digo, correndo até o vidro do veículo.

Vejo algo no olhar dele se iluminar.

- Espera também.- ele faz uma careta.- Quer dizer, me escuta. Eu não sou bom em flertar com ninguém, não sei realmente o que deu em mim na praia naquele dia...mas eu quero te ver outra vez. Passei o caminho inteiro pensando em como eu te dizer isso e na verdade, ainda não sei o que dizer.- ele sorri, nervoso. As sardinhas no rosto deixam ele mais fofo do que deveria estar.- Vamos sair para comer alguma coisa amanhã a noite? Por favor, diga sim, ou se não quiser, diga logo antes que eu crie expectativas. Ou melhor, pare de criar.

Noah deveria estar ao ponto de mudar de cor por inteiro. Ele deve estar tão corado que o cabelo nem parece tão vermelho assim.

Sorrio.

- Aceito.

- Aceita? Você realmente aceita sair comigo?- ele pergunta outra vez.

Assinto.

- Claro que sim, seu bobo. Me pegue amanhã às sete e coloque uma camisa verde, combina muito com seu cabelo de foguinho.

Saio correndo e destranco a casa, entrando o mais rápido possível.

- Eu tenho um encontro!- bato palminhas.

Marina e Alex não devem ter chegado da praia ainda, ao ver pela a casa estar tão silenciosa e desorganizada. Depois que minha amiga chegou em Fortaleza, os dois foram direto para o aeroporto pegar um primo dela.

Me jogo no sofá e recebo uma mensagem da Bianca: Uma foto.

Amigas, Meninos e ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora