Dez

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Noah:

Em todos os meus 21 anos de vida eu nunca fui tão sem jeito com uma menina como fui hoje.

O que deu em mim? Minha sanidade virou água no momento em que a vi. A pele bronzeada e o cabelo castanho diferente de tudo que já vi em todos os lugares que passei. Sem contar no humor afiado que Isabella tinha, como as meninas dos livros são. E eu a deixei escapar.

Eu, Noah, perdi a garota que me deu um frio na barriga pela primeira vez na vida e provavelmente nunca mais a verei. Burro do cacete.

Volto para casa já anoitecendo a pé colocando as ideias no lugar e esperando que ela saia da minha cabeça o mais rápido possível. Papai ainda não chegou e as luzes do segundo andar da nossa casa de praia do Brasil estão apagadas. John com certeza deve estar com uma garota por aqui.

Abro a porta com minha digital e o encontro deitado no sofá vermelho da sala, ao lado de uma garrafa de uísque. Deus, que ele não tenha bebido essa garrafa toda.

- Olha só quem chegou, o gostosão do meu irmão.- Ele diz com um tom sarcástico e a voz engraçada. O cheiro não mente, ele está muito bêbado. O meu irmão gêmeo começa a sorrir e encara a janela de vidro vendo o sol se pôr.

- Você ficou muito tempo fora, parece que o filho favorito da mamãe está começando a pender para o caminho errado.- o ruivo continua falando.

- Não enche o saco, John. Você bebeu de novo, sabe que ela odeia isso. Será que não pode ser responsável uma vez na vida?- falo pegando a garrafa da bebida e jogando fora.

- Vai se foder, Noah. Você ama quando eu faço isso, assim parece que é ainda mais perfeito.- ele dá um murro no meu braço.

Me viro para ele.

- Não me toque. Não quero brigar com você de novo nesse estado.- digo apontando para ele.

John se levanta e me olha ameaçadoramente.

- Engraçado porque hoje eu acordei com muita vontade bater em alguém.

Respiro fundo, os nossos rostos muito próximos.

- Juro que um dia quebro a sua cara por fazer a mamãe sofrer tanto, infelizmente, não vai ser hoje.

- Meninos?- ouço uma voz doce atrás de mim e vejo mamãe e Victoria de mãos dadas. Elas acabaram de chegar.- Está tudo bem?- Dona Rose pergunta.

- Claro, mãe. John estava subindo para tomar um banho.- digo, forçando um sorriso.- Não era?

Ele vira a cabeça e sorri maliciosamente.

- Sim, Vossa Majestade. - e ele sobe as escadas sem falar com as duas.

Todos ficam calados vendo ele sair do cômodo.

- O que John tem?- Victoria pergunta.

- Nada, minha princesa.- pego minha irmã de 7 anos nos braços, colocando nos meu ombros e brincando de cavalinho.- Ele só teve um péssimo dia. Vamos correndo até a cama? Segura aí em cima!- e levo ela até seu quarto rosa. Ela sorri e grita se divertindo.

A coloco na cama, embrulho no cobertor pink e apago as luzes.

- Estou sem sono, Noah.- ela diz, com o cabelo vermelho como o de toda família todo cheio de lacinhos.

- Mas crianças precisam dormir cedo para ficarem lindas quando crescerem, sabia?- digo, triscando na ponta do seu nariz.

- Mas você quase não dorme e está muito bonito. Acho que isso é mentira.- Victoria diz.

Amigas, Meninos e ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora