Depois do fogo...

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- Você não pode fazer o que bem entender nessa escola garotinha, ligaremos para os seus responsáveis!?...

Aquela diretora precisava fazer as sobrancelhas e tirar o baton dos dentes, eu diria isso á ela se não fosse piorar o meu caso. Um caso que eu já tinha explicado bastante vezes, mas, talvez exista coisas na minha ficha, que fazem ela e os outros desacreditarem nas minhas palavras.

- Dona... digo...diretora, eu já disse ele piscou pra mim duas vezes e quis negociar minha nota baixa por um "drinque" , e eu disse não, então ele ficou agressivo e...
- Pare agora mesmo! Você não pode ficar espalhando essas histórias bobas por aí, isso pode visar mal nossa instituição!Quero que fique após a aula e...
- Eu não posso ficar eu já disse que só quis me defen...
- Eu não tô dando opções garotinha, o que você fez a levaria para um reformatório se o gentil professor não tivesse pena de você ! Saia da minha sala agora mesmo antes que eu me arrependa!.
Não ela não estava sendo legal e não ele não era gentil. Mas obedeci porque em partes ela estava certa e eu não queria a minha mãe fazendo um show da escola até em casa então... sai.

- E ai?. O que rolou lá dentro ?
- vou ter que ficar depois da aula...

A Karen costumava ficar escutando atrás da porta toda vez que isso ocorria, mas ela fez essa pergunta pra vê se eu tinha um plano. Bom, eu não tinha um plano.

- O que ? Mas...e a festa ? Cara o Roger vai estar lá. Você não pode ficar depois da aula!

É, o Roger. Você sente que suas amizades não são tão profundas quando você vê que sua amiga só ti convida pra festa, porque o carinha que ela gosta vai estar lá e ela não se sente tão segura pra chegar e dizer "bora ficar?" .

- Não tenho muito o que fazer garota. Se eu não ficar corro risco maior.

Ela tem o cabelo rosa, que insegurança é essa?.

- Karen?
Karen: - Oi garota quanto tempo...

E lá se foi ela com uma companhia que possivelmente ela poderia levar pra festa, e seguir com seu plano de ficar com o carinha, que previsivelmente ela ia beijar, e achar que apenas isso ia tranforma-lo de um safado para um príncipe. Sobraria pra mim, como sempre!

- Ti mando mensagem, bjs.
-Tá, né !

Eu continuo andando o corredor, contrariando os alunos que estavam saindo, eu pareço um peixe, um salmão, contra a correnteza . Geralmente é assim que eu vejo minha vida .

Abro a porta de vagar e...
- Está atrasada senhorita Emy Lues! Sente-se rapidamente...

Caramba! "Boa tarde vamos passar 3 hrs adicionais juntos", era o que eu esperava ouvir . Bom, na verdade eu era otimista. Eu estava ali por motivos que eu até me orgulho. Coloquei fogo na peruca de um professor tarado (que só a diretora defende, porque eles mantém um caso "escondido"), frente a 54 alunos. Depois disso você meio que fica famoso entre os alunos , o que era horrível pra mim. Por outro lado os professores te tratam como se você fosse atirar uma flecha na testa deles a qualquer instante.

18:30

Primmm! Acabou eu fui a última a sair . A sala toda estava "atrasada" pra festa . E apressada pra ativar a vida sexual e virar um semi-deus na escola. É, a juventude é um lixo!. Eu ignoro o fato de estar no colegial com 16 anos e ainda ser virgem, eu não sinto nada por ninguém, meus sentimentos parecem ter congelado, já faz algum tempo. Ou desde de sempre foram assim.

Eu sempre voltava de ônibus pra casa, mas naquele dia isso não me livraria do discurso de ódio da minha mãe que esperava eu chegar pra ficar com meus irmãos e sair . Enquanto meu padrasto estava totalmente aberto no sofá, bebendo cerveja. Igualmente a mim ela ambém não aguentava ficar naquela casa , o problema é que eu não tinha ninguém pra deixar no meu lugar e assumir minhas responsabilidades.

Eu gostava de andar, andar só e pensar, se as coisas iam mudar e eu bastava esperar ou só iam acontecer se eu corresse atrás. Sei lá tudo isso é um saco.
Enquanto andava no cair da noite, na beira da calçado eu vi de novo aquele garoto. Eu não tava vivendo um romance, isso é besteira. Eu achava curioso olhar no fundo dos olhos dele, e não ver alegria. Não é que eu seja ruim e diabólica, nada disso. Eu apenas olhava ,me identificava enquanto ele jogava o lixo pra fora do restaurante em que trabalhava. Não era todo dia que eu podia ve-lo então passei um pouco mais de tempo olhando fixamente. Não , não era um clima, não era recíproco, tenho certeza que eu o constrangia.

- Ai!... droga ! Inferno !
Eu poderia chamar uma lista de palavrões , apenas porque tropecei na maldita calçada mas era uma aposta com a Karen e eu levava apostas a sério. Deve estar pensando agora é o momento que o romance acontece , ele vai lá ajudar ela, enquanto suas mãos se tocam ou algo assim. Não! Ele jogou o lixo, tão rápido que quase pega em mim, entrou no restaurante e atendeu um velho que pedia café em voz alta . Eu não ligo.

- Ok Emy ! Você não está encomodada! Você não liga se esse rapaz não lhe ajudou! Você também sabe ser fria Emy. - Falava eu limpando a lama do tênis e seguindo mancando.

Eu falava sozinha, sempre, em qualquer lugar . A Karen diz que eu tenho um "doente" na minha cabeça ( é isso mesmo, ela não diz doende). Mas, a maioria do colegial não me acha normal mesmo .

Abrindo a porta de casa eu senti que preferia estar nua e enterrada na neve, até sentir o gelo tomando conta dos meus pulmões, do que entrar em casa.

- O que você fez ? - Nossa como minha mãe me conhece tão bem. (ironia).
- Nada ué!
- Você sabe que eu preciso de você aqui as 4, mas qual o seu poblema?!...

Enquanto ela falava e falava, eu pensava "ué eu saio as 4 mulher, você é louca?" mas, tenho medo da resposta. Então resolvi entrar pra harmonia sonora da casa. Gritaria, televisão ligada no volume 101,

Bel: -Mãee fala pro Denis devolver a katerine!
Benson: - Mulher quero mais cerveja!
Mãe: -Você não me ajuda...

e meus pés na escada subindo rapidamente, batendo a porta do quarto tão forte e rápido quanto a vontade que eu tinha de não estar ali.
As vezes eu tenho a impressão de estar sendo engolida, talvez você já tenha ouvido essas expressão, mas se você nunca sentiu essa sensação,você provavelmente, só ouvi como uma frase clichê .

Longe de casaOnde histórias criam vida. Descubra agora