Apesar da confusão que tinha tomado posse do rosto do pilar da água, ele não entendia direito o porquê daquele simples toque ter causado um efeito tão ridículo em seu corpo. Não fosse apenas pela mão quente dela, as palavras também grudaram em sua mente.
Sua mão formigava, como se a dela ainda estivesse ali.
Giyuu queria desaparecer da frente de Shizue para fugir do fato que um simples toque havia o deixado confuso — uma sensação nova. As únicas pessoas que tocavam nele eram as garotas da Mansão Borboleta ou médicos das casas de glicínias, mas ali estava Shizue, não se importando com isso. Tomioka ficou mudo, não sabia o que dizer.
"Acabei de descobrir que também gosto do seu calor." Outra frase bonita, mas perigosa.
Poderia parecer bobo, mas esse toque significativo que ela lhe deu, e os olhos incrivelmente vermelhos, alertaram-no sobre um perigo iminente. Por alguns segundos, Giyuu perdeu a consciência do que aquele pequeno contato poderia trazer a si. Não era o toque, e sim a intenção.
Ele, um caçador da mais alta patente que enfrenta demônios na calada da noite, tinha sido pego de surpresa por uma simples garota civil.
— Tomioka — Suspirou. Ouvir a voz dela fê-lo fechar os olhos. — Tudo bem? Você ficou quieto.
O caçador teve vontade de sumir como tem desejado desde o início, o mesmo sentimento que o acometeu na noite em que saiu para aniquilar onis por puro egoísmo.
— Shizue — disse. Por mais que não desejasse causar agonia a ela, alguém tinha que tomar o controle da situação, e sabia que era si. — Você não pode ter esse tipo de contato comigo. Eu sou um hashira, e você é minha protegida.
— Não é como se eu tivesse feito algo demais. — Shizue olhava atentamente para ele. — Se está preocupado com as empregadas, fique tranquilo. Todas são leais a mim e não me desrespeitariam com nenhuma insinuação desnecessária.
Tomioka lutava internamente contra sua própria vontade de ser ríspido. Era um dever, uma responsabilidade exclusivamente sua manter a distância entre eles. Mas, por mais que tentasse, mesmo que tivesse saído sem motivo algum para aniquilar demônios, ter se afastado da casa durante o dia e tentado evitá-la na maior parte do tempo, não conseguia afastar Shizue de sua mente. Ela começou a ser, lentamente, desde o dia que chegara à propriedade, um raio de sol em meio à escuridão de ser um caçador de onis.
Ele tinha uma feição de aflição no rosto, e agradeceria se ela não reparasse.
— Devemos manter nossa relação limitada ao profissionalismo.
— Mas eu não sou uma caçadora.
Pela segunda vez, Giyuu foi pego de surpresa. A velocidade com que ela conseguia pensar em uma resposta coerente, era muito mais rápida do que ele conseguia processar um argumento plausível para convencê-la da distância que ambos deveriam manter um do outro.
— Shizue...
— Então essa é uma questão exclusiva de honra às tradições do Esquadrão de Exterminadores de Dêmonios, eu suponho? — disse dando dois passos para frente. Tomioka quis dar dois para trás em troca, mas não se mexeu do lugar. — Estou começando a achar que você tem medo de mim.
Shizue olhou para baixo, mexendo nas mãos com um pouco de ansiedade, mas Giyuu não soube dizer se ela sentia tristeza, remorso ou confusão. Honra às tradições do Esquadrão? Realmente havia algumas regras sobre o relacionamento entre caçadores e civis envoltos em missões, mas até esse momento nunca houve necessidade de lidar com uma situação dessa natureza.
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SNOW WHITE, tomioka giyuu
FanfictionOzuno Shizue fora ungida como a princesa de sua família, mas perdeu muito antes mesmo de compreender o verdadeiro significado da perda. Criada em baixo das asas de empregados e caçadores, ela sempre viveu sob a proteção excessiva do avô. Apesar diss...