Advice from a caterpillar

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Era engraçada a maneira que a vida guiava os caminhos. Já fazia algum tempo que estava naquele local; nos primeiros dias Jimin realmente se perguntou o que eu estava fazendo ali, quer dizer, estava servindo basicamente como empregado, afinal, ajudava Jungkook em suas tarefas e não tinha muita certeza do porquê.

Não recebia nada em troca além de alimento, companhia e a viagem mais louca que já havia feito em sua vida, mas era de alguma forma satisfatório e com toda certeza muito menos entediante do que a vida na casa de campo de sua avó.

O mais engraçado era que havia se acostumado ao modo acelerado e estranho do Coelho. Correndo pra lá e pra cá, gritando estar atrasado sempre que tinha que sair de casa e checando as horas no relógio de bolso que sempre carregava consigo. No começo achava Jungkook maluco como todos naquele local, mas com o passar do tempo percebeu que na verdade, o normal era chato e que como Taehyung lhe dissera quando se encontraram, se fosse assim tão normal provavelmente nem estaria ali.

Jungkook era diferente de qualquer um que já tivesse conhecido e não podia negar que desde o primeiro momento achou o sorriso dele extremamente adorável. Os dentinhos salientes, as ruguinhas que se formavam no canto dos olhos, o rapaz de longas orelhas brancas era bem bonito e talvez estivesse reparando naquilo mais do que deveria.

Cada dia que passava Jungkook lhe apresentava um pouco mais de si mesmo. O modo cuidadoso com o qual preparava o jantar, o jeitinho irritado quando chegava de um dia cheio de problemas que o Coelho não gostava de detalhar, mas que ficava estampado em seus olhos de galáxia o descontentamento.

A timidez que era ressaltada quando Jimin lhe encarava por mais tempo do que o necessário, ou quando lhe dirigia um elogio, deixando o moreno um tanto desconcertado. Apesar disso, ele havia começado a devolver elogios e na primeira vez Jimin ficou realmente surpreso.

Se lembrava de uma das tardes em que conversavam e riam de coisas bobas. Jimin estava contando sobre as brincadeiras bobas que costumava fazer com alguns velhos amigos da época na qual tinha um grupo de dança. Como denominavam ações infantis como missões e saiam correndo no meio da rua, brincando de pique-pega ou pulando nas linhas das faixas de pedestres com os dois pés na hora de atravessar a rua.

Havia contado a Jeon também sobre sua paixão pela dança e sobre como sentia falta de dançar e se apresentar, mesmo que poucas pessoas realmente o assistissem.

Foi também naquela tarde que permitiu que Jungkook o visse dançar, mesmo que nenhuma música tocasse, Jimin se levantou e dançou com um ritmo em sua mente, cantarolando baixinho. Os olhos mantinham-se fechados, deixando que o corpo se guiasse por sua própria vontade, preenchendo o ambiente com sua inegável presença. Parecia tão natural quanto respirar.

Os olhos cerrados não o permitiram ver a admiração do moreno que o encarava com brilho no olhar, sentindo-se encantado com o talento e com a forma com que o corpo do loiro se movia, como se o vento o carregasse diante aos passos leves e bonitos.

Quando Jimin finalmente finalizou seus passos e voltou fitar o Coelho, ele estava com uma expressão um tanto abobalhada de admiração, os olhos já grandes ainda mais arregalados. O humano não pode deixar de soltar um risinho, passando a mão na frente do rosto do outro para lhe chamar a atenção.

— Ei Jeon, tá tudo bem? Travou alguma coisa aí dentro? — Soltou um riso mais alto, se sentando ao lado do homem-coelho que dirigiu o olhar para si, ainda sem dizer nada. — Você fica muito fofo assim, sabia?

Jungkook sorriu tímido, parecendo ponderar o que diria, mas após alguns instantes pousou a mão sobre a do humano, o tocando com cuidado e o fitando novamente com uma admiração quase palpável.

Madness • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora