◈ Primeiro Mês ◈

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No último mês as coisas estavam cada vez melhores. Meu emprego era incrível, boun era um ótimo chefe, o apartamento de seu amigo era maravilhoso e quando eu soube o valor do aluguel fiquei boquiaberto por um apartamento lindo custar tão pouco.
Sammy fez questão de manter contato comigo e apareceu lá em casa com Earth. Mesmo meu mecanismo de defesa querendo afastá los, eles sempre davam um jeito de se aproximar ainda mais e pela primeira vez eu tinha amigos.
Lembram o homem que eu havia comprimentado no elevador? Ele se chama Nine — Na verdade Nine é seu apelido e ele gosta de ser chamado assim — era noivo do meu novo amigo e eles se casariam dali a um mês.
Em uma das visitas Earth me contou as coisas pelas quais haviam passado para chegar até ali e fiquei admirado pela garra e o amor que sentiam um pelo outro.

Era final de semana e os dois — Sammy e Earth — haviam decidido sem me consultar que iríamos sair.
Eu nunca entendi muito de moda e nem tinha dinheiro para gastar com isso, então vesti qualquer roupa que me deixasse confortável e não estivesse tão desgastada, mas me arrependi no momento em que vi o quão arrumados meus amigos estavam.
Earth usava roupas dignas do ator e modelo que era e Sammy parecia partilhar a mesma profissão, os dois impecáveis e eu sendo apenas eu. Ali percebi o quanto éramos diferentes, já que pelas coisas que disseram ela também era filha de empresários ricos.

   — Prem, o que houve? — perguntou a garota, talvez notando meu incômodo

   — Nada. Vamos?

   — Claro — respondeu Earth indo em direção ao seu carro — Vamos passar para buscar uma pessoa e encontraremos o resto do pessoal lá.

   — Pessoal? — perguntei começando a ficar nervoso.

   — Sim, uns amigos nossos.

Agradeci internamente por não terem percebido meu desespero. Eles disseram que era um barzinho simples e eu levei ao pé da letra, por um momento esqueci que o que era simples para eles era extremamente luxuoso para mim.

Quando o menor falou em buscar um amigo eu imaginei que seria seu noivo, mesmo que isso não fizesse sentido, me surpreendi quando outro garoto sentou ao meu lado.
Ele era alguns centímetros mais baixo que eu, usava Jeans, coturnos, uma camisa branca e uma jaqueta que tambem era jeans, os cabelos divididos de lado e uma maquiagem leve. Ele era MUITO bonito.

   — Oi — falou um pouco tímido sorrindo para mim.

   — Olá — respondi sendo educado.

O resto do caminho foi feito em meio a conversas paralelas entre os três enquanto eu fiquei em silêncio os observando.
Como eu havia imaginado aquele lugar não tinha nada de simples, nem mesmo parecia ser um barzinho. A iluminação era baixa, luzes coloridas piscavam em uma pequena pista de dança, baristas fazendo malabarismos com as bebidas e não era lotado como pensei que seria.
Fomos em direção a parte mais afastada da entrada, onde Boun e Nine estavam nos esperando com um homem eu não fazia idéia de quem era.
O garoto do carro correu em direção a Boun e o abraçou, ficaram um bom tempo daquela forma conversando, até o menor se sentar entre Boun e o outro homem voltando a abraçá lo, enquanto eu me sentei do outro lado de Boun.
Eu sei que era loucura sentir ciúmes, ele não era o "meu Boun" e mesmo se fosse eu não tinha esse direito, mas eu não consegui evitar.
Meus amigos foram dançar arrastando Nine com eles e como eu era um péssimo dançarino decidi ficar ali apenas olhando ao redor e checando a hora de cinco em cinco minutos. Minha vontade era levantar dali e ir embora, mas seria falta de educação.
Alguns garçons deixaram garrafas de bebida, frutas e aperitivos sobre a mesa e saíram em seguida. Eu queria muito uma bebida naquele momento mas a vergonha falava mais alto.
Boun se soltou dos braços do outro e pegou dois copos onde colocou gelo e uma bebida amarelada, imaginei que fosse uma para ele e a outra para o garoto que agora eu sabia se chamar Fluke, estranhei quando um dos copos foi colocado à minha frente, e arregalei os olhos surpreso olhando para si. Ele apenas indicou com a cabeça para que eu bebesse e voltou a atenção para os outros dois bebendo a própria bebida.
Dei o primeiro gole e senti a garganta arder conforme a bebida descia, mas aquilo teria que servir para me animar. Quando dei o terceiro gole fazendo careta me assustei com uma mão em meu ombro.

   — É muito forte pra você? — o loiro perguntou tirando o copo da minha mão antes mesmo que eu pudesse responder.

Assisti ele pegar outro copo um pouco maior, colocar açúcar, morango e vodca usando um canudo para misturar. Dei o primeiro gole e gostei da mistura de morango com a bebida forte. Retirei o canudo e bebi tudo de uma vez com a atenção do mais velho ainda voltada para mim. Assim que acabei ele pegou o copo da minha mão repetindo todo o processo e me entregando novamente.

   — Você pode comer e beber o que quiser okay? — eu apenas acenei positivamente e ele voltou a me ignorar em seguida sendo abraçado novamente.

Eu bebi mais alguns copos tentando criar coragem para me divertir e quando percebi tudo ao redor estava girando, eu não conseguia falar sem embolar a língua e tenho certeza que cairia caso tentasse levantar, mas ainda tinha plena consciência do que acontecia ao meu redor.
Eu vi quando meus amigos voltaram, quando Earth ficou com raiva de algo e quase gritava com Boun, e vi quando o último citado não negou o pedido do irmão para que me levasse em casa.
Ele me segurou pela cintura para que eu apoiasse em si e me levou até o carro onde fez questão de me acomodar e colocar o cinto em mim. Assim que ele sentou no banco do motorista fiquei indignado.

   — Você bebeu, não pode dirigir.

   — Foi só um copo, garanto que estou bem.

   — Deveria levar seu namorado em casa, não eu. Poderia ter me deixado lá que eu dava um jeito.

O ruim de quando bebia era que eu ficava consciente, mas totalmente sem filtros.

   — Namorado? — perguntou parecendo confuso.

   — Sim, o garoto com quem estava abraçado. Aliás, você tem sorte. Ele é lindo, se eu tivesse um terço da beleza dele estaria feliz. — Disse da melhor forma que conseguia.

   — Primeiro: ele não é meu namorado, somos amigos de infância. É como se fosse meu irmão.
Segundo: Eu nunca te deixaria lá, então não diga uma besteira dessas de novo, entendeu?

Eu balancei a cabeça com vergonha pelo que havia falado, ele girou a chave e voltou a olhar para mim.

   — E por último, jamais se compare a qualquer pessoa, isso só vai te fazer mal. E… sei que minha opinião não faz muita diferença, mas você é muito mais lindo que ele.

Deu partida ao terminar de falar e eu não pude evitar o sorriso que nasceu em meus lábios. O caminho só não foi silencioso porque Boun ligou o rádio e cantarolava baixinho as músicas que tocavam. Ao chegar em casa ele fez questão de entrar comigo e me obrigou a tomar um banho enquanto fazia um café.
Eu havia acabado de tomar o café quando seu celular tocou e ele saiu para atender, me senti um pouco sonolento e deitei no sofá onde estava com os olhos fechados. Pude ouvir seus passos se aproximando, senti quando me pegou no colo e levou para o quarto me colocando na cama.
Alguns minutos depois, ainda de olhos fechados imaginei que já tivesse ido embora quando  senti a cama afundar ao meu lado e a respiração quente batendo em meu rosto.
Ele passou a mão em meus cabelos o tirando da testa, deixou um beijo casto ali e outro em minha bochecha e ficou um tempo em silêncio.

   — Fazem apenas alguns meses, porque sinto como se fosse uma eternidade? — falou me deixando confuso. — Você é muito mais lindo do que nos meus sonhos. Eu queria ter coragem para dizer isso quando tivesse acordado.

Assim que terminou de falar levantou e ao abrir uma pequena fresta em meus olhos pude o ver de costas quando deixava o quarto. Estava sem camisa e a enorme tatuagem de asas foi o que me chamou a atenção.

Aquele com certeza era o garoto dos meus sonhos. Meu anjo.

E foi com aquele pensamento que adormeci naquela noite.

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My Angel ▪ BounPremOnde histórias criam vida. Descubra agora