My Angel ▪ BounPrem

◈ Encontro ◈

Antes de começar, eu queria avisar que esse capítulo vai ter uma quebra bem significativa de tempo. Nas notas finais eu vou explicar melhor o porque, então peço que leiam, ok?

CAPÍTULO SEM REVISÃO.

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Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Não me levem a mal, eu não sou uma pessoa ingrata ou algo do tipo, mas além de ser uma quantia relativamente alta que Boun gastou comigo, eu estava mais uma vez sendo dependente de outra pessoa.
Se parar pra pensar, desde que minha tia se foi, nada do que tinha fora conquistado sozinho ou por mérito próprio.
Isso era frustrante, e saber que o loiro mais uma vez fez algo por mim só aumenta a sensação de que eu era impotente e não podia cuidar de mim mesmo.

Fiquei um bom tempo em silêncio, tentando processar o que ele havia dito. Uma casa. Ele comprou uma casa para mim.

— Fala alguma coisa, por favor — falou ainda olhando em meus olhos esperando alguma reação.

— Eu não sei o que dizer, eu não posso aceitar. É demais pra mim, entende?

— Porque? Não é como se o dinheiro fosse me fazer falta, e eu sei o quanto essa casa é importante pra você.

— A questão não é essa. O dinheiro é seu e eu não posso aceitar algo assim sem me sentir a pior pessoa do mundo. Eu amo essa casa, queria muito ter ela de volta, mas por conta própria ao invés de ganhá-la como quem ganha um chaveiro. Não é tão simples.

— Eu entendo, me desculpe, eu agi sem pensar.

— Tudo bem, eu só não consigo aceitar.

— A gente pode dar um jeito, eu não sei. Só queria que você se sentisse bem.

— Me desculpa. — Falei com os olhos cheios de lágrimas — Você fez tanto por mim. Eu me sinto inútil, incapaz de fazer algo por mim ou pelos outros, as vezes a sensação de impotência é maior do que qualquer felicidade que eu venha a ter e isso me corrói por dentro.

— Você já passou por tanta coisa, pequeno. Seria estranho se não houvesse vestígios de tudo o que lhe aconteceu. Tudo o que eu e os outros fazemos por você é apenas porque você merece.

— Eu não sei, isso não entra na minha cabeça, eu só consigo pensar no quanto sou inútil, sabe? Eu queria poder retribuir de alguma forma.

— Você retribui com sua dedicação, sua amizade, com seu jeito único. Independente do que tentamos fazer, tudo seria em vão se você não merecesse, entende?— Perguntou segurando minha mão e me puxando para virar de frente para si. — Sammy e Earth jamais conseguiriam fingir caso não gostassem de você e não quisessem sua amizade. Você não continuaria trabalhando na empresa se não fosse dedicado e não fizesse as coisas direito, independente de como entrou lá. Eu não estaria com você se não fizesse bem para mim, se não fosse a pessoa mais linda e incrível que eu já conheci em toda a minha vida. Mesmo que o motivo inicial das coisas acontecerem em sua vida, não seja porque você merece, que não é verdade, você se mantém nelas com dedicação e isso faz de você merecedor, entende?

A essa altura eu não conseguia falar e só podíamos ouvir meus soluços. Ultimamente na maioria das vezes eu só conseguia me derramar em lágrimas, não importava o motivo ou rumo das conversas que tinha.
Eu me reprimi tanto durante anos que tudo resolveu vir a mim como uma mistura maluca e caótica de sentimentos.

Ficamos ali calados por minutos, ou talvez horas, eu estava perdido em pensamentos enquanto em minha mente passava todos os acontecimentos que sucederam a morte de minha tia em tão pouco tempo.
Eu havia encontrado pessoas maravilhosas dispostas a me ajudar, mas em momento algum eu fui capaz de me cuidar sozinho. Eu havia prometido não só para ela, como para mim mesmo e não fui capaz de cumprir.
Mais tarde Boun me deixou em casa, se negando a me deixar sozinho de início, mas entendendo que eu precisava de um tempo comigo mesmo.