My Angel ▪ BounPrem

◈ Encontro ◈

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Algumas semanas haviam se passado, eu estava mais uma vez deitado apenas vegetando como vinha fazendo frequentemente quando me assustei com o som alto da campainha. Lentamente fui atender me deparando com um senhor que beirava os 60 anos e cheirava a naftalina.

  — Boa tarde, em que posso ajudar o senhor? — Perguntei educadamente.

  — É aqui que mora o senhor Prem?

  — Sim, sou eu mesmo.

  — Eu sou Kang, vim lhe entregar esses documentos.

  — E do que se trata?

  — Uma ordem de desocupação.

  — Desocupação?

  — Isso, antes de falecer sua tia fez alguns empréstimos, colocando a casa como garantia e como não foram pagos a casa terá que ser desocupada e vendida.

  — Como assim? E pra onde eu vou?

  — Infelizmente não posso te ajudar, estou apenas fazendo meu trabalho.

Ele me entregou uma folha e pediu que eu assinasse outra. Se antes eu já estava desesperado, agora estava mil vezes pior.
O dinheiro que eu tinha era o suficiente para as despesas básicas por alguns meses, eu não teria como pagar um aluguel ou algo do tipo.
Naquela noite ao me deitar foi inevitável pensar em como seria minha vida dali para frente. Depois de muito tempo acabei adormecendo.

Eu não vinha mais sonhando com Boun. Depois da noite em que ele fez eu me abrir e transbordar ele nunca mais apareceu. Eu já estava convencido de que havia o perdido tambem.
Fico pensando se em outra vida eu não teria feito algo horrível a alguém para justificar eu perder todas as pessoas que amo.

Consegui dormir um pouco e acordei cedo no dia seguinte. Estava disposto a procurar um emprego, se arrumasse alguma coisa dentro da próxima semana talvez conseguisse pagar um quarto em alguma república ou pensão. Esse pensamento me deixava com o coração apertado, eu não queria sair da casa em que fui criado. Parte da minha infância e adolescência foi vivida ali, aquele lugar me trazia muitas lembranças.

Lembranças. Infelizmente eu teria que me contentar com elas dali pra frente.
Desliguei o despertador ainda sonolento. Na noite anterior havia separado roupas e uma bolsa com documentos, então não demorei muito para ficar pronto.
Saí de casa sem destino a procura de qualquer coisa que pudesse me ajudar.

Já passava do meio dia, meu estômago roncava e eu não tinha dinheiro algum comigo, havia passado em vários estabelecimentos atrás de uma vaga, mas ninguem queria dar uma vaga de emprego a um garoto de 18 anos sem experiência alguma.
Comecei a me sentir fraco e um pouco tonto, entrei em um beco afim de cortar caminho até o ponto de ônibus mais próximo, me senti ainda mais fraco e sente no chão com as costas apoiadas na parede de olhos fechados. Ouvi um barulho e só então me dei conta de que havia uma enorme porta de ferro ali. Após isso não consegui observar mais nada, minha visão foi ficando turva e eu desmaiei ali mesmo.

Acordei com uma tremenda dor de cabeça e demorei um pouco mais do que deveria para associar o que tinha acontecido. Não reconheci o lugar que estava, o que me deixou ainda mais assustado.
Eu só sabia que estava deitado em um sofá grande feito de couro.
Um pouco mais afastado, ainda naquele cômodo haviam algumas mesas , cadeiras e uma televisão enorme. Me assustei com duas portas duplas que foram abertas bruscamente revelando uma garota baixinha com cabelos num tom de castanho bem claro, quase loiro e as maçãs do rosto levemente marcadas. Ela era linda.