O despertador que eu botei no celular era o que eu mais odiava. Era uma mistura de um galo gritando e um pato esganiçado e talvez mais uma hiena junto, em outras palavras, era um som ensurdecedor.
Minha vontade era de tacar o celular na parede e eu realmente quase fiz isso, porém me recordo de que tive que trabalhar de meio período por 4 meses pra poder comprá-lo.
Levanto da cama na força do ódio, era 7:49 da manhã e lá estava eu, ainda tentando abrir os olhos. Vida de pobre não é fácil, não.
Depois de ter feito o que tinha que fazer no banheiro, visto meu jeans rasgado e desbotado junto com minha blusa de alcinhas branca. Calço meu tênis all star preto e saio de casa para o meu último dia de trabalho antes das aulas começarem.
E pra chegar na lanchonete, precisava atravessar meio mundo até lá.
19 minutos depois, era minha vez de comprar a passagem.
— São 4,10 moça. — Informa o homem careca assim que eu dou o dinheiro.
— Espera aí. 4,10? Desde quando?
Ele apenas aponta para a tabela colada no vidro, indicando que era mesmo 4,10.
— Mas eu só tenho 3,70. — Explico desesperada.
O homem dá de ombros.
— Se você não tem dinheiro moça, por favor se afaste. Tem outras pessoas atrás de você.
— Isso é injusto! Semana passada era 3,70.
Agora ele me olha irritado.
— Mas isso foi semana passada.
Meu Deus, eu to ferrada!
Penso desesperadamente uma forma de comprar logo a passagem antes que eu me atrase pro trabalho. Mas o que eu podia fazer? Não tinha dinheiro suficiente.
E quando a ideia de voltar pra casa mais rápida que o flash para pegar o dinheiro passa pela minha cabeça, um sujeito estranho e bastante alto vestido de preto da cabeça aos pés para na minha frente o medo me consome.
Será que ele vai tentar me roubar aqui mesmo no metrô?
Olho pros meus pés, talvez ele pense que eu tenha alguma doença mental e desista de me roubar.
Fico surpresa quando ele estende a mão e me entrega uma passagem. E é quando eu finalmente levanto a cabeça pra olhar melhor.
O sujeito era lindo. Cabelos e olhos escuros, alto.
Quando pego a passagem meus dedos tocam os
dele de leve e meu corpo vibra em resposta, antes dele se afastar rapidamente e entrar no metrô, sem me dar chance de agradecê-lo.
E antes que eu possa ir atrás, o metrô parte levando consigo o garoto mais lindo que eu já vira.
E provavelmente nunca mais vou ver.
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O Garoto do Metrô
RomanceTodo mundo fala que quando você vê pela primeira vez uma pessoa na rua ou em qualquer outro lugar, que se sente atraída por ela, jamais irá vê-la novamente. Mas não foi isso que aconteceu com Mia Victoria Losangez. Aos 16 anos de idade, Mia esbarra...