II

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O meu dia na lanchonete foi agitado mas nada conseguiu tirar aquele garoto dos meus pensamentos. Ele era realmente lindo e deve me achar mal educada agora, por não agradecer pela passagem.
Mas como eu poderia agradecê-lo se ele praticamente fugiu de mim?
— Obrigada por hoje, Mia. Somos muito sortudos de ter uma garçonete tão pontual e dedicada. — Agradece Rosana, minha chefe, e me entrega um envelope amarelado.
— Eu que agradeço.
Ela sorri e me dá um abraço bem forte que quase não consigo respirar direito.
— Te vejo logo.
— Assim que eu conseguir ajeitar as coisas lá em casa.
Rosana me olha com pena mas não diz mais nada. Ela se afasta pra atender outros clientes enquanto saio da lanchonete, pronta pra mais uma caminhada de uns 40 minutos pra chegar em casa.
Meu spray de pimenta estava em uma mão enquanto a outra segurava firmemente a bolsa. Qualquer barulho que ouço, olho pra trás pra me certificar que estou sozinha na rua. Embora seja uma rua tranquila de dia, não sei se posso dizer o mesmo à noite.
Aprendi vendo na internet algumas técnicas de karatê também, estou fortemente armada.
Começo a ouvir passos atrás de mim e não ouso olhar pra trás, obrigo meus pés a acelerar e não me render ao medo que me consome a cada segundo.
Estou suando frio, cacete!
Uma mão asquerosa segura meu braço, dou um grito e a primeira coisa que eu faço é chutar a pessoa que está atrás de mim.
Ele geme de dor e me agarra meu cotovelo. Dou um grito assustada e o chuto novamente, o homem cai no chão se contorcendo de dor. Sorte a minha que ele não estava armado.
— Até que foi fácil. — Digo, ajeitando minha blusinha levemente amaçada.
— Vai se arrepender de ter feito isso mocinha. — Ele consegue dizer em meio a dor.
— Quero ver tentar, você não é páreo para os meus golpes de karatês.
Dito isso, saio correndo de volta pra casa. Chega de ação por hoje.
~•~
Sou acordada mais uma vez pelo despertador horrível, dessa vez era 7:32.
Calma, 7:32? Meu Deus, só tenho 28 minutos pra me arrumar pra aula!
Nem banho eu tomo, me enfio dentro de uma legging preta e da primeira blusa que encontro no guarda-roupa. Jogo a mochila nas costas e alterno entre prender o cabelo num rabo de cavalo e correr na rua porque já tinha perdido o ônibus.
Chego no colégio 3 minutos atrasada mas por sorte o professor Alister não havia chegado na sala.
— Ouvi dizer que temos um aluno novo hoje e que ele é um gato. — Sussurra Valerie, minha melhor amiga/irmã.
— Aí acho que vi ele na entrada, ele é um gostoso. — Will sussurra de volta.
Me jogo na cadeira ao lado deles.
— Nada e nem ninguém se compara ao cara que eu vi ontem no metrô. Ele era a perfeição em pessoa. — Murmuro ofegante, tentando ao máximo botar o ar pra dentro dos meus pulmões.
— Vamos apostar então?
Balanço a cabeça em negativo.
— Não tinha dinheiro nem pra uma passagem.
Will me dá um tapinha no ombro, sentindo pena.
O murmúrio de conversa se dissipa quando o professor entra na sala e logo depois o garoto que vi ontem surge.
— Ah meu Deus do céu. — Sussurro pros meus amigos, incrédula.
Era ele! O garoto de ontem, estava ali na minha frente! Mas o que ele tá fazendo aqui?
— Vocês estão vendo o que eu estou vendo?
— Céus! Que delícia.
Todas as garotas da sala soltaram pequenos: "aí meu Deus", "ele é lindo", entre outros.
— Pessoal, quero que conheçam seu novo colega de classe que entrou esse ano. — Explica o professor, assentindo pro garoto se apresentar.
— Meu nome é Adam Benson e é um prazer conhecer todos vocês.
Ah pode acreditar que o prazer é todo meu, Adam.

O Garoto do Metrô Onde histórias criam vida. Descubra agora