[f(19) = 4x - 57] Todas as faces

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Surpresa! (mas nem tanto assim) Capítulo adiantado pros amores da minha vida!

🔮

Sanidade mental... acho que não tenho mais.

A cada segundo que se passa, durante os quais continuo olhando fixamente para o desenho ao lado da foto, ambos representando exatamente a mesma serpente, eu sinto que tudo que está acontecendo desde o primeiro 21 de outubro só pode significar uma coisa.

Depois do acidente, eu entrei em coma e tudo isso é um sonho.

Essa é a única explicação plausível para a existência de loopings temporais que só acontecem em filmes, de bruxas como a avó do piromaníaco e de tatuagens que existem quando nunca foram feitas.

— Jungkook. — Jimin me chama, quase numa repreensão. Só assim percebo que não é a primeira vez que ele está me chamando.

— Cale a boca. Você é só uma invenção da minha cabeça. — Eu digo para ele.

— Jeon, não começa. — Ele suspira, impaciente. Quando se move até estar sentado ao meu lado, ele pousa uma mão sobre o desenho; a outra, sobre a tela do celular, que ainda exibe a foto recém-capturada. Depois de olhar para os próprios dedos, seu olhar vira suavemente em minha direção: — Isso está relacionado ao que quer que tenha gerado a repetição do dia 21, não está?

Eu dobro minhas pernas e passo as mãos pelo rosto. Frustração é apenas uma parte do que sinto. Existe também confusão e uma inegável pontada de raiva por ver que isso está longe de acabar ou sequer ser compreendido.

— Eu não sei, Jimin. — Sinceridade permeia minha voz quando puxo a pele de meu rosto para baixo, me sentindo perdido. — Quando eu acho que sei de alguma coisa, percebo que não sei de nada.

Ele leva o polegar à boca, repetidamente mordiscando a ponta sobressalente da unha. Seus cílios batem do jeito característico, enquanto ele se concentra unicamente nas imagens diante de nossos olhos.

— Como essas tatuagens vieram parar em nossas peles? — Ele solta a pergunta no ar, sem parecer buscar um ouvinte específico.

Sem resposta, eu apenas balanço a cabeça para os lados em clara desistência e me arrasto pela cama, como se me afastar do desenho e da foto pudesse me afastar do problema.

— Eu estou de saco cheio. — Confesso, cansado. — Só quero ter uma vida normal e não precisar me preocupar em entender coisas inexplicáveis...

Jimin olha para mim com paciência, compaixão e, tenho certeza, com compreensão no seu estado mais puro.

— É difícil. — Ele mesmo diz. Surpreendentemente, com um sorriso pequeno, sincero. — Mas pelo menos eu pude me aproximar de você, Jeon.

Eu retribuo seu olhar por apenas mais um instante, logo em seguida descendo minha atenção desajeitada para a bola de pelos preta e branca.

Mesmo deixando de olhá-lo, eu ainda consigo dizer, talvez baixo demais:

— É... pelo menos isso...

Jimin suspira ou ri. É tão baixo e sutil que sequer consigo identificar. Em seguida, ele murmura com a voz leve, quase como se sequer estivesse falando para que eu escute:

— Gracinha.

Eu finjo que não escutei, assim não preciso pensar demais em como reagir ou, ainda mais desesperador, como esconder a minha reação a cada vez que ele me chama dessa forma.

Sem interferir na nova ausência de manifestações verbais, ele volta a olhar para o desenho, segurando-o no ar, diante de seus olhos. Eu continuo dando atenção a Jungoo, afundando minha mão nos pelos finos antes de acariciá-la.

CEM CHANCES • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora