Um

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Seul, um lugar lindo, movimentado, as pessoas andam sempre com muita pressa, sempre atentas ao telefone provavelmente falando sobre negócios com alguém importante.

Eu fico me perguntando como que um lugar tão grande e com tantas empresas não tenha sequer UMA vaga como garçonete?

Meus pés doíam, já passava das 18:00 e eu havia saído de casa às 8:00 da manhã às pressas à procura de um lugar que esteja empregando após receber uma ordem de despejo.

Eu não estava em Seul não faziam nem 3 meses, mas parece que as pessoas aqui levam datas muito à sério, eu atrasei o aluguel duas vezes e já estou sendo despejada. Estou frustada. Essa é a palavra para me definir agora.

No trem as pessoas me olhavam com certa pena, algumas, com situação financeira bem melhor que a minha aparentemente, até debochavam um pouco do meu estado lamentável.

Cabelos bagunçados, roupa amassada, o suor escorrendo pela minha testa, meu rosto inchado depois de chorar por 20 minutos na calçada me perguntando o que diabos eu iria fazer da minha vida.

Um senhor de bom coração até cedeu seu lugar pra mim, aceitei com um sorriso fraco, mas minhas pernas agradeceram tanto, eu estava morta.

Eu queria sair correndo, voltar ao Brasil chorando e bater na porta doa meus pais dizendo :

"Vocês estavam certos, foi uma péssima ideia, eu não sei me virar sozinha, meu sonho é uma bobagem".

Mas eu não faria isso, não me entregaria tão fácil, eu sei que vai dar certo, eu vou conseguir passar por cima disso tudo, vou arranjar um emprego, vai ficar tudo bem.

Encosto minha cabeça no vidro daquele trem e fechei os olhos, me deixei levar por aquele balancear que fazia, respirei fundo e me permiti descansar só um pouco, eu precisava.

Mas parece que a pessoa ao meu lado não percebeu que eu estava num momento de puro relaxamento após um dia estressante e começou a me cutucar e falar umas coisas que eu não estava entendendo nada...

Coreano sua tonta. Ele é coreano, o que você esperava?

- Desculpe? Eu não estou entendendo o que você diz... - disse em inglês. Afinal era assim que eu estava me virando. Que tipo de pessoa vai a um país sem saber falar a língua nativa dele?

Eu. Achei que seria fácil pois hoje em dia quem não é fluente em inglês ou não sabe pelo menos o verbo To Be?

Depois do dia de hoje, eu percebi que estava errada, muita gente não sabe e isso só complica mais a minha situação, como eu vou conseguir um emprego assim meu Deus?

- Ah, me desculpa... Sua bolsa, cair.. - o garoto disse esforçando seu inglês enquanto  apontava pra baixo, para a minha bolsa que estava quase do outro lado do vagão.

Num pulo eu peguei de volta aquela bolsa que mais parecia uma mala e pus novamente no meu colo, eu estava tão cansada que nem reparei que havia caído.

- Muito obrigada senhor.....

-Kim Taehyung, e você?

- Anne Mac - eu sorri e ele me devolveu um sorriso quadrado, o que me fez observar melhor aquele rapaz, ele era fofo, sem dúvidas, cabelo castanho escuro quase cobrindo seus olhos, eu não pude descrever muito nem seu corpo pois o rapaz estava muito bem agasalhado.

- Você é de onde? - ele me olhou um tanto curioso, com uma expressão que dizia " vou perguntar sua vida toda agora "

O que de fato ele fez, descobri que Kim Taehyung, é curioso, inteligente, criativo, e está num grupo recém formado de Kpop chamado Bangtan Sonyeondan, isso quando ele decidiu que eu já tinha contado coisas o suficiente sobre minha vida e já era a vez dele de falar.

O que demorou um pouco porque até nome dos meus primeiros cachorros ele quis perguntar.

Depois que chegamos ao nosso destino, que por coincidência era o mesmo, eu senti uma pontada de tristeza de ter que me despedir de Kim.

Ele era uma pessoa tão divertida e por 30 minutos fez eu me esquecer da vida miserável a qual eu me encontrava.

-Eu preciso ir agora, pra minha casa, é minha última noite lá eu estava pensando em fazer uma festa e chamar meus amigos sabe? Os ratinhos e as baratas que tem naquele lugar - Eu ri mas no fundo aquilo era deprimente, a única pessoa que eu conhecia ali era a dona da casa, que me queria fora dali em 24 horas.

- Você pode vir comigo... Minha casa.. Amigos, ajudar você também, podemos tentar - Taehyung disse com um sorriso em seus lábios, estava achando muito fofo o jeito que ele se esforçava para entender o que eu dizia e tentava responder.

Vez ou outra ele parava um pouco e ficava olhando para meu rosto com uma cara confusa, então eu usava um aplicativo para traduzir e ele sorria constrangido enquanto lia, era adorável.

- Não precisa, eu realmente não quero incomodar e pelo que você disse, eu não acho que seu chefe vá gostar de você levando uma estranha para a empresa dele

- Aigoo não tem problema, ele não vai ver, por favor... -ele para como se tivesse tentando formar uma frase em inglês para não precisar usar o tradutor- Eu vou ajudar você a... Suas coisas, pegar e você vai... Nós vamos levar para meu dormitório na ... Lá - ele sorriu orgulhoso

Depois de ficar alguns segundos pensando se aquilo realmente ia dar certo, me dei por vencida, olhando pra ele com aquele rostinho eu sei que ele não iria sossegar enquanto não me levasse para esse lugar e me visse descansando. Acho que ele é um anjo.

-Vamos.. Mas se não der certo a culpa é sua!

Ele riu como quem acaba de conseguir ganhar uma discussão quase impossível, e me acompanhou até meu apartamento.




***
Se houver qualquer erro ortográfico, por favor me avisem. E me desculpem antecipadamente.
Até o próximo :)

Subway BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora