A colheita

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        Acordo com meu irmão mais novo se debatendo ao meu lado, Mark se remexe angustiado, provavelmente é mais um pesadelo com a colheita, suspiro, isso tem me irritado bastante.

-Não! Eu não quero ir para os jogos, eu não...

       Essa situação vem se repetindo com frequência, é sua primeira colheita, por mais que eu o acalme ele tem se estressado cada vez mais, me sento sobre nossa pequena cama espreguiçando meu corpo.

-Mark acorda, é só um pesadelo...

- ...Não eu não quero morrer não me mate...- ele balbucia

- Mark Acorda!...- ele senta rapidamente sobre a cama assustado  - ...Ei, calma, foi só um pesadelo, você não vai ser sorteado hoje, você não vai precisar escrever seu nome mais de uma vez! Quantas vezes preciso te dizer isso caramba! - ele me encara se recuperando com longas inspirações

- É injusto Peeta, Não é só você que tem que sustentar a casa, eu deveria colocar meu nome para o sorteio o máximo que eu puder pra trazer mais comida pra gente...- ele negativa com a cabeça encarando o chão -...Peeta eu não quero ser covarde, você já colocou seu nome na colheita tantas vezes, isso não é certo, você não pode se sacrificar sozinho!

- Mark eu faço isso por você, depois que o pai morreu tenho a obrigação de cuidar de você, eu não posso permitir que coloque seu nome mais do que necessário pois se você fizer isso todo meu trabalho terá sido em vão...- ele me olha apreensivo continuo antes que ele contraponha - ...você já ajuda demais com o leite da sua cabra e eu estou caçando, não será necessário que a gente faça mais nada, isso já nos manterá sãos e salvos e ainda sobra um pouco pra mãe - tento ser brincalhão mas seu sorriso é sem animo

         Eu e minha mãe não nos damos muito bem desde que meu pai morreu, ela se fechou em sua tristeza particular e esqueceu que colocou dois filhos nesse mundo de merda. Egoista, apenas.

       Enquanto me arrumo para ir caçar Mark reagi e vai a cozinha, ele me trás um pacotinho embrulhado, não consigo segurar o sorriso, adoro esses momentos com ele 

-Olha o que a Greasy Sae me ensinou a fazer com o leite da cabra, isso talvez ajude a conseguir mais algumas coisas pra gente.

    Ele refere-se a senhora do prego, o mercado de trocas do distrito, ela sempre que pode nos ajuda com algo, ela era muito amiga do meu pai, Mark está mais animado, é bom vê-lo assim

Abro o embrulho, é uma pequena barra de queijo, fico surpreso ao mesmo tempo entusiasmado

- Viu só ?! você já ajuda bastante com a sua cabra não precisa fazer mais nada para conseguir comida, você quer que eu venda o queijo pra você ?

-Peeta isso é um presente! Não percebeu que estava embrulhado ?

- Ok! Desculpa ae ?! - bagunço o cabelo dele - Já que é meu, vou saborea-lo durante a caçada, volto mais cedo pra gente se arrumar, fala pra mãe deixar minha roupa pronta - pego a jaqueta do meu pai

- Ok, ela vai adorar ser útil pra você - reviro os olhos antes de sair, vou para à floresta, é bom ter caça em época de colheita, as pessoas ficam mais solidárias, me dão mais do que realmente vale os animais.

     Encontro minha mãe retornando da cidade, apenas a ignoro por mais que ela acene pra mim. Depois de alguns anos vegetando pela morte do meu pai, ela começou a reagir lentamente, acho que foi resultados dos gritos que dei com ela, já que eu era o provedor da casa tinha o total direito de fazer isso, ainda tenho, mas respeito meu irmão que insiste que eu a trate melhor. Acho isso tão injusto, pois agora, depois de tudo, ela tenta se aproximar, mas não consigo fingir que nada aconteceu, ela nos abandonou quando a gente mais precisou, agora que estamos bem é fácil se fazer de boa mãe, alem disso não vejo necessidade dela na minha vida.

        Já Mark é mais ligado a ela, eles são muito parecidos fisicamente, são delicados e conseguem socializar muito fácil com os outros, a aparência deles é de pessoas da capital tirando a questão das roupas é claro, creio também que o pessoal da capital toma mais banhos que a gente, os olhos azuis deles são impressionantes, combinam perfeitamente com os cabelos loiros e tom de pele branco.

Já eu sou totalmente diferente, mesmo tendo a mesma cor de cabelo, meus olhos são escuros como os do meu pai, eu tenho um porte físico mais forte e odeio pessoas, falo somente o necessário e com as mais chegadas falo o básico, até porque não tenho muitas pessoas próxima a mim. Minha única amiga é Brianna, até porque temos muito em comum, caçamos pra sobreviver.

Atravesso a cerca para a floresta, pego o arco e flecha escondidos na árvore, eram do meu pai, mesmo depois de morto ele me ajuda mais que minha mãe.  Arrumo algumas armadilhas, depois de cinco prontas começo realmente a caçar, atiro em dois gansos e um esquilo.

Peeta Mellark, o tordo da revolução Onde histórias criam vida. Descubra agora