O Príncipe Proibido

Capítulo 5

- Eu realmente acho que não faz sentido algum a gente continuar com isso, sabe?

Não havia parado de pensar na noite passada nem por um segundo. Quando eu fui para meu quarto e adormeci, havia sonhado com o príncipe. Quando acordei, levei horas para me arrumar, pensando se estaria bonita o bastante. No café, não consegui tirar os olhos de Anthony. E agora, enquanto caminhava com Esme ao meu lado em direção à sala de música, relembrava tudo o que havia acontecido. Desde o convite para me mostrar o castelo, até a nossa despedida.

- Eme?

Nosso encontro havia sido incrível. Não que possa ser considerado um encontro de verdade. Mas foi incrível. Ele se mostrou ser alguém diferente, sensível. Alguém que sabe dar valor às coisas simples da vida. Isso me tocou. Me tocou de um jeito diferente.

- EMERALD! - Gritou Esme.

Dei um pulo. O grito de Esme me arrancou de meus pensamentos, me trazendo de volta para o presente.

- Ai meu Deus, Esme - Digo, colocando a mão sobre o peito, em uma tentativa de acalmar as batidas do meu coração. - O que foi?

Ela para e me olha, com as mãos na cintura.

- Você estava me ignorando totalmente, sabia? - Esme diz. Sua voz com um leve tom de raiva e indignação.

- Eu estava? Ah, não! Esme, me perdoe. Eu estava... - Ela me interrompe e completa.

- Distraída?

- É - Sorrio envergonhada.

- É, acho que deu pra notar - Ela revira os olhos. - Mas te perdoo mesmo assim. Enfim, eu estava dizendo que é uma perda de tempo eu continuar insistindo nesse meu talento inexistente pra música.

Agradeci mentalmente por Esme não perguntar sobre o quê estava me distraindo.

- Acho que está enganada. Se você continuar com as aulas, vai ficar boa logo logo.

- Não mesmo - Ela balança as mãos na frente do corpo. - Sou um caso perdido. E por isso, decidi que você vai tocar hoje - Ela sorri, se parabenizando pela decisão.

- Você decidiu? - Digo, rindo.

- Sim - Ela dá um sorriso convencido.

- Tudo bem, então. Acho que eu não poderia recusar mesmo.

- De fato. Não poderia.

- Estou a seus serviços, Alteza - Faço uma reverência, e logo caímos na gargalhada.

Entramos na sala de música e a professora já estava lá.

- Bom dia, Melany! Como você está? - Cumprimenta Esme. - Tenho uma proposta diferente para nossa aula de hoje. Essa é a Senhorita St.Clair, e ela é ótima no piano - Diz, me apresentando. - Queria que ouvissemos ela tocar hoje. Acredito que vai ajudar na minha melhora. - Ela mente.

Eu coro.

- Mas é claro, Alteza. Será uma honra ouvir você tocando, Senhorita St.Clair.

- Perfeito - Esme bate palmas, animada. - Venha, Melany! Sente-se comigo. Hoje você só vai ouvir - As duas se sentam em um grande sofá branco de frente para o piano. - Pode começar, querida. Estou ansiosa.

Me sento no banquinho do piano, respiro fundo e toco algumas notas para me aquecer.

- Ela mal começou e já posso ver o quanto é incrível - Ouvi Esme conversar com a Sr Melany, que concordou sorrindo.

Finalmente, começo a tocar uma canção. Lenta e suave. Eu gostava muito de música. Quando eu tocava, conseguia esquecer dos meus problemas por um instante. Era como minhas idas ao lago. Simplesmente não me via sem.

Quando parei de tocar, Esme e a Sr Melany se levantaram e começaram a me aplaudir. Escuto palmas extras vindas da entrada. Anthony estava encostado na porta de entrada com um sorriso encantador no rosto.

- Obrigada - Sorrio, tímida.

- Eme! Você é ótima - Diz Esme, indo em minha direção - Eu disse, não disse? Sabia que estava certa.

- Você é realmente incrível, Senhorita St.Clair - Disse Melany.

- Obrigada! - Sorrio.

Olho para a porta a procura de Anthony, mas ele não está mais lá. Não posso mentir que fiquei um pouco decepcionado.

- Precisa tocar mais vezes para nós - Diz
Melany.

- Com certeza! E ela vai - Diz Esme.

Volto meu olhar para as duas.

- Ficaria honrada!

Esme dá palminhas animadas, e a Sr Melany dá um sorriso empolgado.

Nesse momento, a porta se abre e um homem baixinho de cabelos brancos entra na sala.

- Alteza - Ele faz uma reverência - Sua mãe precisa de você. Está te esperando no escritório dela.

- Tudo bem. Obrigada Smith - Esme diz, com um sorriso e o homem se retira. - Ah, preciso ir. Eme, não precisa ir comigo, fique a vontade. Não devo demorar.

- Tudo bem - Sorrio.

- Até logo - Esme diz, soprando beijinhos, já caminhando para a porta.

- Senhorita St.Clair, pode ficar a vontade. Eu vou organizar algumas coisas em minha sala. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar.

- Obrigada, Melany - Sorrio, e ela sai.

Volto para o piano toco mais algumas canções.

- A senhorita é muito boa.

Dou um salto diante do susto. Aquela voz...

- Anthony!

Ele estava parado em frente ao piano.

- Como está? - Ele pergunta em meio a um sorriso.

- Estou ótima! E vossa alteza?

- Estou bem - Ele sorri. - Ouvi você tocando mais cedo.

- Ah sim. Sua irmã insistiu - Digo, rindo - Não pude recusar.

- Poderia. Mas fico feliz que não o tenha feito. Você toca muito bem. Me encantou - Ele sorri.

- Vi você. Mas depois havia sumido - Digo, fingindo desapontamento.
- Sim, bem... - Ele passa a não pelos cabelos. - Meu pai havia me chamado, precisei ir. Mas estou aqui agora. Queria te ouvir de novo - Ele olha para mim.

Sorrio timidamente desviando o olhar. Ele mexia comigo de alguma forma.

- Acho que Esme deve estar precisando de mim - Digo, me levantando.

- Ela saiu? - Ele perguntou.

- Sua mãe a chamou.

- Ah sim - Sua expressão muda.

- Algum problema? - Pergunto.

- Ah não. Não. Tudo bem - Ele se recupera.

- Permita-me que eu a acompanhe - Ele me estende o braço.

- Ficaria honrada.

Caminhamos em silêncio até à escada que dava para o terceiro andar.

- Preciso resolver umas coisas. Se importa se não te acompanhar até lá em cima? - Ele dá um sorriso fraco.

- Claro que não. Por favor, pode ir - Sorrio gentilmente. - Obrigada pela companhia até aqui.

- O prazer foi todo meu. Sua companhia é sempre maravilhosa, Emerald - Ele dá um beijo suave em minha mão. - Até logo.

- Até logo, Anthony.

Ele se afasta e desaparece do meu campo de visão, mas não antes de se virar e me lançar um último olhar.

Fiquei parada nos degraus por alguns minutos antes de subir. Estava pensando em Anthony. Ultimamente, andava pensando muito nele. Não sei explicar o por quê. Ele desperta um sentimento forte em mim, e parece aumentar a cada dia.

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