Carta número 15

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Querida desconhecido,

Eu a observava já fazia um mês. Talvez eu fosse um maníaco obcecado por uma garota que eu mal conhecia ou conhecia até demais. Sabia algumas coisinhas sobre ela. Tal como quando está chateada, come até não aguentar mais. Descobri isso quando ela recebeu sua nota em redação, uma nota que não estava a altura de seu merecimento. Ela tinha se esforçado tanto para receber tão pouco. Ah sim, eu a via estudar, invés de estar estudando. Também sabia que quando tem vontade de chorar, ela morde o lábio e fecha os punhos. Uma pequena mania que possuiu depois de fazer muay thai por três anos, uma coisa que ela fazia para controlar suas emoções. Acho que funcionou, mesmo que em alguns momentos ela perca o controle. Eu já a vi perder o controle, mesmo que ela ache que ninguém tenha visto. Eu estava lá, observando seus passos e suas respirações lentas. Eu com certeza a conhecia mais que seus amigos, que uma hora estavam lá para você, e em segundos, não estavam mais. Eu sei que isso a chateava, já a vi chorar por isso, acho que foi mais doloroso pra mim te ver chorar, do que a dor que causou suas lágrimas. Estava a observando nesse exato momento. Fingindo ler seu livro favorito, mesmo que já tenha o lido várias vezes para em algum momento em que ela prestasse atenção em mim, ter algo para comentar. Por coincidência, lá estava você, lendo o mesmo livro que eu. Sorrindo nas partes engraçadas... Como o seu sorriso era lindo. O som da sua risada parecia música, o tipo de música que eu escutaria para sempre e nunca me cansaria de ouvir. Talvez eu esteja apaixonado sem ao menos ter trocado uma palavra com ela, mas ninguém tinha conhecimento disso. Mesmo que eu tenha e isso seja perigoso demais, te amar parecia mais perigoso ainda.

Querido desconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora