2° dia.

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6.

Sadie.

    Acordo com o barulho do despertador soando.

Me sinto mais fraca que o normal, o que não é surpresa já que eu não como alguma refeição real ou descente a 48 horas.

Levanto e surpreendentemente agora que percebo que estou deitada em minha cama.

Devo ter pegado no sono e o Finn me trouxe para casa.

Desço as escadas com dificuldade, ao adentrar a cozinha me choco com tal cena.

Minha mãe tomando café da manhã com a última pessoa que eu queria ver tão cedo, Finn Wolfhard.

- Filha! - ela fala ao se virar rindo de algo besta que o menino falou provavelmente.

- Sadie! - ele fala, não consigo disfarçar a expressão de desdém e o mesmo fica desconfortável.

- Mãe, o que ele faz aqui? - pergunto grosseiramente.

- Modos Sadie, modos! - ela briga. - e ontem quando ele veio te trazer o convidei para tomar café da manhã conosco. -

O garoto está desconfortável e é notável, eu estou de pijama, com a cara amassada e o cabelo totalmente desarrumado 

Será que deu pra notar que não lavei o rosto? Ou que estou com meias da Barbie de quando eu era menor nos pés?

- Belas meias. - o rapaz indaga enquanto sento frustrada em uma cadeira.

Reviro os olhos.

Pego um copo encho de água, depois apanho um prato e coloco um pedaço de Flapjack, que possui 100g cada pedaço, 20g de gordura no total. 

Minha mãe e o doutor acha estranho eu querer saber a quantidade de calorias de todos os alimentos que como, mas eu não consigo comer nada sem antes analisar.

- Então amorzinho, quando terminar de merendar se arrume para ir pra reunião do grupo de apoio. - minha mãe fala, enquanto suplica pelos olhos que eu vá.

Por Deus, eu odeio a necessidade de ter que conviver com pessoas, as vezes me sinto um tipo de animal, sei lá, porque odeio minha espécie.

Odeio é uma palavra forte, mas no momento é a apropriada.

Termino de comer e não me atrevo a abrir a boca em nenhum momento para falar com o Finn ou com minha mãe.

Subo as escadas e os deixo conversando.

Me banho rapidamente e visto uma roupa qualquer, tomo meus remédios controlados.

Depois do ocorrido minha mãe passou a deixar a quantidade de remédios certa em minha prateleira toda noite enquanto durmo.

Abro uma gaveta para pegar um elástico de cabelo e encontro uma carta que fiz antes de tentar me matar e começo a ler.

Carta para quem quiser ler, em especial para você mãe.

Primeiramente queria dizer que você não é e nunca será a culpada por eu ter feito isso, seu eu voltar ou não saiba que sinto muito, você merecia uma filha saudável e melhor.

Por segundo, digo que o motivo de eu resolver tomar essa decisão é pela convivência em uma sociedade tóxica.

Ser chamada de gorda me deixou anoréxica? Receber apelidos e escutar risadas quando eu falo algo me deixou depressiva? Não ter uma família estável me deixou triste? Sinceramente não tenho respostas para essas perguntas e muitas outras, pedi socorro de várias formas discretas, não fui ouvida.

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