CAPÍTULO V

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CINCO

"Você não pode mergulhar em
águas rasas, mas também não pode
mergulhar em águas fundas demais.
Pare um pouco com essa mania de pensar
que você precisa do melhor, ou de muito.
Tudo na vida que é demais ou de menos,
faz mal. Cuidado para não se afogar".


Entrei na sala já atrasado, sentei em meu lugar e me mantive calado durante todo o período. Liv jogou algumas bolinhas de papel que provavelmente continham deboches sobre a professora mas, não fiz questão de abrir.

A professora fingia que os alunos nem existiam e o barulho de risos e conversas altas já estavam me deixando tonto. Mal senti a aula passar, provavelmente porque acabei dando algumas cochiladas e, fui perceber ao ouvir o sinal tocar.

– Eu só quero que diga que é loucura da minha cabeça, e que você jamais colocaria o bilhete da Margot no armário do Adam. – segurei o pulso de Liv puxando a mesma para perto de mim enquanto os outros saiam da sala.

Olhei para os lados para me certificar de que ninguém ouvia e ela deu um daqueles sorrisinho maliciosos.

– Eu sou um gênio não sou? Eles terminaram? Agora o caminho está livre pra você bonitão. – A soltei assim que ouvia os absurdos pronunciados sem a mínima culpa.

– Você é louca! Meu caminho está livre para o céu, ou para o inferno né. Eles continuam juntos e o Adam não vai descansar enquanto não souber para quem era aquele bilhete, estou morto você sabe disso né?

– Como assim continuam juntos? Babe, eu só queria ajudar.

– Então para de tentar, Olivia. As vezes é melhor se contentar com o que a gente tem. Quanto mais mexer na merda, mais vai feder. – Passei por ela e, vi que a mesma começou a lacrimejar mas me mantive firme e sai deixando-a sozinha.

Margot não era lá das melhores opções para mim, e sei que mesmo sabendo disso Olivia tinha feito o que fez na intenção de acabar juntando nós dois, mas contentar-se em não ter algo pode trazer menos dor de cabeça do que lutar por aquilo.

Além de todo o transtorno e cansaço mental que eu estava naquele dia, ir para casa não era uma opção por conta do treino depois da aula e, eu sabia que não teria como escapar de ver a cara do otário do Adam durante algumas horas.

– Você é burro, baixinho? Não está me vendo? – Tombei no chão após esbarrar nele em uma disputa de bola - arruma uma mulher pra fortalecer esse seu corpinho.

E um coro de risos explodiu no ginásio quando todos resolveram fingir que a piada idiota foi engraçada. Tentei respirar fundo e engolir a raiva, mas falhei.

Corno. – Me arrependi assim que terminei de falar.

De repente o silêncio tomou conta do ambiente e aparentemente todos ficaram esperando a reação do Adam que congelou por longos segundos.

– O que você disse?

E não tinha mais volta, se você for levar uma surra,– mesmo que essa surra seja moral – faça isso com honra.

– Além de corno você é surdo? – Levantei o mais rápido que pude e parei bem próximo dele.

Tentava com todas as forças manter o semblante sério, mas conseguia sentir minhas pernas adormecendo e minha pressão caindo na medida em que cada segundo se passava. Pude ver em câmera lenta ele erguer aquele braço enorme e socar meu rosto logo antes de apagar.

NÃO SIGA ESSAS REGRASOnde histórias criam vida. Descubra agora