Quatro

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SINA

Os meninos foram embora e senti o ambiente vazio, tedioso e estranho. Não vou dizer que não preferia ter passado um momento somente com Yoon, entretanto, foi bem divertido conhecer os amigos de Noah, e sinceramente, eu os adorei. São ótimas pessoas, bastante simpáticos.

Eu estava tomando água quando me sobressalto ao ver Noah vindo em minha direção.

— O que aconteceu? — pergunto com as sobrancelhas erguidas.

— Não vá achando que somos amigos, que você me conhece e que podemos sair juntos depois de hoje, beleza?

Quê? Que cara bipolar!

— Saiu do seu quarto só para me avisar isso? Nossa, você devia estar sem nada para fazer. — zombo e me viro para botar o copo na pia.

Ele segura meu braço e levo meu olhar para sua mão, que de imediato entende e a tira dali.

— Eu estou falando sério. — seu maxilar tranca na mesma hora.

Ótimo, então não teremos paz aqui dentro, porque ele decidiu entre outras opções mais amigáveis, ser um imbecil. Não me incomodo de ser uma também, ele que se foda. Surtado!

— Tá certo, cara. Não encoste mais um dedo em mim, ok? Não tenho culpa por você não querer se permitir a fazer novas amizades, ou você é aqueles problemáticos que se deixam afetar por conta do passado? Você é sem noção, merece ser tratado como trata as pessoas. Se enxerga!

Não deveria ter falado isso, me empolguei e disse mais do que devia, nem sei se ele passou por algo mesmo ou sei lá. E se passou, deve ter seus motivos para não ter superado. Acho que fui mais babaca do que pretendia ser, pois a fúria tomando conta de seu rosto agora me indica que eu acertei em cheio. Admito que o arrependimento está me consumindo rapidamente, nunca me deixo levar a ponto de ser tão desnecessária, mas ele tira minha paciência sem muito esforço.

— Não se meta na minha vida, você não sabe de nada. — sem me dar tempo de retrucar, ele volta para seu quarto e eu fico parada, boquiaberta, tentando entender o que acabou de acontecer.

Desisto de tentar me dar bem com esse garoto e só estamos a dois dias aqui. Com passos fortes entro em meu quarto e respondo meus amigos, incluindo os novos — os de Noah. Era meia noite quando escuto uma garota dentro do quarto de Urrea, gemer. Ele estava me testando, só pode. Para o desapontamento dele, irei ignorar, não vou me deixar levar por isso. Peguei meu notebook e coloquei uma playlist para tocar no YouTube. E eu juro que tentei não fazer nada, mas aqueles berros estavam me dando nos nervos. Ou ela era forçada, ou aquilo estava bom demais. Sinto muito em ter que atrapalhar essa palhaçada. Ou não...

Saí do meu quarto e fui até a porta de Noah, batendo forte com meu punho, freneticamente, como ele havia feito na minha ontem. Parei e percebi que eles se calaram. Estão esperando eu desistir, mas isso não vai acontecer. Bati de novo, de novo e de novo.

— Puta merda! Dá para você me deixar em paz? — Noah aparece enrolado no lençol, da cintura pra baixo.

Empurrei a porta e ele se afastou, cambaleando pra trás. Olhei a garota deitada na cama, os lençóis bagunçados e sorri com toda a falsidade possível que pudesse enviar.

— Acabou a festa, flor. Você precisa daqui agora. — digo e ela olha para Urrea, esperando que ele faça algo. — O apartamento também é meu, temos regras e ele está violando uma delas, de propósito. Faça o favor de se retirar. —explico.

— Você não pode fazer isso, é o quarto dele, para de ser louca. — finalmente abrindo a boca, diz.

Por mais que seja nojento e horrível escutar eles dois, ela está certa, é o quarto dele e o que ele faz aqui eu não tenho que me meter. Mas, acho que estou no meu direito de ao menos pedir silêncio, eu também moro aqui.

Mistake | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora