Dez

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SINA

Fecho o livro, marcando a página com um papel resistente fosco. Arqueio minhas costas para me espreguiçar um pouco e estico as pernas, que doem por ter permanecido paradas por muito tempo. Olho o relógio do celular e faltando dez minutos, junto minhas coisas da mesas e vou para o campo, não aguentando a ansiedade. Chego nas arquibancadas e me sento quase lá atrás, observando os garotos na grama, colocando o capacete e fazendo uma roda para provavelmente ditarem as estratégias e o que irão fazer ao começar. Vejo Any, Josh e Shivani virem onde estou e me afasto, para eles se sentarem.

— Finalmente você apareceu. — digo para Shiv que passou o intervalo concluindo umas tarefas incompletas. — Cadê a Heyoon e o Lamar? — questiono ao notar que eles não chegaram.

— Eles disseram que vão vir depois, ou seja, não virão. — Shiv responde e o som indicando que o jogo vai começar chama minha atenção para o gramado e os meninos.

O time rival começou com a defesa, encarando os jogadores que estavam a sua frente. Um apito soou pelo local e o time adversário correu para cima deles enquanto eles tentaram conquistar quantas jardas conseguissem para inciar a campanha. A correria era absurda e vi Chris segurar a bola jogada em sua direção. Sinto meu coração acelerar e proíbo um possível gritinho de nervosismo e ansiedade sair. Faço força nas mãos contra o assento, até os nós dos dedos ficarem brancos. Surge uma careta em mim ao ver, agora, o moreno no chão, com outro cara em cima de si. Xingo baixinho e antes que eu perceba, ele já está de pé, como se não tivesse acabado de ser esmagado e dali, os atacantes entram formando uma fileira prontos para a campanha ofensiva.

Perco a noção do tempo e me empolgo com cada jogada. Desisti de me segurar e estou de pé, gritando por eles, para irem mais rápido e ganharem essa merda. Na primeira jogada eles passaram quatro jardas e só na segunda passaram sete, ganhando mais quatro chances para alcançar mais dez jardas. O jogo desanda do nada por estarem longe da endzone e ainda faltar duas jardas para dez, e o kicker tenta o field goal. Ele chuta a bola com força e habilidade, me causando uma sensação de aperto no peito até eu ver ela passar pelo Y amarelo. Três pontos ganhos. Isso!

Depois de desacertos, trocas na posse da bola, finalmente agora estava com Santa Monica e observei Chris começar a correr ao pegá-la e gritei seu nome, cruzando os dedos, rezando para que ele consiga ficar mais perto. Se ele conseguir passar a endzone, o jogo acaba. Todo mundo está tenso e eufórico quando meu amigo se arrisca e corre com a bola bem colada em seu tronco, agarrada por seus braços. E ultrapassando o risco, uma multidão estremece. Touchdown. Olho para os pontos e, por conta dele, Santa Mônica ganhou o jogo. Gritos e uivos são escutados por todos os lados, inclusive de Josh, que está feito um louco, enquanto Any está sentada tampando os ouvidos. Shiv está rindo e eu continuo em pé, sorrindo e acalmando meus batimentos cardíacos. Após um tempo, descemos e as arquibancadas já começaram a ficar vagas. Ficamos afastados do campo e do tumulto, para que eu aguardasse Chris que tinha me visto de longe e pediu para que eu esperasse ele com um aceno de mão aberta, mostrando-me sua palma coberta pela luva.

— Caramba, esse jogo foi foda, porra. — Josh comenta animado e eu concordo, sem conseguir tirar o sorriso do rosto.

— Sim, homens correndo de um lado para o outro, todos suados, se jogando em cima dos jogadores e passando uma bola é super foda. Espetacular! — rio de sua ironia e irritação por ter sido obrigada a vir assistir o jogo com o namorado.

Era isso ou nada de sexo, de acordo com o que Shivani me disse. Achei que essa chantagem era mais fácil para nós mulheres usarmos. Homens estão, praticamente, toda hora a fim de transar. Se bem que, ultimamente, eu estou desse jeito, então, eu entendo a Any.

Mistake | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora