Mistake | Noart

Vinte e Cinco

SINA

Surpreender o Krystian foi uma boa. Eu realmente precisava de respostas sobre a sua última vez comigo e as meninas, assim como necessitava de sua palavra amiga, de um apoio e conselhos. Então, após entregar San em casa, sã e salva, decidi vir até aqui. Agora nós nos encarávamos, liberando tempo para que ele assimilasse tudo e se pronunciasse sobre o que lhe deixei saber. O que aconteceu e como fui tratada por Noah.

Seus olhos piscavam com lentidão e suas íris começaram a desviar pelo cômodo. Ele respirou fundo e eu me mexi no sofá novo que ele, Yoon e Shiv compraram, já que começaram a morar juntos tem pouquíssimo tempo, indo contra seu planejamento de saírem da casa de seus pais apenas próximo ano. Teria sido ótimo se eles tivessem feito isso quando eu precisava de um lugar, ter algum deles se voluntariando a vir comigo. Sobretudo, eu não conheceria Urrea e isso faz meu coração doer só de pensar. E ficava feliz por eles estarem conquistando aos poucos, tudo que querem, no seu próprio tempo.

Cruzei as mãos e segurei meu joelho da perna de cima que estava enlaçada com a outra, pronta para ouvi-lo.

— Bom, durou mais do que eu pensei que duraria. — deixei minhas mãos caírem em decepção por ter recebido aquelas palavras.

— Como assim? — quis saber, dobrando os braços abaixo dos seios.

— Você sabe... eu pensei que seria antes de uma semana para ele te tratar mal, mas vocês já fazem o quê? Um mês juntos? — arqueei minhas sobrancelhas e lambi os lábios antes de corrigi-lo.

— Um mês e quase uma semana.

— Uau... — fechei a cara e semicerrei os olhos para ele que entendeu de imediato o início da minha irritação. — Desculpa, não pude deixar de reparar nisso. Mas se serve de consolo, você sabe que ele vai voltar e pedir desculpa logo, logo. — soltei um suspiro pesado.

— Obrigada, ajudou muito. — me levantei e decidi que seria melhor pararmos ali, pois ele não levava a sério o que eu tinha com Jacob e só iríamos brigar mais ainda. Voltaria outro dia para conversamos.

Quando me pus a andar, ele chamou minha atenção.

— Acho que para podermos conversar melhor, eu preciso me justificar. Sobre o dia da sorveteria. — o encarei por uns segundos e assenti, voltando a me sentar. — Eu sei que fui um péssimo amigo, só que eu não consigo achar que certas atitudes que ele tem, são boas. — puxei uma almofada para cima das minhas pernas e as cruzei sobre o sofá.

— E você acha isso por...? — insisti e ele coçou sua sobrancelha esquerda.

— Você lembra do Erik, certo? — concordei com a cabeça, tentando descobrir aonde ele queria chegar citando uma pessoa antiga e sem sentido no assunto. Pelo menos por enquanto.

— O cara que nós dois estávamos a fim ao mesmo tempo. Lembro sim. O que que tem ele?

— Quando ele mostrou desinteresse em você, eu corri atrás. E, bem, eu consegui. Eu achei ótimo ter conseguido "converter" o hétero gostoso e, assim, nós continuamos ficando escondido. Só que ele me tratava justamente como o Noah trata você. Ele fazia uma merda, vinha pedir desculpa e depois de estarmos bem, de eu ser idiota o suficiente para acreditar em suas mentiras, ele fazia a mesma coisa de novo e de novo. Ele me xingava, dizia que eu tinha que parar de ser tão legal com alguns caras porque parecia que eu estava querendo algo mais e eu obedecia, achando que acabava dando impressão disso mesmo sem querer. E isso durou até ele me humilhar na frente dos seus amigos. — Krys já não olhava mais para mim, só para o chão e eu sabia que ele se sentia mal contando isso, relembrando. — E só depois disso eu vim perceber que eu tinha escondido até mesmo de você que eu estava com ele, e isso me fez sentir culpa, não sei se foi por esconder ou se tinha medo de fazer você ficar estranha comigo por eu ter ficado com ele. Você era bem mais a fim dele do que eu e eu nem sequer me importei em lhe avisar o que estava fazendo. — seus olhos subiram para se encontrar com o meu e eu vi arrepedimento cintilar ali, enchendo meu peito de pena.