Vinte

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SINA

Uma semana se passou para que eu finalmente decidisse ir na casa da minha mãe. Avisei a ela por ligação um dia antes e pude jurar que outra vez ela falava comigo com empolgação, isso seria por não morar mais comigo? Eu a incomodava tanto assim?

No entanto, ela disse que estava me esperando ansiosamente. E eu duvidava desse seu bom humor repentino para cima de mim.

Desde aquele dia, que teve uma parte desagradável por eu saber que Jacob tinha mentido para mim, eu ignorei falar sobre, pois também percebi que isso tinha muita probabilidade de fazer parte do seu passado e eu não o forçaria a me contar. Então, jogando para longe a minha curiosidade e a pitada sentimental que cresceu de um lado por acreditar que ele não confiava em mim para desabafar, eu fiquei quieta, como se nada tivesse acontecido.

Agora eu não podia mentir que fiquei confusa, aliás, essa Ester existe ou não? Quem era Wendy? Era realmente sua mãe ou o quê? Nada se encaixava na minha cabeça. Não conversamos muito sobre sua família, ao contrário de mim que já tinha contado tudo, pois não vejo problema em dizer a ele a merda de pais que tenho. Contudo, se essa mulher o afetava de uma maneira ruim, eu preferia continuar com a ambiguidade na minha mente do que interferir na sua vida e chateá-lo.

Eu estava pegando minha chave e dinheiro, para pegar um uber e, por fim, ver Alex e San novamente. Embora eu tivesse saudade, eu não tinha o intuito de aparecer mais ali, não queria insistir em visitar uma pessoa que só me quis afastar de lá. Era contraditório todo seu júbilo em me ver.

Era sábado e eu não tinha a mínima ideia de onde o Jacob podia estar em plena às nove da manhã, muito menos tinha direito de perguntá-lo onde ele estava. Só estamos ficando, não vou cobrar algo dele que não há sentido em ser feito. Esperei o carro chegar para sair debaixo da sombra e caminhar para dentro do veículo de cor prata. Não era algo demorado, chegar até a casa da minha mãe, apesar disso, os inúmeros sinais ao longo da estrada que, por azar, sempre estavam no vermelho quando nos aproximávamos, fez com que custasse entrar na rua informada ao motorista.

Minutos depois ele parou em frente a casa pequena e eu o paguei, descendo do automóvel e caminhando depressa até a porta. Queria fazer essa visita a mais rápida possível. Bati mais algumas vezes e uma garota desconhecida abriu. Me afastei com um passo para trás e olhei para casa e o número, confirmando se vim na certa.

Limpei a garganta antes de perguntar: — Quem é você?

A garota abriu um sorriso simpático.

— Berenice, mas todos me chamam de Bee. — não retribui o sorriso para a adolescente e ela aos poucos acabou com a felicidade expressa em sua face. — E você?

— Sou Sina. — mantenho a acidez na voz e ela dá um pequeno sorriso.

— Ah, claro. Pode entrar, estávamos esperando por você. — seu corpo foi para o lado, me dando espaço para entrar na minha antiga moradia.

Observei ao redor, notando que continuava a mesma coisa de sempre. Quando cheguei na sala, San estava deitada, com as pernas apoiada no braço do sofá e lia algum livro. Peguei a almofada que tinha sido esquecida no chão e joguei em cima dela, sorrindo antes mesmo que ela virasse para mim. Seus olhos passaram de indignação para surpresa. Ela se levantou e veio correndo me abraçar. Envolvi ela em um aperto forte e cheio de saudade, beijando o topo da sua cabeça.

— Pensei que você não viria. — ela murmura, abafada por causa da minha camisa.

— E perder a chance de rever a garota mais irritante do mundo? Nunquinha. — zombo e ela se afasta, rindo e empurrando devagar o meu braço.

Mistake | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora