Mistake | Noart

Nove

SINA

Duas semanas se passaram, quartoze dias sem tocar no assunto daquela tarde, me tocando algumas noites me imaginando com Noah e me amaldiçoando por ainda desejar ele. No mesmo dia ele trouxe outra garota e levou para sua cama, não se importou com o que tínhamos feito, apenas se satisfez com outra, me fazendo escutar sua diversão barata e nojenta. Deveria esperar isso, afinal, homens do tipo dele eram atenciosos com a mulher quando pretendiam levá-las para cama. A diferença foi que ele nem chegou a me levar para uma para agir como um otário. E também não devia me surpreender, já que antes de quase trepar comigo no sofá, ele estava com outra, talvez a mesma que veio mais tarde.

Devo assumir que a noite tornou as coisas mais fáceis para eu, de fato, esquecer a possibilidade de tentarmos algo. E como já era esperado, ele portou-se normalmente na manhã seguinte e por mais que eu quisesse evitá-lo, não quis demonstrar que ele ter ficado com outra me deixou sentindo alguma coisa que não quero admitir. Estou me sentindo péssima. O porquê? Sei lá, não importa. Ou importa? Fui descartada por ele. Talvez ele só não tenha me curtido ou só apenas decidiu escolher alguém diferente.

Fazia tempo que não me sentia insegura, após isso, me questionei algumas vezes se tinha sido minha culpa, se meu corpo não tinha o agradado. Um puta pensamento idiota. O problema não foi ele ficar com outra, foi ele ter ficado comigo naquele mesmo dia e sabendo que eu iria facinho para sua cama, optou por chamar outra. Aquilo me abalou pois nem sequer me lembro de levar um fora assim. Entretanto, apertei o botão do foda-se e decidi focar na minha faculdade. As aulas já tinha começado e eu precisava de foco, os professores já deram início nos mandando para o inferno.

E sendo sincera, minha proximidade com o Noah agora estava bem melhor, tínhamos saídos juntos com nossos amigos e até mesmo a sós, conversado sobre nós, sobre nosso dia, afazeres... Posso dizer que passamos de fase. De conhecidos-inimigos para, enfim, amigos. Ele me explicou um pouco mais sobre ter agido como um babaca e eu entendi seu lado. Problemas antigos com pessoas, lhe causaram desconfiança nas futuras em sua vida. Tive que me desculpar mais de uma vez por ter o chamado de problemático para que minha consciência parasse de pesar.

Também cheguei a vê-lo indo para uma clínica faz dois dias e ele falou para eu me sentir importante, pois era uma das poucas que agora sabia que ele tinha encontros com psicólogo. Seu tom teve um pouco de mistura de constragimento e brincadeira, mas sabia que se ele pudesse, apagaria isso da minha mente, para que eu tivesse ideia disso. Não soube o motivo, ele disse que ficava para próxima e eu respeitei sua decisão, mesmo me corroendo de curiosidade para saber a razão dele precisar disso. Só que isso é no tempo dele, ainda estamos ganhando a confiança um do outro a cada dia que passa. Vamos manter a calma.

Tinha saído de casa e encontrei, por acaso, meu amigo e parceiro de apartamento no campus. Estávamos conversando um pouco e ele me sujou, propositalmente, de sorvete. Fiz uma careta e limpei o doce gelado em minha bochecha e esfreguei em seu braço.

— Idiota. — ele riu e usou o guardanapo para limpar onde eu o tinha melado.

— Então só iremos amanhã mesmo? — Jacob perguntou querendo ter a confirmação sobre irmos apenas amanhã para a sorveteria que ele dizia ser a melhor.

— Sim. Você disse que hoje não estava com vontade. — revirei os olhos, o recordando e ele concordou com a cabeça.

— Verdade. — ele olhou seu relógio de pulso e se levantou rapidamente. — Merda, minha aula vai começar. Vejo você depois. — recebi uma piscadela e sorri para ele, me levantando do meu canto.

Voltando para minha rotina, hoje era aula de metabolismo energético e a voz irritante do professor ao entrar na sala ampla, chamou minha atenção e a do resto. Ele pegou o pincel e começou a escrever no quadro algumas coisas, anotei tudo, é importante copiar até os mínimos detalhes. Fiquei esperando sua explicação duradoura acabar para poder ir comer.