Internação

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Kate

Estava na cozinha tentando fazer um bolo. A ideia nem tinha passado pela minha cabeça até Brooke aparecer com aquela carinha irresistível, pedindo como se fosse o maior sonho do mundo. Como dizer não?

Peguei os ingredientes no armário e fui colocando tudo sobre a pia. Sarah tinha saído com Jessie, então eu estava sozinha. Peguei a batedeira, que já estava encostada no canto, e comecei a misturar as coisas: farinha, ovos, açúcar, manteiga... Tudo junto ali, meio na intuição mesmo. Liguei a batedeira e deixei batendo enquanto arrumava a forma.

— Já acabou? — Nathan apareceu na cozinha com Brooke no colo.

— Ainda não. — respondi, dando de ombros enquanto lavava a forma.

— Mamãe vai demorar? — Brooke perguntou, e Nathan a sentou no balcão, ficando ao lado dela.

— Acho que não muito, pequena. — falei enquanto untava a forma. Dei uma última conferida na massa e despejei tudo ali dentro, levando ao forno.

Me sentei em frente à bancada, entre as perninhas da Brooke.

— Vai estar gostoso? — ela perguntou sorrindo, me arrancando uma risada leve.

— Eu espero que sim. — falei, rindo.

— Essa eu não perco por nada. Bolo da Kate! — Nathan disse, fazendo graça. Dei um tapa de leve na perna dele e ele riu. — Tô brincando, amor. Vai ficar uma delícia.

— Mentiroso. — retruquei, e Brooke caiu na risada.

— Papai é mentiroso! — ela cantarolou, me fazendo rir mais ainda.

— Que isso, menina? Olha o respeito, pirralha. — Nathan disse, e ela riu fraquinho. Brooke e ele pareciam mais irmãos do que pai e filha. Se não fosse pela semelhança física, ninguém diria que eram pai e filha. Eram duas crianças brincando.

— Desculpa, papai lindo. — ela disse, e eu ri mais ainda.

— Papai lindo? — perguntei, arqueando a sobrancelha.

— Eu disse pra ela se desculpar assim comigo. — Nathan respondeu, dando de ombros com um sorriso.

— Não acredito que você tá ensinando nossa filha a mentir.

— Hã?

— Brooke, não precisa falar isso. Se quiser dizer que seu pai é feio, pode falar, eu deixo. — falei, e Nathan me lançou um olhar indignado.

— Eu sou mais do que bonito. — disse ele, todo convencido.

— Você se acha demais. — falei, rindo baixo.

— Já tá pronto, mamãe? — Brooke perguntou, impaciente.

— Ainda não. — respondi, e ela suspirou como se o mundo tivesse acabado.

Ficamos ali conversando por um bom tempo. Eu ria das besteiras que o Nathan fazia Brooke repetir, e ela, tão ingênua, seguia tudo. Até que o forno apitou.

Fui até lá, animada, e tirei o bolo. Brooke se iluminou de alegria. Mas assim que olhei direito pra massa... Quase ri.

— Tá pronto, mamãe? — ela perguntou, empolgada.

— Acho que sim... — respondi, incerta, olhando de novo praquilo e depois pra ela.

— Deixa eu ver. — Nathan se levantou, se aproximou e olhou para a forma. — Que merda é essa?

— Era pra ser um bolo. — falei, ainda encarando a massa murcha e meio queimada nas bordas.

— Kate, isso tá horrível. — ele riu. Idiota.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora