– Eu preciso que você arraste sua cadeira até aqui e me dê a sua mão. – Eu falei e Amber o fez mesmo confusa.
– Ok, mas por que você precisa da minha... uou. – Ela falou assim que eu a toquei.
– Você passa muito tempo com Sebastian. – Eu falei sorrindo.
– O que você está fazendo exatamente.
– Absorvendo a energia dele que foi depositada em você, assim eu posso fazer passar o efeito da droga que essa maldita colocou no nosso sistema. – Eu falei como se fosse óbvio.
– Como assim você pode fazer isso?
– Amber outra hora eu te explico querida. – Eu falei conseguindo força suficiente para soltar as amarras da mesa.
Eu e Sebastian temos essa conexão desde que nascemos, quando eu digo que somos basicamente a mesma pessoa é por isso. Nós compartilhamos sentimentos, energia e algumas vezes pensamentos. As vezes é um saco, mas nós temos que nos manter próximos porque de acordo com Nana, nossa avó, dividimos a mesma energia. Nós nascemos prematuros e só começamos a demonstrar melhoras quando Nana pediu para que nos colocassem juntos na mesma encubadora.
Nana sabe das coisas, ela é uma bruxa e a única pessoa em ambas as famílias que aceitou o relacionamento dos meus pais. Ela entende, afinal, o marido dela era humano por isso mamãe e uma feiticeira e não uma bruxa.
– Ok, agora eu preciso que você colabore comigo. – Eu falei segurando Amber pelos ombros. – Eu preciso que você faça barulho para atrair os guardas aqui.
– Mas... e se ela vier junto? – Ela perguntou nervosa.
– Ela não vai, confie em mim.
– Ok. – Ela falou começando a fazer barulho.
Assim que ouviram dois dos guardas entraram na sala, Amber estava muito assustada e fraca para fazer qualquer coisa e eu gostaria de poder bater nela por isso. Eu consegui imobilizar um deles com um golpe que Harry me ensinou, com o outro foi bem mais rápido eu já estava aquecida ele nem teve tempo de encostar em Amber.
– Obrigada. – Ela falou baixinho.
– Eu posso não gostar de você, mas meu irmão gosta e isso faz de você família. E nós protegemos a família. – Eu falei arrastando ela para fora da sala.
O lugar parece um labirinto cheio de portas e celas, eu já estava começando a desistir de encontrar a saída quando comecei a ouvir o som de carros. Precisei me concentrar, fechar meus olhos, respirar fundo e ouvir de onde vinha o barulho. Quando finalmente descobri, arrastei Amber naquela direção, mas como nada na vida é fácil, nós demos de cara com os outros dois guardas. E esse não estavam de brincadeira, eles tinham armas e estavam dispostos a usá-las.
– Droga!! – Eu falei puxando Amber pelo braço e correndo na direção contraria.
– Eles vão pegar a gente, nós estamos ferradas. – Ela falou nervosa.
– Eles não vão pegar a gente, nós vamos sair daqui e salvar todo mundo. – Eu falei entrando em uma das salas e fechando a porta. – Ok, agora eu preciso que você fique quietinha. Não faça nada além de ficar encolhida naquele canto. – Eu falei apontando para o canto escuro da sala. – Você pode fazer isso por mim?
– Si.. sim. – Ela respondeu assentindo com a cabeça freneticamente, não posso culpa lá por estar assustada, é a primeira vez dela em uma situação como essa, mesmo que na academia eles nos ensinem tudo a gente só sabe como agir quando realmente está no meio da situação. E o pior é não poder se transformar porque está sob o efeito de uma droga desconhecida.
Alguns minutos se passaram quando eu ouvi passos vindo em direção a porta, quando ela foi aberta eu nem pensei muito, apenas deixei a besta tomar conta de mim e me transformei. Eu não estava totalmente inconsciente como das outras vezes eu podia decidir o que estava fazendo e tomei a única decisão que salvaria nós duas, eu matei eles. Quando voltei a minha forma normal eu estava coberta de sangue, nesse momento lembranças tomaram conta de minha cabeça. Lembranças do dia em que perdemos Adam, o dia do massacre no ninho de vampiros. Eu estava perdida nessas lembranças quando ouvi Amber falar comigo.
– Você... você matou eles. – Ela me encarava com os olhos arregalados.
– Nossa Stella, muito obrigada por salvar minha vida. De nada Amber foi um prazer matar por você. – Eu falei sarcástica.
– Me desculpe. – Ela falou envergonhada. – Você está bem?
– Eu acabei de matar dois homens, com as minhas próprias mãos, como você acha que eu estou. – Eu falei pegando ela pelo braço e saindo da sala.
Conseguimos chegar até a saída, demoramos um tempo para conseguir abrir a porta e quando eu finalmente abri, Tereza estava vindo no fim do corredor com os outros dois capangas.
– Eu não vou conseguir sair daqui e carregar você comigo, você está muito fraca. – Eu falei segurando os ombros de Amber. – Por isso eu preciso que você corra o mais rápido que puder na direção da lua.
– Não, Stella eu não vou sair daqui sem você. – Ela falou negando com a cabeça enquanto assimilava tudo que eu havia dito.
– Você vai sim, eu vou segurar eles e ganhar tempo pra que você consiga chegar até a rodovia. Quando encontrar meu irmão diga pra ele me deixar entrar, ele vai entender.
– Eu não posso, se eu deixar você aqui Sebastian nunca vai me perdoar.
– Claro que ele vai, aquele idiota te ama.
– Eu vou voltar por você. – Ela disse me abraçando e correndo em direção a floresta.
– Diga aos meus pais que eu os amo. – Eu gritei fechando a porta e indo em direção a Tereza e seus capangas.
Eu os segurei o máximo que consegui, mas Tereza é esperta. Ela esperou até que eu estivesse cansada e me acertou com um daqueles malditos dardos. Eu senti meu corpo pesar e apaguei, quando acordei estava novamente amarrada a mesa.
– Stella, você foi uma menina muito, muito má. Você matou dois dos meus meninos, e mesmo que eu goste muito de você eu não posso deixar isso impune. – Ela falou alisando alguns bisturis.
– Me de o seu melhor. – Eu falei sarcástica.
– Esse é o espírito garotinha, mas eu sei que você não se importa em ser machucada. Igualzinha ao seu pai. Por isso a brincadeira vai ser diferente. – Ela falou sorrindo. – Brad traga o garoto. – Ela falou para o capanga que assentiu e trouxe Ryan amarrado em uma mesa como a minha.
– Não, ele não fez nada, deixe ele em paz. Por favor. – Eu falei com os olhos cheios de lágrimas.
– Eu nem comecei ainda, guarde suas lágrimas para quando o final querida.
– Por favor não faça isso, eu matei os seus meninos, eu mereço se punida não ele.
– Ei Stella, vai ficar tudo bem ok. Não vai ser a primeira vez. – Ryan falou com um sorriso, ele estava mais magro e com aparência cansada.
– Me desculpe. – Eu falei fechando os olhos. Enquanto ouvia seus gritos.
Quando ela terminou com a minha punição, nos deu mais uma dose da droga que estava neutralizando nossos poderes e então, nos levou para uma cela grande onde estavam os outros.
Todos machucados, magros e com a mesma aparência cansada de Ryan.
– Quem é essa? E porque ela está coberta de sangue? – Rebecca a garota bonita e delicada perguntou me encarando.
– Stella Melendez-Warstorm, muito prazer. – Eu falei estendendo minha mão, mas ela não retribuiu o gesto.
– Não ligue pra ela, apesar de estarmos presos aqui ela ainda age como parte da realeza. Muito prazer, eu sou Collin. – Ele é tão bonito quanto o pai, mas seus cabelos são cor de mel e os olhos mais claros.
– Nós somos Leslie e Gregory. – A garota asiática falou estendendo a mão e sorrindo. O rapaz apenas acenou com a cabeça.
– Eu sei que está sendo difícil para vocês, mas não se preocupem, a melhor equipe de Chicago está vindo nos salvar. – Eu falei sorrindo.
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