A decoração estava impecável. As flores em tons quente, de vermelho, pink, laranja e amarelo, contrastavam com as toalhas claras e davam um toque animado para a festa. Luminárias e velas estavam espalhados por todo o jardim, e na pista de dança luzes coloridas piscavam.
Meu vestido era lindo e simples, em um branco gelo. Sua saia é solta e nada bufante. Uma faixa na cintura marcava minha silhueta. O ponto alto da minha roupa era o decote profundo que o vestido tinha, e as mangas mais cheinhas e transparentes que iam até a altura do meu cotovelo.
Meu cabelo estava preso num penteado despojado, com uma tiara delicada.
Minha maquiagem era simples. Não quis nada carregado, dando destaque apenas nos meus lábios, que usava um batom avermelhado. Meus acessórios eram pequenos e discretos, com exceção à aliança grande e dourada que eu usava no meu dedo anelar esquerdo.
Tudo combinava com o tema da festa: casamento no campo.
A cerimônia tinha sido linda, e de certa forma emocionante. Depois, o jantar foi servido e a festa começou.
As pessoas dançavam, comiam, bebiam e conversavam. Todos ali pareciam muito animados com a ocasião. Mas acho que é normal em casamentos. Talvez esse é o objetivo desse tipo de comemoração.
Minha mãe usava um vestido verde esmeralda, da mesma cor de seus acessórios, contrastando com seu batom vermelho vivo. Ela conversava com alguns convidados de forma animada. Meu pai estava ao seu lado, com seu terno clássico preto e camisa branca, e mostrava a mesma empolgação que ela. Vê-los felizes me deixava um pouco melhor.
Se não fossem pelas circunstâncias, certamente eu estaria no meio da pista de dança, pulando e cantando todas as músicas que a banca escolheu.
Às vezes parecia que eu vivia no século retrasado, quando eram os pais que escolhiam o casamento dos filhos, pensando no que era benéfico para as famílias. Eu não conseguia entender porque meus pais tinham tomado aquela decisão, mas me segurava firma na ideia de que aquilo seria bom. Para eles, pelo menos.
Eu só queria poder acordar e ter sido tudo um sonho conturbado e estranho.
- Amiga, está tudo maravilhoso! – Anna, minha melhor amiga e minha madrinha, chegou ao meu lado, me tirando de todos os meus pensamentos.
Ela usava um vestido rosa claro, assim como todas as outas madrinhas. Sua maquiagem já estava derretendo e ela tinha alguns fios do seu cabelo grudados em seu pescoço pelo suor.
Pelo menos alguém estava se divertindo.
- É, minha mãe realmente se superou! – Sorri fraco.
- Você não escolheu nada, nadinha?! – Perguntou depois de beber um copo de água de uma vez. Respirei fundo olhando ao redor e tomei um gole do champanhe que estava na taça em minhas mãos.
- Bom, eu escolhi você como madrinha! – Olhei para ela. – E o meu vestido.
- Que é lindo, por sinal! – Sorri.
- Obrigada!
- E a viagem? Para onde vocês vão? – Ela me olhava com expectativa.
- Não teremos lua de mel. – Ela fez cara de decepção e eu revirei os olhos. – Anna, você sabe muito bem as razões desse casamento. E "amor" não está entre elas. Ter uma lua de mel seria ridículo. – Bebi mais um gole da bebida em minha taça. – Além do mais ele viaja na segunda-feira.
- É, eu sei. E eu sinto por você, amiga, de verdade. – Ela me olhou de forma doce. – Você sabe que pode sempre contar comigo, não sabe? – Assenti sorrindo. This Girl começou a tocar e ela soltou um gritinho. – Ai meu deus! Eu preciso dançar essa música!
Ri com sua animação e a vi correr para o meio da pista de dança improvisada no jardim. Voltei a analisar tudo a minha volta, todas as pessoas que estavam ali. Será que elas sabiam que era um casamento de fachada?!
- Eu sei que você não gostou de como as coisas foram feitas, mas será que poderia sorrir um pouco? – Ouvi a voz do meu pai e o encarei. Ele sorria de leve.
- É claro que eu gostei. Está tudo lindo e impecável. – Sorri.
- Eu não estou falando da festa, (S/N), e você sabe disso. – Assenti devagar e desviei meu olhar do seu. – Eu sei que pode ser difícil você ver isso agora, mas eu e sua mãe escolhemos o melhor para você, filha. Nós fizemos isso para o seu bem.
- Você já me disse isso... – Continuei olhando para frente.
- E eu espero que você realmente acredite e perceba isso. Nós amamos você, nunca de esqueça disso, filha. – Assenti devagar e coloquei a taça em cima da mesa.
- Eu vou cumprimentar algumas pessoas.
Sai andando devagar e passei a caminhar pelo jardim. Vez ou outra parava para falar com algum convidado ou tirar uma foto.
Uma das minhas primas mais novas, Helena, correu em minha direção com uma florzinha nas mãos. Ela me entregou a flor e disse que eu estava linda, que parecia uma princesa, igual dos filmes que ela via. Foi o momento que eu me senti mais amada, que eu senti a verdadeira preocupação e cuidado de alguém por mim. E ela só tem 6 anos.
Um flash forte foi disparado em nossa direção e eu olhei para de onde ele vinha. Oscar, o fotógrafo, tinha a câmera apoiada nos olhos e um sorrisinho nos lábios.
- Desculpa assustar vocês e atrapalhar esse momento. Mas vocês estavam lindas, (S/N)! – Sorri para ele.
- Ele tem razão.
Olhei para trás de mim e vi o dono da voz. Era Liam, meu marido.
- Vocês estavam lindas, e seu sorriso largo deixou a cena mais linda. Digna de uma foto, com certeza. – Ele disse sorrindo e se aproximou de mim.
Ele sempre sorria. Em todas as vezes que nos vimos, ele tinha um sorriso nos lábios, um humor ótimo e um otimismo invejável. Eu me perguntava se ele concordava com as coisas que estavam acontecendo, ou se, independente das circunstâncias, estava feliz com o casamento.
- É, crianças tem esse poder. – Sorri para ele.
Ficamos em silêncio, por longos minutos.
- A casa da sua família é linda. Não haveria lugar melhor para e festa!
- É, é linda mesmo. E a festa está linda também.
Engoli em seco. Eu nunca sabia o que falar para ele. E achava sempre muito constrangedoras nossas conversas. Agradeci mentalmente quando algumas pessoas se aproximaram de nós para se despedir.
Nos despedimos de todos os poucos convidados que tínhamos, e dos nossos pais. Todos nos desejaram felicidades nessa nova etapa da nossa vida.
Tudo que eu realmente queria, meu maior desejo era ser feliz, de verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pequenas Histórias.
RomanceAlgumas pequenas histórias de romance e finais felizes para sonhar acordado, em qualquer lugar e a qualquer hora! |+18|