#4 parte 2

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Eu aguardava meu café sentada em uma das cadeiras em frente ao balcão da cafeteria onde eu estava. Eu checava todos os meus e-mails e mensagens urgentes. Eu teria um dia e tanto no escritório hoje, e precisava de um café para me dar forças.

Depois que a atendente simpática colocou o copo grande de café na minha frente, agradeci a ela antes de guardar meu celular na bolsa e levantar.

Meu corpo trombou com outro, e eu quase fui ao chão. Respirei fundo quando vi quem era a pessoa em quem eu tinha batido. Ela me olhou e revirou os olhos.

- Além de roubar o meu namorado, você vai ficar esbarrando em mim o tempo todo?

Sua voz era fina e irritante. Ela rolava os olhos o tempo todo, e tinha os braços cruzados. Respirei fundo mais uma vez, e ergui meus lábios no sorriso mais falso que eu consegui.

- Me desculpe, eu estava distraída.

- Você é muito sonsa. – Ela berrou assim que eu me virei para ir embora. Parei imediatamente. Voltei e parei na frente dela.

- Ariella, eu não vou ficar aqui discutindo com você. Por favor, me esquece, e para de dar vexame em todo lugar onde acidentalmente nos encontramos. – Minha voz era tranquila, apesar de toda a minha irritação. – Se me der licença... – Me virei e sai em passos lentos.

- Você ainda vai me pagar por tudo que fez! – Ela disse alto, mas dessa vez eu não voltei.

Quando eu reencontrei o Thomás, ele estava namorando a Ariella. Isso me deixou arrasada, não posso negar. Mas eu não podia o julgar por ter seguido em frente.

Como Carine trabalhava comigo, eu tinha informações sobre ele quase que o tempo todo. Fora as vezes que ele vinha buscar ela, e nos encontrávamos.

Um dia, ela me contou que ele conheceu Ariella em uma festa qualquer. E que pouco tempo depois começaram a namorar. Segundo ela, no inicio do namoro ela era legal; mas depois, começou a ser chata, pegava no pé dele por tudo, não gostava que ele tivesse contato com ninguém, e tinha ciúmes até dela e da mãe deles.

Ela disse que Thomás não era o mesmo depois que começou a sair com ela. Ele estava infeliz no relacionamento, e ela duvidava que ele se mantivesse ali por gostar dela.

Eu e ele nos encontramos e conversamos algumas vezes. Em uma dessas vezes, ele me contou que tinha terminado. Falou ainda que a razão principal tinha sido eu.

Ele disse que caiu em si sobre o que tinha feito, e que tinha se arrependido. Ele disse que ainda me amava, e que nunca tinha me esquecido.

Era tudo que eu esperei ouvir durante anos da minha vida.

Voltamos a nos aproximar, e depois de algum tempo, reatamos o namoro.

Ariella é a típica ex que nunca superou o término do namoro, e faz de tudo para interferir no meu relacionamento com ele. Ela veio atrás de mim algumas vezes depois que eu e Thomás voltamos. Ela me xingou de todos os nomes possíveis. E, sempre que me vê, faz cena onde quer que estivermos.

Uma vez ela fez cena no meio da praça de alimentação do shopping, dá para acreditar?!

O caminho até o prédio corporativo foi rápido e sem trânsito. Passei pela catraca, entrei no elevador e, em segundos eu estava no andar do meu escritório.

- Bom dia, Laurinha! – Murilo, hoje um dos meus melhores amigos, me esperava de pé ao lado da porta da minha sala.

- Bom dia, Murilo! – Sorri para ele e entrei na minha sala. – O que deu errado dessa vez? – Coloquei minha bolsa em cima da minha mesa e olhei para ele. Ele tinha uma expressão de choque no rosto. – Você me chamou de "Laurinha"! – Disse com obviedade e sentei na minha cadeira confortável.

- O alvará para a construção da pizzaria do Paul Meyer no Bronx não foi expedido. Parece que encontraram algum defeito no projeto.

- E eu aposto que foi por causa daquela árvore que tem no meio do terreno. – Ele concordou e eu suspirei. – Tudo bem, eu vou ver isso com o Apolo. Obrigada, Mu!

Meu escritório tinha crescido muito nos últimos dois anos, o que era incrível. Era o meu sonho crescendo cada vez mais. Quando eu finalmente consegui abrir minha empresa, eu chorei de alegria. E não estou usando hipérbole!

Hoje minha equipe é maior, composta por três arquitetos, dois engenheiros e uma design de interiores, que é a Carine.

O dia foi longo, e a maior parte dele eu passei tentando apagar incêndios de construções, refazendo projetos e respondendo e-mails de clientes.

Quando eu cheguei em casa, todo meu corpo doía em resposta a tensão e stress que eu sentia. Um cheiro bom vindo da cozinha fez minha barriga roncar de fome, e eu corri para lá.

Thomás mexia em uma das panelas, e eu me aproximei dele e abracei sua cintura. Dei um beijo nas suas costas largas e ele se virou para mim sorrindo.

- Oi, amor! – Ele encaixou sua mão na minha nuca e me puxou para um beijo.

- Oi! – Minha voz saiu baixa, e dei mais um beijinho nos seus lábios. – Como foi no tribunal? – Me afastei dele para sentar em cima da pia, e ele se virou para ver a panela e desligar o fogo.

- Ganhamos o caso. – Ele respondeu com um sorriso largo, e eu fiz o mesmo.

- Isso explica o vinho... – Apontei para a taça em cima do balcão e ele concordou com a cabeça. – Mas eu sabia que você ia ganhar. Você é um advogado e tanto... – O puxei pela camiseta e ele se encaixou no meio das minhas pernas. Ele abraçou minha cintura e eu o beijei.

- O que você acha de ir tomar um banho para nós jantarmos? Fiz seu macarrão favorito. – Sorri.

- Inegável!

Saltei de onde estava sentada e corri para o quarto que dividia com Thomás. Peguei roupas limpas e corri para o chuveiro. O banho foi rápido, mas o necessário para me recompor.

Quando voltei para a cozinha, a mesa já estava posta. Depois que comemos, limpamos toda louça que sujamos.

- Como foi seu dia hoje? – Estávamos sentados no sofá, e ele fazia uma massagem nos meus pés.

- Foi cansativo, alguns projetos deram errado. Mas nada de mais. – Levantei os ombros. – E o seu? Além da vitória, é claro! – Ele sorriu. Deitei a cabeça para trás sentindo os apertões relaxantes que ele dava no meu pé.

- Ariella foi me procurar. – Levantei a cabeça e olhei para ele.

- O que ela queria?

- O de sempre. – Ele suspirou. – Dizer que ela ainda me ama, que ela faz de tudo para voltarmos, que ela mudou, que vai ser diferente...

- Eu encontrei ela hoje, na Babington's. Ela tentou fazer escândalo, mas eu sai de lá antes que ela começasse. Mas, sabe, eu entendo ela.

- Entende? – Ele fez uma cara estranha e eu ri.

- Entendo. É difícil aceitar e superar um término com você. – Ele riu e me puxou para sentar no seu colo.

- Posso saber o por quê? – Ele apertou minha coxa.

- Porque você é bom demais. É muito triste perder você. Eu espero não passar por isso nunca mais! – Ele riu e me beijou.

- Você não vai. Eu não vou para lugar algum que seja longe de você. – Ele disse antes de me beijar mais uma vez e me levar para o quarto.

Aquele era o meu desejo mais sincero. 

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