Pequenas Histórias.

#2 parte 5

Cada vez que Liam se aproximava de mim, eu acabava fugindo e me afastando. Cada aproximação dele me deixava mais confusa e sem entender o que estava acontecendo.

Eu tinha reparado que ele ficava mais em casa, e trabalhava menos aos finais de semana. Eu, em contrapartida, estava cheia de problemas na editora e estava trabalhando exaustivamente. Eram raros os dias que eu saia de lá antes das 22h.

- Eu sei, Vi, eu também estou preocupada. Mas sinceramente eu não sei o que fazer. Eu não sei como eles conseguiram fazer tanto rolo com as impressões, e também não sei como vamos resolver isso.

Eu tirei meu salto e me joguei no sofá. Apoiei minha cabeça no encosto e fechei meus olhos. Eu falava com Violette desde que tinha saído da editora, e tentávamos encontrar uma solução para o nosso problema. Minha cabeça ia explodir.

- Eu sei. Mas vamos pensar nisso na segunda-feira, por favor! – Supliquei e ela riu do outro lado da linha. – Eu preciso dormir. Minha cabeça está explodindo. – Respirei fundo. – Pra você também, Vi, e até segunda. Beijos.

Encerrei a ligação e suspirei alto. Eu precisava criar coragem para levantar e subir as escadas até o meu quarto.

- Está tudo bem?

Abri os olhos e vi Liam parado na minha frente. Ele analisava meu rosto, que com certeza não estava em bom estado.

- Está... Quer dizer, mais ou menos. – Sorri fraquinho e ele se sentou ao meu lado.

- O que aconteceu? – Ele perguntou preocupado.

- Nós vamos lançar mais um livro, que já está em processo de impressão e o lançamento está marcado para daqui duas semanas. Mas, a gráfica que faz as impressões fez uma baita confusão, e disseram que ainda não imprimiram um único exemplar se quer. Eles vão atrasar três semanas para entregar os livros, e isso vai atrasar todo o lançamento. O autor do livro está completamente bravo com o que aconteceu, e está nos pressionando de todas as formas possíveis. Eu não tiro a razão dele, mas a culpa não foi nossa. – Suspirei. – E eu não sei o que fazer.

Ele sorriu doce para mim e esticou o braço devagar, começando a fazer um carinho nos meus cabelos.

- Eu imagino a pressão que você está passando. Mas eu tenho certeza que você vai encontrar uma boa solução para todos. Vai dar tudo certo, pode ter certeza!

- Obrigada! – Sorri para ele e fechei os olhos, sentindo o carinho que ele fazia. Eu poderia dormir fácil, fácil se ele continuasse.

- Ei, por que você não vai tomar um banho bem quentinho enquanto eu preparo alguma coisa para você comer? – Sua voz era suave.

- Eu vou, mas eu não quero comer nada. Estou casada e com dor de cabeça demais para sentir fome. – Levantei a cabeça e senti ela latejar. – Obrigada por me ouvir. – Ele sorriu.

Peguei minha bolsa e meu sapato de subi as escadas devagar. Peguei roupas limpas e fui direto para o banho. Deixei que a água bem quente relaxasse cada músculo do meu corpo e aliviasse a tensão que eu sentia. Por pouco eu não cochilei no chuveiro mesmo. Eu estava exausta.

Vesti meu pijama e sai do banheiro. Antes que eu deitasse, escutei batidinhas na porta.

- Posso entrar? – Liam pediu.

- Pode. – Ele abriu a porta e entrou segurando um copo de água e uma cartela de remédio.

- Para a sua dor de cabeça. – Ele me entregou o que segurava. Sorri.

- Obrigada!

- De nada! – Ele sorriu quando eu tomei toda a água que estava no copo. – Se precisar de qualquer coisa, me chama. – Assenti. Ele se aproximou devagar e fez um carinho na minha bochecha. Ele encaixou sua mão na minha nuca, colou seus lábios no meu num selinho longo. Encostei minha testa na dele e me estiquei o beijando de verdade. – Boa noite, (S/A)!

- Boa noite, Liam.

Capotei e dormi pesado a noite inteira. Acordei sentindo alguém fazer um carinho na minha cabeça. Abri os olhos devagar e vi Liam sorrindo para mim.

- Bom dia! – Ele disse. – Está melhor?

- Bom dia! Estou sim, obrigada! – Me espreguicei e vi que o sol já estava alto lá fora. – Que horas são?

- Onze horas! – Arregalei os olhos e ele riu. – Levante, se troque e desça. Eu te espero no jardim.

- No jardim? Por que? – Sem me responder, ele saiu do quarto e fechou a porta.

Levantei, ainda sem acreditar que tinha dormido tanto, e fui para o banheiro fazer minha higiene matinal. Coloquei um short e uma blusa soltinha. Penteei meus cabelos e desci.

No jardim, uma mesa estava posta perto da piscina. A mesa estava completamente arrumada e com várias comidas. As minhas favoritas. Bolo de chocolate, panquecas, ovos mexidos, croissant de presunto e queijo, pãezinhos salgados e doces, pão de queijo, geleias, frutas, café e suco. Além de um vaso com flores de Jasmim azuis e amarelas.

- Espero que goste!

- Você fez tudo isso? – Olhei para Liam sorrindo.

- Não exatamente... Na verdade, pedi que Diana fizesse todas as suas comidas preferidas. Mas eu comprei as flores! – Ele riu. – Achei que você merecia para compensar essa semana... Vem, senta.

Ele puxou uma cadeira para que eu sentasse, e eu o fiz. Ele deu um beijo na minha têmpora e se sentou ao meu lado. Começamos a tomar café juntos, e eu me deliciava com todas as opções que tinha na minha frente.

- Obrigada por fazer isso por mim! – Agradeci sincera.

- Não precisa agradecer. Eu faço isso porque eu gosto de você, (S/A). – Ele se aproximou de mim e beijou meus lábios com carinho. – E eu espero que um dia você goste de mim também. – Engoli em seco.

- Liam...

- Eu me apaixonei, (S/A). Mesmo de longe, mesmo com toda essa situação, mesmo com todos os motivos do nosso casamento, mesmo com esse clima estranho entre nós. Eu me apaixonei por você, por essa mulher linda e incrível que você é. – Ele disse olhando nos meus olhos. – É claro que eu não espero que você diga que sente a mesma coisa por mim agora. Mas eu quero poder te conquistar, quero poder fazer você gostar de mim também, eu quero ganhar você. – Ele fazia um carinho na minha bochecha enquanto falava. – Mas eu não quero forçar a barra, e nem pressionar você. Se você disser que eu não tenho chance, eu paro agora mesmo.

Liam é uma pessoa incrível. Ele é atencioso, carinhoso, preocupado, cuidadoso e muito lindo, é claro! Ele se preocupava comigo e fazia as coisas para me agradar, era possível ver isso. Ele se revelou ser uma pessoa que jamais imaginei que ele seria.

Além do mais, eu gostei dos momentos que tivemos juntos. Eu gostava dos seus beijos, dos seus abraços e de como ele me mima sempre que pode. Como agora, por exemplo. Eu não tenho motivos para ser resistente a ele, ou para me afastar. Não mais.

Eu gosto dele. Talvez não como ele. Mas eu sei que se eu me permitir, posso gostar até mais.

Me estiquei e beijei seus lábios com carinho. Ele retribuiu o beijo de imediato e me puxou para sentar no seu colo. Ele apertava minha cintura e eu raspava minhas unhas no seu pescoço. Eu podia me acostumar com isso e com ele, não seria muito difícil.

- Você tem chance. – Ele sorriu lindamente e meu coração acelerou. Encostei minha testa na dele. – Mais do que você imagina.