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Eu estava uma pilha de nervos. A ansiedade tomava conta de cada músculo do meu corpo.

Todo final de semestre para mim era estressante. Mas esse era de longe o pior.

Último ano no ensino médio. Eu estou a um passo da faculdade, e de conseguir a profissão que eu sonho desde os dez anos de idade. A carta da Universidade que eu tanto queria chegaria a qualquer momento, e um pequeno pedaço de papel iria definir toda a minha vida.

Cheguei em casa e, no aparador ao lado da porta, tinha um envelope em meu nome. Meu coração batia a ponto de sair pela minha boca. Com as minha mão tremulas, peguei o envelope e vi o símbolo da Universidade de Princeton.

- O que é isso? – Tônia, minha melhor amiga, perguntou atrás de mim. – É o que eu estou pensando? – Balancei a cabeça. – E ai? Você foi aceita?

- Eu... eu não sei. Ainda não abri.

- E está esperando o quê? Abra isso logo, ou eu vou abrir! – Ela sorriu e eu revirei os olhos.

- Cala a boca, Antônia!

- Filha? – Escutei a voz da minha mãe e a vi descer as escadas. – Chegou um envelope para você, está... – Ela parou de falar quando me viu com ele nas mãos. – Bom, pelo visto você já viu. – Ela sorriu para mim.

- Eu não sei se quero abrir isso! E se a resposta for não? – Essa possibilidade me apavora.

- Filha, está tudo bem! – Minha mãe colocou as mãos nos meus ombros. – Eu aposto que você foi aceita!

- Ok, eu vou abrir. – Respirei fundo e abri o envelope. Tirei a carta de dentro e comecei a ler. – Prezada Laura Campbell, é com muita honra que lhes damos boas vinhas na Universidade de Princeton!

Um grito saiu dos meus lábios quando terminei de ler a frase. Minha mãe me abraçou e Tônia se juntou a nós.

- Nós vamos para New Jersey juntas! – Tônia cantarolou chacoalhando um envelope rasgado e um papel na minha frente.

- Meu deus, você foi aceita em Rutgers? – Ela confirmou e eu a abracei. – Parabéns!

A campainha tocou e minha mãe foi abrir. Thomás estava ali. Ele ainda usava o uniforme do colégio e sorriu para minha mãe antes de entrar.

Quando seus olhos encontraram os meus, um sinal de preocupação passou pelos seus olhos. Ele olhou para as minhas mãos e viu a carta.

- Você foi aceita? – Ele perguntou. Apenas balancei a cabeça em sinal positivo, enquanto lágrimas grossas rolavam pelo meu rosto sem que eu pudesse evitar. – Parabéns, meu amor! – Ele me abraçou apertado e eu retribui aquele sinal de carinho.

- E você?

- Eu ainda não recebi nenhuma resposta, mas dessa semana não passa. – Ele disse confiante. – Bom, mas isso merece uma comemoração! – Ele segurou minha mão. – Sra. Margot, tem problema se eu levar a Laura para almoçar?

- Problema nenhum. – Ela sorriu. – Divirtam-se!

A semana correu tranquilamente, e eu não podia estar mais feliz. Até sexta.

Na sexta Thomás veio até minha casa completamente feliz, com a carta de aprovação da Harvard. Ele estava empolgado e feliz. E eu também estava.

Mas o medo bateu em mim. Iriamos para Universidades completamente opostas.

- Você está bem? – Ele olhava nos meus olhos. – Você parece desanimada.

- Não! Eu estou muito feliz, e orgulhosa de você. Harvard é para poucos! – Ele sorriu. – É que... Nós vamos para Estados completamente diferentes. Eu vou para New Jersey, e você para Massachusetts. Quer dizer, são mais de cinco horas de distância, e nós não vamos poder nos ver com frequência, e...

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