Cut me open, take my heart so we'll never be apart.
Sai e repeti o gesto do dia em que ele voltou para a Terra. O espelho zombava de mim: olheiras não tão profundas dado que não precisava dormir; cabelos mal arrumados apesar de sem perder nem um pouco de sua vida; apenas o azul de meus olhos indicava algo diferente.
O azul que Tony uma vez disse lembra-lo da cor do primeiro Reator Ark. Nunca tinha realmente me importado com a cor de meus olhos até aquele momento.
Nunca tinha realmente me importado com qualquer coisa até que ele me fez ter algo a perder.
Gargalhei vendo Tony rebolar imitando o dia que dançou Jingle Bells jurando que era mais sexy que a cena de Meninas Malvadas. Estava certo, mas depois mostraria isso para ele.
— Você está rindo de mim, mas nem ao menos sabe dançar, Rogers! – mostra a língua e eu faço cara de tristeza.
— Assim você me ofende.
— Era a intenção! – ele sorri e se aproxima – Mas nunca é tarde para aprender.
Ele me estende a mão e arqueio a sobrancelha. Da ultima vez que ele tentou me ensinar a dançar, os pés dele ficaram doloridos demais para continuarem dentro do sapato.
— Se acontecer de novo como da ultima vez...
— Não vai, porque eu vou ficar de greve até você parar de pisar no meu pé. – pisca e eu reviro os olhos, aceitando a mão e a chantagem vazia.
Desde que ele descobriu que essa piada era a que demorei mais a entender neste século, Tony fazia ela sempre que podia.
— Friday, uma musica lenta, por favor.
As notas de piano invadem a oficina. Tony coloca minha mão em sua cintura e segura a outra um pouco esticada.
— Primeiro a sua direita, okay? – assinto.
Passos pequenos. Passos controlados. Uma valsa simples. Uma valsa com o parceiro certo. Imperfeita, mas de um jeito bom.
Conhecia o corpo de Tony. Achava que conhecia sua forma de pensar. Ele não se encaixava em mim perfeitamente, ele não era uma parte. Ele era um todo que me permitiu fazer parte dele.
Rimos um pouco quando eu errava. Tony se colou a mim, beijei-o onde podia sem parar de dançar. Acho que a musica se repetia pela quarta vez, porém, já não dançava conforme ela. Era guiado somente por Tony.
— Steve...? – odiava aquele tom inseguro, apertei-o contra mim.
— Sim...?
— Tem um jeito de consertarmos o que fizemos em Sokovia. – olhei-o, não encontrei meu whiskey favorito.
— Não há como apagar erros do passado, Tony. Não temos como voltar no tempo. – murmuro e ele nega, a testa encostada sobre meu ombro.
— Há um acordo. Ele seria bom para os Vingadores. – embriaguei-me quando seus olhos encontram os meus.
— Estamos bem assim. – respondo defensivo demais.
Tony sorri de lado, triste.
— Podemos ficar melhores, amor.
Parei a dança e o beijei.
Amor.
Ri e encarei o teto, desacreditado de nossa inocência. Desacreditado da merda que fiz ao ficar calado, em não me abrir.
Ele me amava! Ele se confessou!
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the ghost of you || Stony
أدب الهواةAqueles dias, aquelas horas, estavam durando mais do que poderia aguentar. Aquelas horas antes do velório de Tony foram as decisivas para que eu voltasse no tempo. Era melhor voltar para o passado do que viver em um futuro sem ele. 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝑺𝒕𝒆𝒗...