†PRÓLOGO†

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5 ANOS ANTES

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5 ANOS ANTES

As lembranças do dia que a conheci estavam fixadas em minha mente como uma espécie de melodia dramática e viciante das notas agressivas de um violino que é incansavelmente repetida dentro de minhas memórias, assim como aquela cena marcante de um filme clássico que nunca será esquecida. Poderia dizer que minha vida mudou a partir do momento que coloquei meus olhos sobre ela, mas nosso destino estava fatidicamente entrelaçado como a espécie de um carma que nossos pais já haviam escrito para nós. O encontro era iminente, nossas histórias estavam ligadas por tragédias marcadas por escolhas equivocadas em nome do etéreo ódio e o arbitrário amor. Mesmo que não fosse naquele dia, mesmo que não fosse naquele ano, era inexorável que iríamos nos conhecer. Ninguém, acho que nem mesmo Deus, acreditava que antes de nos colidirmos, nossos corações enfraquecidos gritavam um pelo outro em busca do afeto que nos foi tirado desde muito cedo. Apenas uma maldição passada de geração para geração poderia explicar o que houve, pois nada inteligível ou racional poderia entender o porquê me apaixonei subitamente por aquela garota tão cegamente, desenhando um rumo diferente em minha vida, um rumo que me fez sofrer, um rumo que somente a complexa teoria do caos poderia decifrar.

Fiquei perdido em meio à tempestade que foi aquela garota, ela trouxe consigo ruína e dor, devastando tudo que havia em mim, me deixando completamente destroçado, estilhaçando os pequenos resquícios de esperanças que sobraram em meu quebrado coração.

Ela era o paraíso que me atirou em queda livre rumo ao inferno.

Após quatro anos longe de meus irmãos e minha terra natal, no auge dos meus 18 anos, eu estava de volta à pequena Ames. A cidade continuava a mesma com o desenvolvimento tecnológico e população quase limitados, as suas grandes casas e extensos jardins bem aparados, de território plano com a vegetação composta por extensas árvores com aquele vistoso verde primavera e o alaranjado característico do outono. Sempre com as mesmas boates, bares, escolas, shoppings, pontos de encontro, exatamente tudo igual. Não havia mudado absolutamente nada nos tempos que estive fora e não poderia opinar se era bom ou ruim, apesar de gostar daquele pequeno pedaço de monotonia. Era bem diferente do bairro requintado da Nova Iorque no qual passei maior parte de meus dias enclausurado, observando a grande paisagem moderna composta por centenas de edifícios enormes, as ruas e pessoas que nunca pareciam parar e milhares de habitantes, um lugar que não era para mim, me sentindo como um animal selvagem longe de seu habitat.

Fui morar no Upper East Side, bairro nobre do condado de Manhattan, porque meu amado pai achou que apenas as longas sessões de terapia e remédios controlados não estavam sendo o suficiente para controlar minha personalidade impulsiva e péssimo comportamento que servia como exemplo negativo aos meus irmãos. Os psicólogos e psiquiatras diziam que eu possuía um transtorno de neurodesenvolvimento que me deixava mais hiperativo e desatento que o considerado normal. Achavam que era a causa de minhas travessuras ver minhas mãe ser assassinada quando tinha oito anos e nunca ter conhecido meu pai biológico, isso agregava a minha terrível postura e decadente rendimento escolar. Tudo isso poderia ser verdade, mas esquecerem de perceber que a adolescência já era problemática por si só.

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