" Unidos por um passado, presos por um sentimento..."
Três longos anos se passaram desde que o colegial havia acabado e Haven Salvatore foi embora da pequena cidade de Ames em busca de um novo começo, longe de tudo que a matinha ligada ao seu excruc...
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❝Olhando o espelho
Pegue o passado
Feche seus olhos
O espelho mente.❞
Heads Will Roll – Yeah Yeah Yeahs
5 ANOS DEPOIS
— Uma batida de abacaxi! — gritou um rapaz de óculos ao fundo do balcão.
— Uma dose de whisky para mim!— pediu outro que havia acabado de chegar.
Eu estava tentando dar conta desses e de outros pedidos enquanto abria garrafas de cerveja para entregar para a mesa dois.
Um dos motivos pelo qual odiava trabalhar em um bar é que em dias movimentados como aquele não conseguia ficar por um segundo em paz, com o adicional de ter que usar uma saia curta que ficava grudada em meu traseiro e a uma camisa que deixava mostrar o meu umbigo. Eu era quase um enfeite de apelação sexual que não possuía tempo para descanso.
Walker'sera o bar mais requisitado de Ames não apenas pela boa música, a cerveja barata, o telão gigante que ficava ligado no último volume nas finais do Superbowl, as garçonetes vestidas sensualmente para atrair clientes ou a decoração rústica e bem espaçosa, mas porque era o principal ponto para uma foda casual. Ou seja, a maior população jovem comparecia para beber e transar como imbecis irresponsáveis, e eu era responsável por dar conta do pedido de todos eles.
Meu sonho aos 21 anos não era trabalhar em um bar como garçonete e bartender, mas com a minha mãe se recuperando de um câncer, despesas da faculdade e morando em um apartamento, me sentia obrigada a trabalhar quase o dia inteiro naquele centro de libertinagem. Minha mãe dizia que eu devia estudar muito para não ter um emprego que odiasse, mas até lá teria que passar por muitos que detestaria.
Eu odiava tudo naquele lugar: a música alta, o barulho excessivo, os bêbados, pessoas vazias, os cheiro de cigarros e álcool, o banheiro sujo, a roupa apertada, as outras garotas com quem trabalhava e aquela decoração rústica que achava horrível. Toda vez que eu chegava naquele local sentia vontade de fugir, mas precisava do dinheiro e felizmente o salário era bom, entretanto, depois que me tornei garçonete, nunca mais consegui frequentar um bar. Contava os dias para terminar a faculdade e começar uma vida em outra cidade, porém faltavam dois anos para que pudesse realizar esse desejo. Dois malditos longos anos.
Preparava a batida de abacaxi que o rapaz havia pedido enquanto servia a dose de rum ao outro, pensando que deveria ter mais quatro membros para dar conta de tudo sozinha, até ver Callie chegar, como sempre atrasada.
Ela era uma das poucas coisas agradáveis naquele lugar, mas isso se devia por ser minha melhor amiga desde que éramos duas garotinhas de seis anos. Éramos tão inseparáveis que morávamos juntas no mesmo apartamento. Ela, além do meu irmão mais velho, que ajudou a cuidar de minha mãe e que segurava minha barra quando as coisas estavam difíceis, era uma irmã para mim, além — é claro — de Haven, mas minha outra amiga, em decorrência dos problemas que passou com as tragédias que aconteceram há três anos, estava tentando recomeçar uma vida em Nova Iorque estudando medicina e esquecendo-se de seu passado. Não podia julgá-la ou culpá-la, Ames havia dado muitas dores de cabeça a ela e eu era eternamente grata por Haven ter disponibilizado o antigo apartamento de sua falecida tia para que eu e Callie morássemos assim que saímos do colegial.
