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Enquanto a melancolia lhe tomava a face, observava a lápide recém polida. A pele pálida sendo iluminada pela Lua, os galhos das árvores fazendo sombra, o luto que jamais o deixaria o apertando o coração inútil.

Yoongi sempre acreditou no fato de nunca ter amado ninguém, mas sabia que mentia a si mesmo, ele amou Merlin. Havia a amado por todos aqueles séculos em que ela esteve ao seu lado como guardiã, como mãe.

Odiava o modo como parecia ser um substituto do filho que ela não teve a oportunidade de criar, mas mesmo assim, sentia-se mais leve e as lembranças lhe confortavam.

- Você está bem? - a voz de Hoseok soou mais grave do que se lembrava, ou talvez fosse só por conta do silêncio.

- Estou - ele não queria estender-se a explicações, nem queria desfrutar da tensão que os passos que aproximaram seus corpos trouxeram.

- Devia ir descansar - ele toca seu ombro, os olhos faíscam em contato com os seus.

- Já estou cansado disso - seu movimento brusco o livra do toque, ele odiava o modo como Jung Hoseok nutria sentimentos por ele.

- Sinto muito - ele se virou, olhando para um lugar qualquer na direção oposta.

Talvez envergonhado, ou decepcionado pelo que se sucedera. Acontece que Yoongi não planejava dar espaço a novas investidas por parte do capitão da guarda, mesmo assim seu corpo estranhamente queimava por um modo incorreto de se livrar de toda a tensão pós guerra.

Com cansado quis dizer que já não suportava as discussões, o romance de Namjoom e SeokJin as escondidas, a rixa de Taehyung e Jimin que durava semanas, a maldição de Jungkook. Os séculos o fizeram acreditar que não teria nada a perder, pois a humanidade já o deixara a tempos e a solidão cruzaria seu caminho a cada hora.

Os vampiros voltaram a se encarar, não se viam a tempo suficiente para se perguntarem se o gosto era o mesmo do qual se lembravam. Hoseok se curvou um pouco quando Yoongi lhe depositou a mão no colarinho o puxando para si, devido a diferença se altura.

Seus lábios se colaram rápido, necessitados e vorazes em um beijo que fez seus caninos rasparem a carne da boca um do outro. Jung agarrou-o pela cintura, o encostando na árvore mais próxima e aprofundando o beijo de um jeito que poderia se achar impossível que o fizesse.

O fogo inebriante da paixão parecia vivo, enquanto se amavam sem se importar com o fato de estarem a frente da lápide de Merlin. Que com toda certeza sorriria perversa e casoaria dos dois, ela acreditava que formariam um belo casal.

Não fosse os empecilhos que ambos puseram em seus próprios caminhos...

Sombras da noite - Livro II ♡ Jikook {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora