- Ei, o homem ilustrado!Um megafone berrava, e o Sr. William Philippus Phelps, braços cruzados, na plataforma, na noite de verão, com uma multidão olhando para ele.
Ele era uma civilização inteira. Na Terra Principal, seu tórax, viviam as Vastidões - dragões com mamilos no lugar de olhos, volteando sobre seu peito abundante, quase feminino. Seu umbigo era a boca de um monstro de olhos apertados - uma boca chupada, obscena, sem dentes como a de uma bruxa. E havia cavernas secretas em que as Escuridões espreitavam, suas axilas, que lentamente gotejavam humores subterrâneos, onde as Escuridões, olhos acesos de inveja, perscrutavam através de ramos de trepadeiras e parreiras dependuradas.
O Sr. William Philippus Phelps olhava maldosamente para baixo, de sua esdrúxula plataforma, com mil olhos de pavão. Do outro lado da campina de serragem ele via a esposa, Lisabeth, ao longe, rasgando ingressos ao meio, olhando para as fivelas de prata dos cintos dos homens que passavam.
As mãos do Sr. William Philippus Phelps eram rosas tatuadas. Ao ver o interesse da esposa, as rosas murcharam, como se à passagem da luz do sol.
Um ano antes, quando levou Lisabeth ao cartório de paz e a assistiu desenhar o nome à tinta, vagarosamente, sobre o formulário, a pele dele era pura e branca e limpa. Lançou um olhar para si mesmo em repentino horror.
Agora ele parecia uma grande tela pintada, sacudida pelo vento da noite! Como isso aconteceu? Onde tudo começou?
Havia começado com as brigas e depois a banha e depois os desenhos. Eles brigavam noites de verão adentro, ela como uma corneta metálica berrando com ele sem parar. E ele havia saído para comer cinco mil cachorros-quentes fumegantes, dez milhões de hambúrgueres e uma floresta de cebolas verdes, e para beber vastos mares de suco de laranja. Balas de hortelã formavam seus ossos de brontossauro, os hambúrgueres davam forma a sua carne balofa, e refrigerante de morango era bombeado para dentro e para fora das válvulas de seu coração, enjoativamente, até que ele pesasse mais de cento e trinta quilos.
- William Philippus Phelps - Lisabeth disse a ele no décimo primeiro mês do casamento, "você é burro e gordo.
Esse foi o dia em que o chefe do parque de diversões lhe deu bilhete azul.
- Lamento, Phelps. Você não serve para mim com toda essa pança.
- Não fui sempre seu melhor montador de tendas, chefe?
- Foi. Não é mais. Agora você fica sentado. Não trabalha.
- Deixe-me ser seu Homem Gordo.
- Eu tenho um Homem Gordo. Um centavo a dúzia. O chefe o olhou de cima a baixo. - Mas vou lhe contar uma coisa. Não temos um Homem Tatuado desde que Gallery Smith morreu no ano passado...
Isso havia acontecido um mês antes. Quatro curtas semanas. Ele havia ouvido falar de uma tatuadora bem longe, no interior do Wisconsin, uma velha, disseram, que conhecia o ofício. Se ele pegasse a estrada de terra e virasse à direita no rio e depois à esquerda...
Ele havia cortado uma campina amarela, queimada de sol. Flores vermelhas balouçavam e se curvavam ao vento enquanto ele caminhava, e ele chegou à velha tapera, que parecia ter enfrentado um milhão de chuvas.
Passando a porta, chegava-se a uma sala vazia e silenciosa e, no centro da sala vazia, estava uma mulher idosa.
Seus olhos estavam costurados com fio resinado vermelho. O nariz estava selado com barbante preto encerado. As orelhas estavam também cozidas, como se uma libélula fina feito agulha tivesse costurado todos os seus sentidos. Ela estava sentada, imóvel, na sala deserta.