❝ Um conselho para você que está ouvindo a esta fita, nunca acredite quando alguém diz que vai estar ali para quando você precisar, principalmente quando essa pessoa não for seu amigo, porque realmente não é. ❞
Hoje fazia um mês desde a eleição para presidente do grêmio e por quase unanimidade a vencedora foi, óbvio Heyoon Jeong, a garota mais adorada por toda a escola. Ela é uma coreana, baixinha de sorriso e voz meiga, longos cabelos castanhos - ultimamente tingidos de preto. Uma das promessas dela foi estar ali para todos os alunos que pudessem conversar, assim talvez sentiríamos mais a vontade do que ir falar com o psicólogo da escola.
Cheguei mais cedo na escola, na esperança de tentar encontrar com Heyoon sozinha. Por sorte vi ela estava na sala do grêmio, escrevendo em seu caderno de tecido marrom que carregava consigo em todos os lugares. Bati na porta ela assustou, espirrando um pouco de seu café.
— Ah, oi. Não tinha te visto — ela deu uma pequena risada colocando a mão delicada no rosto, ela parecia uma bonequinha de porcelana.
— Desculpa, não era minha intenção te assustar.
— Magina, eu estava distraída. ando meio ocupada com uns assuntos, mas entre por favor — ela disse indicando a cadeira a frente de sua mesa, parecia ter mais de 18 anos, como se fosse uma adulta.
— Posso ajudá-la com alguma coisa? Ai... Não me diga que está faltando absorventes de novo no banheiro das meninas... Acabei de repor — ela disse desanimada. Seu rosto de boneca parecia bem cansado, como uma senhorinha coreana fofa.
— Ah, não... não, os absorventes estão bons. Obrigada, aliás. Queria saber se podíamos conversar, não me sinto a vontade conversando com algum adulto...
— Bom, que bom que veio. Então pode falar, estou toda ouvidos, e... — ela fez uma pausa olhando para a tela de seu celular, confirmando as horas — temos tempo até a aula começar.
— Eu não sei por onde começar... — eu disse, nervosa. Minhas mãos estavam suando e meu coração começa a acelerar de um jeito que atrapalhava minha respiração.
— Por que não começa me dizendo como está se sentindo?
— Sentindo tipo... tipo agora? — Heyoon assentiu, então tentei prosseguir — Perdida. Acho que... vazia...
— Vazia? — agora ela mudou sua expressão para de preocupação, coisa que ela não deveria fazer, pois só me deixava mais nervosa, mas ela não é psicóloga, e não conseguiria falar com nenhum agora. Então outra adolescente já seria bom o suficente — Como assim?
— Eu não sinto nada. Não me importo com mais nada.
— Não se importa com o que exatamente?
— Com tudo. Não me importo com a escola, com as pessoas aqui dentro. Comigo, com meus pais, ou Noah que é meu único amigo... — minha respiração estava rarefeita e na tentativa de tentar puxar mais ar, fiquei trêmula. Fiquei coçando minhas mãos, ansiosa.
— Com seus pais nem Noah? — ela perguntou agora apreensiva.
— Quer dizer, eu me importo com eles, mas eu não... não sou quem eles precisam que eu seja... Eu sou um problema...
— Ah, não querida... você não é um problema! — Heyoon segurou minhas mãos.
— Sim, eu sou. Eu só queria que parasse, eu preciso que pare... — eu disse agora com meus olhos transbordando água.
— O que você quer que pare?
— Eu preciso que tudo pare. As pessoas e o que elas estão fazendo comigo. A vida. Preciso que pare. Eu só quero que pare — agora meu choro estava num estágio incontrolável, se eu me obrigasse, não conseguiria parar de chorar.
— O que quis dizer quando disse que queria que sua vida parasse? Hina, é muito sério o que você está dizendo...
— Tem razão, desculpa. Melhor eu ir — tentei dizer isso, mas não sei que sons realmente saiu porque meu rosto agora parecia uma cachoeira. Levantei, mas Heyoon que ainda segurava minhas mãos, me puxou.
— Não, Hina, se não me contar o que está acontecendo, eu não vou poder te ajudar!
Ela tentou continuar me segurando, mas eu me afastei com força, abri a porta e saí correndo. Agora a escola estava começando a lotar de alunos e vi Noah chegando em seu armário, cumprimentando metade da escola pelo caminho. Corri para o banheiro para que Noah não me visse, mas pior ainda, dei de cara com Joalin.
— Hina, o que aconteceu? Voc...
Empurrei Joalin e corri para uma cabine e me tranquei, meu coração apertado de tanta dor, mal conseguindo respirar, com a ansiedade atacando cada vez mais forte.
— Quer que eu chame ajuda... Alguém?
— Não, não quero ninguém. Só... S-Só me Dei-Deixa em paz... — disse aos soluços e prantos.
— Não é incomodo, eu vou...
— NÃO QUERO! SÓ V-VAI EM-EMBORA! POR FAVOR-VOR!
❝ Você tentou me ajudar Heyoon. Lembro de você me procurando algumas vezes nos dias seguintes. Você fez o que podia, ou pelo menos tentou. Você poderia ter feito mais... Ter tentado me salvar. Mas nada ia adiantar porque não se pode consertar aquilo que está quebrado... ❞
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13 Reasons Why - Now United
FanfictionOnde Hina deixa 13 fitas para 13 outros jovens que a levarem a quase tirar sua própria vida. [10/03/19 - 04/02/20]