III

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Com o estômago retorcido, Anne se aproximou da escola como se estivesse em uma marcha para a morte. 

Objetivamente, ela não entendeu por que estava tão nervosa em falar com Gilbert. Ele jantara na casa dela antes. Eles eram amigos. Amigos trabalhando juntos em um relatório de laboratório.

Mas algo sobre pedir que ele viesse para que ela pudesse fazer um experimento secreto nele estava fazendo seu estômago dar um nó. 

E se ela não adormecesse?

Como ela iria adormecer?


Em vez de se concentrar no que poderia dar errado ou em como fazer as coisas darem certo, Anne decidiu pensar apenas no relatório do laboratório. Como Marilla havia dito a ela (várias vezes), não faz sentido se preocupar com o que você não pode controlar. O que aconteceu aconteceu. Se ela adormecesse, então ótimo. Ela se preocuparia com o resto mais tarde. Se isso não acontecer, tudo bem. Eles terminariam o relatório do laboratório.


Presa em seus pensamentos, Anne não percebeu que já estava subindo os degraus da escola. Ela também não notou que a figura magra estava encostada na parede ao lado da porta até que ele falou o nome dela.


— Anne! — Gilbert disse, empurrando-se para fora da parede.


— Gilbert! — A mão de Anne bateu no peito. — Eu não vi você lá.


O canto da boca de Gilbert se ergueu.

— Não estou exatamente escondido, cenoura.


— Não, eu só ... estava perdida dentro da minha cabeça. — Anne sorriu fracamente para ele. 

Às vezes, achava difícil ver Gilbert, como agora, enquanto ele sorria para ela, os olhos brilhando, cachos emoldurando seu rosto. Era como olhar para o sol.


— Então, este relatório de laboratório... — Gilbert disse depois de um tempo.

— Oh! Sim, você quer ir para Green Gables depois da escola? Podemos terminar de trabalhar nisso! — Anne perguntou, apertando os livros nas mãos.


— Sim, na verdade eu ia ver se você queria fazer isso na minha casa, mas Green Gables está bem! — Gilbert sorriu, abrindo a porta para ela.


— Ok, ótimo! — Anne disse, o nó no estômago afrouxando.


— Ótimo! — Gilbert a seguiu até a escola sorrindo, aquele sorriso brilhante demais.


Anne pendurou o casaco e foi até a mesa, sem saber por que se sentia nervosa por perguntar qualquer coisa a Gilbert.
 

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