Desonra

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  A tarde, que deveria ser linda e agradável, estava se tornando cada vez mais densa naquele dia. Garu encarava Tobe enfurecido, enquanto o mesmo zombava de tal expressão.

–Quando eu sair daqui, eu vou...

–Sair? HA HA HA! Acha mesmo que conseguirá sair?

–Isso é baixo até mesmo pra você, seu maldito.

–Pode falar o que quiser, mas a verdade é que meu plano nunca funcionou tão bem! Ver você, que era mais calado que estátua, reclamando dessa forma comigo torna tudo ainda melhor.

–Plano? Drogar a Pucca e eu para conseguir nos capturar? E você ainda se considera ninja, eu tenho nojo de você!

–Garu, Garu... A verdade é que tudo isso é sua culpa, se não tivesse brigado com sua namoradinha idiota, não teria essa grande abertura.

Pucca continuou em silêncio, ainda com expressão de raiva e tristeza, enquanto Garu ficava cada vez mais enfurecido, ele não queria ouvir aquilo de Tobe, mas o inimigo, com ar vitorioso, continuava.

–Em todos esses anos, minha raiva e desejo de vingança por você aumentava cada vez mais, continuava tentando, mas no fim você sempre me derrotava. Quando a vi se afastar de você chorando, percebi o motivo de nunca ter vencido, Pucca era motivo. – Disse apontando para a mesma – Ela sempre atrapalhou meus planos, mas sem a garota mais forte de Sooga ao seu lado, eu conseguiria enfim te derrotar!

Garu lançava um olhar mortal e Pucca tremia, era raiva, tristeza, remorso, cansaço... Tudo misturado. O garoto que se encontrava puro nervo sentiu que se arrependeria se respondesse, mas ficaria agoniado se apenas o deixasse falar, então, um pouco relutante, continuou a terrível conversa.

–Você nunca venceu porque não tem honra!

–O fedelho que nunca valorizou quem o amava quer dizer que não tenho honra, faz-me rir. – Respondeu, rindo debochadamente.

O coração agonizante do pobre ninja batia cada vez mais rápido, o que Tobe dizia era verdade, ele nunca deu o valor que Pucca merecia e ouvi-lo o irritava cada vez mais. Honra, era por isso que ele lutava, e em pouco tempo ele estava perdendo o que achou ter conquistado a vida inteira.

O que seu pai diria se o visse dessa forma? Se descobrisse que seu filho desprezou o amor de sua vida? Ele não aguentava mais, então, em desespero, começou a gritar a fim de aliviar-se. Gritou alto por seus arrependimentos dolorosos e, sem realmente sem querer aquilo, deixou uma lágrima escapar.

–Ha Ha Ha, vou deixar vocês dois sozinhos agora, não saiam daqui... Como se pudessem. Depois nos resolveremos, Garu. – Disse enquanto saía rindo.

Garu respirava ofegante, queria limpar a lágrima que escorrera, mas se pudesse fazer ao menos isso, já teria dado um jeito de se soltar. Se não estivesse tão preocupado com sua aparência de resistência ou com sua honra manchada, teria percebido que Pucca estava tremendo enquanto chorava baixo.

***

Abyo estava preocupado, já estava anoitecendo e ainda não tinham chegado ao seu destino, Ele apenas seguia Ching enquanto permanecia pensativo. Enquanto seguiam seu caminho, tentava ligar para os dois, mas a chamada só finalizava. “Há possibilidades de Garu e Pucca estarem feridos". Tobe nunca conseguiria derrotar os dois, estava convicto disso, mas se aquelas seringas que encontrou realmente tiverem alguma relação com o sumiço dos dois, eles poderiam estar em perigo.

Em tão pouco tempo muita coisa já estava diferente na vila de Sooga: Abyo e Ching estavam mais próximos do que nunca, isto é, em seu relacionamento; Pucca voltara a falar e parar de perseguir Garu, o que já mudava muita coisa na vila; Tobe não estava mais atacando Garu com frequência, aliás, ninguém o viu atacá-lo a semana inteira, apesar de ter tendado uma vez; Go Rong havia ganhado um prêmio pelo melhor macarrão original, mas isso é história pra outro dia... Muitos acontecimentos, mas nem tudo de conhecimento geral, já que Garu havia rompido seu voto, mas foi capturado, ou também o fato dele ter confessado seu amor. Contudo, algo era certo, muita coisa estava realmente diferente.

Depois de caminharem durante um tempo, Abyo finalmente percebeu para onde estavam indo, o que o deixou ainda mais preocupado.

–Você acha que ela sabe onde Tobe se esconde?

–Ela descobriu onde é, apesar de não ter revelado a ninguém, tenho certeza que Tobe não procurou outro esconderijo.

–Tá bem, suponhamos que ela saiba onde é, por que nos contaria? Ela sempre detestou a Pucca.

–Mas não o Garu.

–Mesmo assim...

–Se ela não quiser falar, nós obrigamos ela!

Abyo a olhou com uma cara meio assustada, mas a verdade é que sentiu um pouco de empolgação vê-la falar desta forma. Não sentia vontade de bater em mulheres, apenas gostou de ver Ching agindo tão forte e até um pouco má. Finalmente chegaram ao seu destino e, se encontrando em frente a um enorme portão, engoliram a seco e respiraram fundo. Bateram no enorme portão, mas não houve resposta, fazendo-os bater mais vezes, desta vez respondido a gritos vindo de dentro do local.

–Calma! Não sabe esperar? Quem é a essa h...– Interrompeu a frase ao abrir a porta e ver quem era. – Ora, ora. A que devo a desagradável visita?

–Ring Ring, precisamos de sua ajuda. – Abyo disse de forma preocupada.

–E por que logo eu? Aliás, por que ajudaria vocês?

–Precisamos que nos diga onde Tobe se esconde, agora! – Ching já respondera de forma mais exigente, bem diferente de Abyo, o que era bem estranho, já que normalmente era o contrário.

–E posso saber o porquê?

–Pucca e Garu estão sumidos o dia todo, achamos que Tobe pode ter capturado eles.

Nesta hora, Ring Ring começou a rir escândalosamente pela fala da garota.

–Garu? Capturado pelo Tobe? Que tipo de piada é essa? – Disse ainda rindo. – Agora vão embora e me deixem em paz!

–Eles estão sumidos o dia todo!

–Garu deve estar se escondendo daquela garota irritante, nada demais.

–Você sabe que já faz mais de uma semana que Pucca não persegue mais ele!

–Que exagerada. E Tobe não seria páreo para Garu e, admito, com Pucca junto, menos ainda. Agora se me derem licença...

–Espere! – Abyo já estava ansioso. – Quando fomos a casa de Pucca encontramos seringas pelo chão e sinais de luta... Os dois podem realmente estar em perigo. Por favor, apenas diga onde fica, se não estiverem lá, não tentaremos nada.

A garota de cabelos azulados começou a levar o assunto mais a sério e viu, pelos olhares determinados dos dois, que aquilo não era uma piada.

–Tudo bem, eu direi.  

Amar é complicado(Pucca)Onde histórias criam vida. Descubra agora