Algumas horas se passaram e Garu finalmente acordou com um barulho, Pucca estava se debatendo a fim de soltar-se, era perceptível, pelas marcas avermelhadas causadas pelas correntes, que ela já estava tentando a um bom tempo. Garu ficou observando a garota se forçar a sair enquanto sua face era de tremendo desespero, ele também puxava os braços e se forçava com o corpo para sair, mas as correntes eram muito fortes e estavam presos em muitas voltas, nem mesmo eles conseguiriam sair arrebentando-as.
Pucca desistiu se largando enquanto era mantida de pé por estar totalmente presa, soltou um suspiro seguido de um grito de dor, aos poucos suas lágrimas de raiva e tristeza caíram, fazendo Garu desesperar-se ainda mais. Aquilo não deveria estar acontecendo: ele se desculparia pelo que havia feito, se reconciliaria com Pucca, diria tudo o que sentia e ambos ficariam felizes por estarem juntos novamente, dessa vez, de uma forma mais sadia, mas em vez disso foi pego, juntamente com ela, por seu maior inimigo, drogado e acorrentado, ainda por cima, de frente para ela, com uma distância de mais ou menos dois metros e meio. Já havia quebrado o voto de silêncio, mas tudo o que dissera, meio gaguejado, foi apenas o nome da garota.
Ele estava em um pesadelo, não conseguia fazer nada, o clima estava muito estranho, ambos sentiam-se abatidos e desesperados, até que Pucca, que estava com poucas forças, decide quebrar o pesado silêncio:
–Garu, naquela hora você iria falar alguma coisa, né?
–S-sim…
–Ainda estou impressionada, você realmente rompeu seu silêncio.– Pucca deu um sorriso irônico, queria aliviar a tensão, tanto dele, quanto de si mesma.
–V-você também rompeu o seu…
–Mas eu não tinha um motivo profundo para fazer.
Neste momento o coração de Garu acelerava, mesmo sabendo que era verdade, se sentia mal por ouvir aquilo, sentia como se ela já estivesse totalmente afastada sentimentalmente dele, o motivo pelo qual ela fazia era por amor a ele, ela, entre aspas, havia dito que não era profundo, ao menos foi o que ele quis entender.
–Meu motivo para fazê-lo, sempre foi você, mas…
–Mas?
–Bem... É que… Você nunca se importou ou gostou de mim…
O coração do garoto acelerava cada vez mais, as lágrimas no rosto da menina corriam e essa imagem partia seu coração. Ambos estavam com a face abatida.
–Na verdade, eu…
–Você?
–B-bem, naquela hora eu fui me desculpar por ter te machucado, eu… Eu juro que não queria fazer aquilo e…
–Tudo bem, eu já esqueci.
–Eu sei que está mentindo e… Não é verdade que eu nunca me importei…
–O quê?
–A verdade é que… Ching estava certa, ela me contou tudo, contou sobre a discussão e sobre o que pensava, eu realmente gosto e me importo muito com você, me toquei que sempre me senti assim, mas você era tão grudenta, as vezes era bom até, eu não precisava me preocupar sobre você fugir ou se afastar, você sempre estava lá e eu não percebia o que ou o quanto sentia, por isso… Quando você finalmente se afastou eu… Eu…
Garu começava a chorar levemente, o coração de ambos batiam fortemente, Pucca não acreditara no que ouvia, o garoto que ela sempre amou por sua vida inteira estava declarando que sentia o mesmo por ela.
–Você está dizendo que…?
–Eu te amo, Pucca. Queria ter dito isso mais cedo, não dito hoje depois de sermos acorrentados ou de um pedido de desculpas por ter vacilado, queria ter dito daquela vez em que o motivo pelas desculpas surgiu, em que, em vez de dizer o que sentia te segurei para que não se afastasse de mim e, tristemente, acabei te machucando, eu estava tão confuso.
–Ga-Garu…
Ambos estavam chorando, levemente, com a pouca força que tinham e, depois de tudo, se encararam e começaram a rir, mas era um riso desesperado, com agonia e tristeza envolvida, até que um enorme barulho consumiu o ambiente, era Tobe chegando, após bater fortemente uma porta de metal pela qual passara.
–Vocês estão realmente chorando? Ha ha ha isso é tão deplorável, que humilhante Garu! Achei que fosse mais resistente que isso, seu ninjazinho de merda.
Enquanto ele falava, tanto Garu quanto Pucca demonstravam indignação e raiva, tudo o que queriam naquela hora era se soltarem e encherem Tobe de socos e chutes. Garu se debatia nas correntes querendo avançar, mas Tobe debochava de tal atitude, já que era inútil.
–Calminha garotinho, vai acabar se machucando. – Tobe dizia com um sorriso maléfico.
–Vai a merda, seu desgraçado! Quando eu sair daqui eu vou…
–Mas o que é isto? O caladão, depois de tantos anos, está falando e me chingando? Está tão irritado assim? Ha ha ha isso é tão patético!
–Patético é como você vai ficar nadando em uma poça com o próprio sangue, debaixo de meus pés esmagando sua cara! – Pucca gritou, já transbordando raiva.
Tobe, que estava de costas para a mesma, deu meia volta e andou vagarosamente até ela. Já próximo, com apenas uma mão, pegou no rosto da garota apertando-lhe as bochechas e o aproximou ao seu próprio rosto, deixando os dois jovens ainda mais irritados. Pucca se debateu tentando fazer ele soltá-la, mas tudo era inútil.
–Ora, ora, a garota irritante que sempre atrapalhou meus planos. Como é ser um capacho inútil, agora, hein?
–Tira a mão dela seu…!
–E você cale a boca! Não quer que eu desconte nela, né?
O garoto paralisou-se, ainda desesperado, e Tobe virou-se um pouco para que Garu os visse claramente e, pegando sua espada, fez um pequeno e leve arranhão no rosto da menina e então, soltou suas bochechas bruscamente, fazendo-a bater a cabeça contra a coluna em que estava presa. Garu começou a gritar de raiva enquanto Pucca tossia desesperadamente.
–Ha ha ha ha, essa face é tão linda, como se sente vendo seu maior amor sendo ferido, enquanto você não pode fazer nada?
–Seu merda, eu vou matar você!
–Bem, talvez assim, quem sabe, eu me encontre com sua família?
–Maldito…
–Pois saiba, que meu ódio por você é mais forte que a seu por mim, essa é sua fraqueza.
Garu começou gritar e chorar de raiva, aquilo realmente era um pesadelo, do tipo em que você não consegue controlar absolutamente nada, do tipo em que você tenta acordar, mas está preso naquele inferno.
***
Neste momento, Abyo e Ching estavam em frente a casa de Pucca a chamando, mas ninguém atendia.
–Estranho, já procuramos em toda parte, mas Garu e Pucca não estão em lugar nenhum!
–Eles devem estar namorando em algum canto qualquer.
–Para de piada, Abyo! Eles nunca sumiriam o dia todo dessa forma se fosse realmente isso, aconteceu alguma coisa.
–Você se preocupa demais, não deve ter acontecido na…– Abyo interrompe sua frase quando vê seringas no chão, junto a uma estrela ninja presa perto da porta, a qual chamavam de Shuriken, uma das armas arremessáveis no ninjutsu. – Ching, olhe aquilo!
–Nem Garu ou Pucca costumam usar Shurikens, o Tobe deve ter vindo aqui, mas que seringas são aquelas?
–Você acha que Tobe pode estar com eles?
–É uma possibilidade, para conseguir isso ele pode ter injetado algum tranquilizante ou coisa do tipo nos dois, isso explicaria as seringas.
–E se foi algum veneno? Eles podem estar mortos agora mesmo, Ching! O que vamos fazer?
–Relaxa Abyo, Tobe nunca faria isso, seria uma desgraça para ele matar Garu, ainda por cima dessa forma, tudo que ele quer é derrotá-lo por humilhação, sempre foi assim!
–Precisamos achá-los, se realmente foi isso, ele deve estar no seu esconderijo, mas não sabemos onde ele se esconde.
–Mas eu sei quem sabe… Vamos Abyo!
–O-okay.
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Amar é complicado(Pucca)
FanficPucca sempre perseguiu Garu, mas seu amor nunca foi correspondido. Será que algum dia isso terá fim? . Também disponível no Spirit fanfics