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Música: Golden haze, Wild Nothing

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05.02.2020

Eu quero escrever sobre a gente antes que vire memória.

Quero aproveitar enquanto isso está vivo em mim só pra não dizerem que estou romantizando depois do fim. Quero falar sobre isso agora, mesmo que seja ambíguo e tudo que leva o seu nome esteja tão embaralhado pra mim. Preciso falar sobre isso agora. Tenho que dizer da cor dos seus olhos quando você olha para mim, o olhar tranquilo de quem poderia ficar comigo por horas, quem sabe dias. Como se aquele quarto fosse um fragmento do universo nós. Nós que só existimos ali. Quero guardar aqui a forma que você sorri pra mim e ri da minha cara de boba quando olho para você, porque não tem mais ninguém para quem eu gostaria de estar olhando. Eu acho que, no fundo, você sabe que é isso que as íris escuras dizem, mesmo que estejamos perdidos nesses jogos de adivinha. Às vezes eu queria poder dizer tudo isso e não ter que torcer para que o meu olhar tenha todas as palavras do seu vocabulário. Eu não sei se é coisa da minha cabeça, tão bagunçada quando estou com você, mas eu preciso registrar isso. A energia que produzimos quando mais ninguém está olhando, como se aquilo só pudesse funcionar sob aquelas condições de temperatura e pressão. Vou aproveitar para dizer tudo isso agora, porque pressinto que, bem em breve, vamos ser só mais uma memória bonita. E eu sinto muito por isso. Mas eu também sei que, por um bom tempo, ainda serei perseguida por sombras até respirar tranquila, é claro. Esse tipo de troca não se supera assim, ó, em um piscar de olhos. Sei que você vai permanecer no meu imaginário por um tempo. É que eu tenho a impressão de que vamos queimar no sol, até desgastar e sermos só duas pessoas querendo se encontrar nessa cidade grande, um desencontro . Então, por isso, escrevo agora, enquanto ainda somos. Quero ser fiel às minhas memórias, quero ser coerente com o nosso futuro: uma memória brilhante, derretida pelos descasos do sol sobre nós.

sol.  • Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora