n/a: esse conto curtinho tem como trilha sonora a música da mídia, okay? Estamos combinados? Haha
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14.03.2019
"I know where no one can reach you."
Other people, Beach House
Estava um pouco aérea e sentia meus olhos pesados por conta do gin consumido durante a madrugada. Arrependida, ciente de que a animação de mais cedo, em breve, se tornaria ressaca pesada com direito a dor de cabeça e bastante enjoo. Mais uma noite, mais alguns arrependimentos acumulados.
A empolgação alcoólica já havia passado e eu só arrastava meu corpo pelas ruas desertas de Seul. A boate abafada e barulhenta era só mais uma memória que, mesmo que fosse de alguns minutos atrás, parecia distante.
Já passava das cinco da manhã e um vento gelado de outono batia em nossos rostos, aguardando o sol, ainda por nascer. Sua jaqueta jeans sobre meus ombros, quase cobrindo meus joelhos, mas não conseguia impedir que eu sentisse todo o meu corpo gelado a não ser pela única área de contato entre os nossos corpos, as nossas mãos.
Logo que pisamos fora da boate, você decidiu buscar minha mão e entrelaçar nossos dedos, me fazendo estranhar de início aquilo que eu sempre achei tão íntimo e confortante. Mãos entrelaçadas sempre foi para mim coisa de casal, e mais, casais apaixonados. E não éramos nenhum dos dois, não mais.
Mesmo assim. Mesmo depois dos olhares repreendedores dos seus amigos, das palavras debochadas das minhas amigas, você insistia em nos fazer um, mais uma vez. Mesmo depois de todas as mágoas, você queria me dizer, de forma silenciosa, que ainda poderíamos ser alguma coisa mais do que duas pessoas bêbadas se beijando pelos cantos da boates. Talvez, quem sabe, até um de novo. Mas isso é só digressão da minha mente embaçada pelo álcool, a que conseguiu ver você logo que passou do portal de entrada no início da noite, a que tomou coragem para superar o campo minado entre as minhas amigas vs. seus amigos para chegar até você como se a guerra já estivesse ganha, como se, mesmo depois de tudo, ainda pudéssemos ser alguma coisa.
Ainda assim, mesmo em meio à guerra fria de quase 3 anos, não demorou muito para que eu me lembrasse de como era sentir como se fôssemos uma coisa só; uma coisa que nunca havia caído no piso gelado e se partido em um milhão de pedacinhos; uma coisa que não foi esquecida; uma coisa que não foi objeto de várias discussões; uma coisa que desgastou até acabar.
Você agiu como se não houvesse mágoa, fazendo questão de estar aqui depois que as luzes acenderam e a música alta parou. Quando eu achei que você fosse embora, você fez questão de ficar e me aquecer, mesmo que fosse só através da sua jaqueta jeans ou, ainda mais, por nossas mãos.
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sol. • Jung Hoseok
Fiksi Penggemar"Essas podem ser as minhas primeiras e últimas palavras para você. Eu posso tentar te esquecer, podemos até nos des-conhecer, mas você sempre vai ser a primeira coisa que verei ao acordar, sol." BTS | Jung Hoseok | Contos | Textos avulsos Capa:...