Capítulo 28

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   Comecei a me arrumar para ir ver ele, tomei banho, fiz um coque no cabelo, passei rimel e coloquei uma roupa simples. Saí de casa as 15:30, fui direto para lá.

  As 15:50 cheguei no lugar, procurei um lugar na entrada e me sentei, provavelmente ele vai me reconhecer de alguma forma.

   Exatamente as 16h vi um homem de uns 45 anos, olhos claros, de terno, alto entrando pela porta, com um semblante preocupado, como se tivesse matado alguém e escondido o corpo. Nossos olhares se cruzaram e logo percebi, era ele, meu pai.

- Meu Deus! - ele exclamou quando chegou na mesa. - como você cresceu.

- Cresci bastante depois que você nos abandonou. - sorri com sarcasmo.

- Não julgue minha conduta, você não sabe o que aconteceu.

- Então pode se sentar e me contar agora. - digo me encostando na cadeira. Não, eu não abracei ele e tenho meus motivos para isso. Não tenho recordação alguma de um pai na minha vida, fui criada inteiramente pela minha mãe, que se deslocava entre trabalho e cuidar de mim em tempo integral, passei por várias babás, e nunca recebi nenhuma ajuda dele. Por isso, não levantei para abraçá-lo. - ele se sentou na cadeira na minha frente e começou a falar.

- Quando você tinha 4 anos, as coisas entre mim e sua mãe já não iam muito bem. Ela era bem mais jovem eu quando nos casamos, talvez eu não tenha dado o melhor de mim para ela. Depois de um tempo, já não dormíamos mais juntos e eu acabei conhecendo uma pessoa no meu trabalho, começamos a nos conhecer. - interrompo ele.

- E você teve a fantástica ideia de trair a mamãe. - sou rude.

- Saímos algumas vezes enquanto eu estava com sua mãe, quando você completou 5 anos, ela ficou grávida.

- A mamãe?

- Não, a minha atual esposa. Eu não podia deixar ela desamparada, sem emprego e grávida de um filho meu.

- E você achou prudente abandonar sua família, por causa de outra mulher, papai? - sou sinica.

- Eu não te abandonei... - interrompo ele.

- Você desapareceu da minha vida por 12 anos, nunca mandou um centavo para ajudar minha mãe, ou uma mensagemzinha que fosse no meu aniversário. Então, você nos abandonou sim!

- Você tem que me entender.

- E você tem que me entender também. Tenho motivos para não querer me aproximar de você. Você pode ir embora de uma hora para outra de novo.

- Eu não vou, estamos vindo morar aqui. Eu, minha esposa e meus 3 filhos.

- 3 filhos? - gritei.

- 1 tem sua idade, é filho só dela. Temos 2 meninas de 7 e 12 anos.

- Que ridículo!

- Querida, por favor. Vamos tentar criar uma relação. Desculpa se eu demore tanto pra isso.

- Sim, você demorou. - meu coração apertou.

- Mas nunca é tarde, para tentar, não é?

- Talvez.

- Que tal você ir almoçar amanhã na minha casa, eu te apresento todos, te mostro onde estou morando.

- Vai ser bom. - sou fria.

  Tentamos conversar mais um pouco, logo fomos embora. Ele insistiu para me deixar em casa.

- Tchau.

- Tchau, querida. Até amanhã.

  Não o convidei para entrar, só desci do carro. Quando dei alguns passos senti meu celular vibrar. Peguei e atendi sem ver o nome.

Ele & euOnde histórias criam vida. Descubra agora