Silêncio.Depois de mais um dia movimentado, preenchido por uma reunião com a líder dos Celestiais da Guarda, uma breve visita à Academia D'Angelis e uma longa discussão sobre os novos planos estratégicos de busca com Quésia, Akriel estava mais do que ansioso para aproveitar o glamouroso som de nada que o rodeava e enfim mergulhar profundamente no grande oceano de incertezas em que se encontrava sua mente.
Ainda sem nenhuma pista plausível sobre o paradeiro de Enzo e Miguel ou sobre qualquer notícia sobre a ascensão ou mesmo a causa daquela fissura no plano celestial, Caelis parecia cada vez mais próxima de despencar sob seus ombros, mesmo que a situação na Fortaleza Dourada estivesse menos tensa que meses antes. E fadado a apenas planejar e delegar as tarefas a serem executadas por outros anjos, ele começava a questionar sua decisão de retomar sua posição hierárquica. Porque seu real desejo era estar lá.
Estar lá procurando por seu amigo e
irmão; Estar lá investigando o que causara aquele tremor intrigante em Caelis; Estar lá para orientar Ariella a suas novas condições físicas e psíquicas; Estar lá, porque no fundo, ele sabia que era onde queria estar.No começo, tinha sido revigorante saber que ele era novamente uma figura de autoridade na Cidade Dourada; que poderia mostrar aos demais que Gabriel estava errado, que tudo poderia voltar a ser como era antes. Mas depois que o deslumbramento de ter sua posição de volta se fora e ele percebera que seus esforços não obtinham o resultado esperado, veio a constatação de que ele não sentia tanta falta daquilo quanto imaginava.
Seu alento naquela sociedade de impiedosos soldados angelicais era a familiar presença de Olívia; sempre resiliente, o anjo da morte estava sempre lá para incentiva-lo – e nunca pressiona-lo – como os demais Celestiais faziam, em busca de resultados que Akriel não tinha como apresentar, já que não os possuía. Entretanto, como membro dos Celestiais da Morte, Liv tinha outras obrigações que não incluíam nenhum Celestial da Arc. E ele entendia isso; não estavam mais no plano mortal. Em Caelis, cada grupo celestial tinha suas próprias incumbências.
De fato, ele tinha se acostumado demais com o universo fora da Cidade Dourada. E enquanto ele aprendia mil e uma coisas sobre ser humano, sobre liberdade e propósitos diferentes do que os anjos conheciam, não tinha percebido que Caelis desmoronava aos poucos. E agora ele temia não ser o suficiente para erguê-la em Glória.
Principalmente mediante as novas ameaças que ele sabia que espreitavam a sociedade angelical.
Mas antes que ele se afundasse ainda mais em suas frustrações inquietantes, a calmaria que o envolvia foi maculada por quem ele menos esperava naquele momento.
— Problemas no Paraíso, irmãozinho? — Gabriel provocou, conforme se aproximava da mesa de vidro sobre a qual o outro Arcanjo estava recostado.
Akriel imediatamente desviou sua atenção dos traços assimétricos no papel sob seus dedos e ergueu seus olhos para o Arcanjo de cabelos e olhos escuros a sua frente; Gabriel parecia apreciar sua frustração.
— Agora não é um bom momento, Gabriel. — Ele respondeu desgrenhando seus fios escuros e soou extremamente exausto.
E realmente estava. Não física, mas psicologicamente esgotado – o que tecnicamente não deveria ser possível, e ainda assim, era como ele se sentia.
— Não tem sido por um bom tempo, não é mesmo? — O Quarto Arcanjo estalou a língua e lançou um sorriso debochado ao outro — Especialmente depois que você "retomou" seu lugar de forma tão limpa. Está satisfeito?
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Criaturas Celestiais - A Queda [Pausada]
Fantasía[ATENÇÃO: LIVROS DOIS] [Antes de ler esse livro você precisa ler 'Criaturas Celestiais - A Ascensão] "...Temei pelos tempos em que nos reergueremos, pois deste virá tua Queda..." Seis meses após a Ascensão, Ariella se esforça para recomeçar sua vid...