Capítulo cinco - Caça às bruxas

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O vento soprava ainda mais impiedoso naquela típica noite de inverno londrina e o céu escuro exibia em sua maior parte nuvens espessas e cinzentas, indicando uma possível nevasca.

Em outra época – meses, que agora pareciam tão distantes – o vento cortante que deixava a pele de Naomi avermelhada seria o suficiente para fazê-la retroceder seu caminho em busca de um cobertor e uma xícara de chá. No entanto, nesta noite ela não poderia. Na verdade, nenhum deles poderia; Porque nesta noite fria e silenciosa Dave , Dakota, Naomi e Joe estavam caçando.

Buscando minuciosamente os rastros que os levariam a criatura bestial, que com muita selvageria e brutalidade tinha matado uma garota naquele beco mais cedo, em plena luz do dia.

"Matado" na verdade era uma palavra educada demais para representar o cenário em questão. O que tinha acontecido ali poderia facilmente ser descrito como um verdadeiro show de horrores.

Obviamente, a cena do crime tinha sido interditada. Na entrada estreita do beco, duas fitas amarelo e preto cruzadas na horizontal davam suporte a placa "Não ultrapasse: cena do crime", com o objetivo de manter os curiosos longe e as pistas intactas – o que claramente não se aplicou aos quatro jovens.

Meia hora antes, quando as viaturas policiais se foram e os investigadores designados ao caso foram seguir as pistas do crime, o quarteto tinha se esgueirado cautelosamente em meio às sombras da noite até o beco, atentando-se a movimentos nas redondezas. E até o momento, ainda o examinavam.

— Definitivamente, não é um lobo. — Dakota concluiu, depois de uma minuciosa inspeção na cena do crime.

O corpo grosseiramente mutilado e desfigurado da vítima tinha sido recolhido horas mais cedo antes do sol se pôr, mas seu sangue ainda estava ali; seco, escuro e em grande excesso. Mas era apenas isso. E esse era um dos motivos pelos quais a loba concluíra que o ataque não fora lupino.

— O modus operandi não é compatível. Se o "nosso cara" fosse um lobo, haveria muito mais do que sangue manchando o chão. — ela explicou ao grupo, fazendo uma careta ao imaginar entranhas espalhadas pela superfície rochosa.

Dave exalou com insatisfação; eles já tinham descartado a possibilidade do ataque ser obra dos nephilins, de algum vampiro solitário, de bruxas vingativas e agora dos lobos. O que não era nenhum alívio porque lhe restavam poucas opções, e cada uma pior do que a outra.

— Certo. Qual seu palpite então? — Ele não queria perguntar, porque temia a resposta, mas sabia que era necessário.

A dinâmica do grupo era simples e o método era o mesmo em todas as investigações; enquanto Dakota, com o auxílio de Naomi, usava seus instintos animalescos para detectar o monstro cruel rondando as ruas londrinas, Joe tentava usar seus instintos angelicais para identificar o tipo de energia contida ali. Dave, como único humano do grupo e estudioso do mundo sobrenatural, tentava encaixar as informações fornecidas pelos demais com as descrições de inimagináveis criaturas catalogadas no livro antigo em suas mãos. Mas dessa vez era diferente; e eles sabiam que as táticas usuais não seriam o suficiente.

Dakota trocou olhares significativos com Joe e Naomi, antes de chegar a terrível conclusão.

Eles também sentiam, ela confirmou.

— Um demônio, Dave. Estamos procurando por um demônio. — ela tentou soar tranquila, enquanto indicava as manchas de sangue seco na superfície como se nelas estivesse escrito a resposta — E isso nem é a notícia ruim. — Dakota riu sem humor e indicou que Joe continuasse a explicação.

Criaturas Celestiais - A Queda  [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora