propriedade;

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Midoriya foi trabalhar com o medo de encontrar Kaminari. Suncity era minúscula, nada ficava em segredo, então ele sentia uma ansiedade tenebrosa se arrastando por sua coluna e o deixando tensionado. As pessoas poderiam descobrir facilmente que ele havia ficado com um predador e o julgarem rudemente por isso, ou poderiam começar a falar que eles formavam um casal fofo e fariam com que Midoriya se sentisse obrigado a gostar de Kaminari e dar uma chance. Nenhuma daquelas alternativas eram boas.

O café não estava tão cheio naquele dia, mas um grupo de adolescentes fazia uma baderna ao fundo e riam alto. E atender jovens era algo completamente cansativo.

— Como foi sua noite, Zu? — Kirishima se debruçou sobre a bancada de atendimento e balançou sua cauda.

— Eu saí pra uma balada com o Shouto. Uma balada de ricos — ele colocou ênfase em suas últimas palavras.

O gato abriu sua boca em surpresa e suas pupilas dilataram.

— Você foi pra uma balada de elite? Como foi?!

— Estranho. Todos usam roupas bonitas. Não teve orgia, os lobos só ficam sentados, bebendo — Izuku relembrou a noite passada e desviou da memória em que ele beijava uma raposa ferozmente no banheiro da boate. Ele nunca contaria aquela informação para ninguém.

— Você é sortudo. Conseguiu ao menos dar um beijinho no Príncipe? — ele atiçou.

— Não. Uma assistente dele foi lá em casa ontem — falou. — Acho que perdi ele pra ela. Quero dizer, se eu fosse mulher as coisas seriam mais fácil.

— Ei! Não diga isso! Você está se humilhando por um cara hétero, se valoriza, homem! — Kirishima fez um estalo com a língua. — O Príncipe nem é isso tudo, ele só é rico e bonito.

— E você acha que eu o meu tipo não é um homem rico e bonito? — Izuku e Kirishima riram baixinho.

O sininho da porta tocou e o esverdeado voltou sua atenção ao cliente. Era Shouto. Seus olhos foram de encontro ao relógio. 16:30. Por que aquele cara chegava tão cedo?

O lobo sentou em uma cadeira e ficou lá. Esperando. Midoriya viu Tsuyu ir atender ao bicolor que teve a audácia de ver o cardápio e fazer um pedido. Aquele pulguento nunca comeu no Café, o que diabos havia acontecido para hoje ele mudar de ideia?

— Ei — Kirishima sussurrou e Izuku o olhou feio.

— Fique em silêncio — disparou.

Tsuyu sorriu para Midoriya e entrou na cozinha sem falar nada. O que estava acontecendo? Midoriya olhou para Kirishima, que acariacava sua cauda peluda enquanto olhava atentamente para o lobo.

— Nossa, ele tem uma cabeça grande, né? — o gato disse repentinamente.

Izuku só suspirou exausto. Ele não sabia o que lhe cansava mais, atendimento ao público ou ter que aturar a briga "natural" de seus dois melhores amigos. Fala sério, eles haviam passado por uma evolução árdua, sobreviveram a certas coisas e se moldaram para se encaixar na sociedade. Como que aquela briga entre espécies ainda existia?

— Kiri, não quero ouvir vocês brigando hoje.

O felino deu de ombros como quem não se importasse o suficiente para começar uma briga, mas ele se importava, e Izuku não sabia o porquê ele pegava tanto no pé do Shouto. E particularmente o próprio Midoriya odiava aquela situação. Ele havia crescido com Todoroki Shouto, havia estado presente em cada parte de sua vida, havia visto aquele lobo medroso e chorão se tornar um cara incrível (e virar o amor da sua vida), mas as pessoas insistiam que ele não conhecia Todoroki adequadamente.

blue blood; tododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora