Capítulo 9

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-Então, veio sozinha ? -Jason questiona, fechando a cardápio em suas mãos.

-Sim. -Respondi simplesmente.

-Eu pensei que nunca mais iriamos nos ver. O destino é mesmo incrível.

-É... acho que sim.

Enquanto eu respondia algumas perguntas básicas sobre mim como trabalho e escutava sobre sua vida agitada de CEO na empresa do pai. Desviava os olhos por alguns estantes para o belo restaurante, perfeito da decoração até a deliciosa comida.

-Quem diria que viraria CEO algum dia, sempre pensei que queria ser médico. - Me lembro de uma conversa sobre sonhos quando estávamos no acampamento e éramos mais jovens.

-Eu quero, ainda é o meu sonho. - Jason diz pensativo. - Mas, é complicado sabe... É uma longa história.

-Entendo... -Não, não entendo, mas não vou mandar ele explicar.

- Você sempre foi linda, meu Deus. - Ele sorri enquanto mexe no cabelo. -Lembro que no acampamento, eu não resistia ficar perto de você sem ter vontade de te beijar.

-E agora consegue resistir? - Eu só posso ter ficado doida mas eu disse isso mesmo, com certeza é o efeito dos drinks dando um oi.

-Odeio admitir que não. - Meu coração acelera. - Mas agora eu sei lidar com isso então não se preocupe. E você ?

-Eu? - Me faço de boba.

Sinto minha cabeça começar a doer e elevo uma mão a ela e tenho quase certeza que fiz alguma careta de dor.

-Você está bem ? -Jason pergunta e pega meu braço.

Não sei quem complica mais as coisas, ele ou eu.

-É só uma dor de cabeça, acho que acabei bebendo demais do que realmente queria. Mas estou bem. - puxo meu braço de sua mão.

-Okay então. - Seu celular começa a tocar e eu reconheço a música, a mesma que nós dançamos juntos na nossa última noite de férias.

Ele pega o celular do bolso e olha o visor por uns segundos antes de desligar. E isso se repete mais algumas vezes insistentemente.

-Não vai atender? - Pergunto, afinal já estava ficando chato aquele celular tocar toda hora e interromper tudo o que começamos a falar.

-Não! É o meu pai, ele pode esperar.

-Certeza?

-Sim! Onde estávamos? - E o celular toca novamente.

-Olha... É melhor atender. Eu espero.

-Tudo bem, eu já volto. Desculpe. - Ele diz e sai apresado para fora do estabelecimento.

Alguns poucos minutos lá fora ele volta.

-Ele é muito insistente quando quer algo. No final, só queria saber onde eu estava, para levar um remédio depois para ele.

-Sem problemas. O meu pai também é bem insistente. Quando ele põe algo na cabeça é difícil voltar atrás. - Como o último pedaço de carne e viro a taça de vinho, bebendo tudo de uma vez. - Tipo quando ele me expulsou de casa uns meses depois que voltei do acampamento por causa da Alice e acredita.... ele ainda não me procurou.

Meu Deus a bebida foi fazer efeito em uma ótima hora né...
Não acredito que falei da Alice. E se ele perguntar quem é Alice e porque meu pai me expulsou de casa exatamente? ai o que eu digo ?

-Acho que esta ficando bêbada, pega leve com o vinho. -Ele ri. Qual é a graça? -Mas, Então você mora sozinha ?

-Moro... Sozinha. -Minto.

-Entendi. O que essa Alice fez para que isso aconteça? - Esse era o meu medo, as perguntas que viriam.

-Ela não.. fez nada.

-Não entendi, mas vou aceitar.

-Agradeço. Desculpa to com um pouco de dor de cabeça ainda.

-Espero que fique bem. Tem remédio no hotel?

-Sim, eu trouxe. Obrigada.

- Aqui está. - Ele escreve um número no guardanapo e me entrega. -É o meu número de celular pessoal, se precisar de algo enquanto estiver aqui é só me ligar. Se... precisar e estiver no Brasil também pode me ligar... quer dizer... é longe mas eu dou um jeito de te ajudar. É só ligar.

-O seu número... -Eu acabo rindo, pois é engraçado que essa é a primeira vez que tenho seu número.

-Sei que é estranho, mas guarde por favor e não hesite em me ligar. Naquele dia em que nos despedimos do acampamento, eu queria fazer isso... Mas estávamos sem celulares e qualquer coisa que eu pudesse escrever.

-Sim, lá era um lugar bem escondido e com modos de vivência diferente, afinal era um acampamento. Mas foi ótimo criar lembranças lá.

-Concordo. Na verdade quando fomos todos embora, eu me senti sozinho, afinal pensava que nunca mais iria ver os amigos que fiz lá, e você claro, que foi a melhor parte daquela viagem.

-Eu também me sinto assim... me sentia, assim.

-Você está mais quieta agora, lembro que você falava tanto e tinha tantas histórias e piadas para contar que as vezes parecia que suas frases ficavam sobrepostas há outras. - Ele ria claramente lembrando enquanto contava. Não posso negar, é verdade. - Quer saber de uma coisa ? Eu realmente pensei que a gente pudesse...- Alguém o interrompe.

-Oh meu Deus! Jason meu amor, eu te procurei por todos restaurantes desta enorme e cansativa rua. Meu pés estão me matando e eu to suando. - A mulher de fios loiros com luzes diz em uma voz fina enquanto caminha até nossa mesa. Ela para. Me olha como se só tivesse me visto agora. -Ah, oi.

Ela se joga quase nos braços de Jason que estava com uma cara de surpreso e beija logo sua boca, a qual a anos atrás, já foi minha.

-O.. o que está... fazendo aqui Chloe ?

-A é que eu liguei para seu pai para perguntar sobre o evento que você foi e ele disse que já havia saído e que estava em um restaurante. Mas ele só sabia a rua e não o local exato, demorei para te achar.

-Essa, é... hm... uma amiga de muitos anos... -Jason aponta para mim me apresentando a ela.-Sophia.

-Oiii, Sophia. -Ela manda dois beijinhos no ar e eu somente dou um sorriso. -Prazer em conhecer uma amiga do Jason, ele nunca me apresenta nenhuma. Eu sou Chloe Barnet, a noiva do Jason. Nossa que pele linda, o que você usa nela amiga ?

Tudo o que eu escutei foi o "noiva do Jason" e nisso, senti meu coração se quebrar em pedacinhos, outra vez, e pelo mesmo homem.

-Noivos é? -Forço um sorriso. -Meus parabéns... aos dois.

-Bem é... que ... - Jason começa a dizer algo mais a sua noiva interrompe e eu sinto a minha dor de cabeça aumentar.

-Amiga você está bem? - Ela chama toda mulher que acaba de conhecer de amiga mesmo ? é sério isso? - Amor... Amorzinho olha ela está meio vermelha vê se ela está bem.

-Sophia você... -Ele se levanta da mesa e segura meu rosto acho eu que tentando saber se eu estou com febre. Mas desta vez sou eu quem o interrompo e retiro suas mãos de mim.

-Eu estou muito bem, é sério. - Digo e me levanto. -Eu só preciso ir para o hotel e descansar, acho que é toda essa pressão de trabalho. Eu vou indo, mas fiquem a vontade. Tchau Chloe. Tchau Jason, foi bom te ver.

Saio do local sem olhar pra trás e pego meu celular para pedir um táxi. Claro, sem deixar de mandar uma mensagem ao August e dizer que vou para o hotel porque não me sinto bem.

Dear, DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora