Capítulo 1

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Às 7h em ponto meu celular vibra mas já estou acordada graças ao meu ótimo relógio biológico. Sempre acordo alguns minutos antes do despertador tocar, o que é bom porque consigo me organizar mentalmente antes de sair da cama.

Encaro meu quarto escuro e inspiro meu aroma de mofo. Preciso dar um jeito nisso mas manter as janelas abertas não é algo que me agrade. Não gosto muito da luz do sol aqui dentro.

Escovo os dentes apressadamente e tomo um banho frio em seguida. Visto jeans preto e uma camisa preta de botões. Calço sandálias de salto baixo e pego minha bolsa.

Preciso chegar cedo na delegacia hoje. É dia de passar tudo pro meu computador, o que não é muito. Colocar alguns casos no sistema é uma função que qualquer estagiário pode fazer mas o xerife McConaughey basicamente me obriga a fazer essas besteiras. Quer que eu mostre serviço ainda que não seja essa especificamente a minha função.

Estudei 5 anos em Nova York, fui em Quântico na Virgínia pra me aprofundar na psicologia criminal durante alguns verões. Sou uma investigadora criminal, uma das boas mas ninguém daqui gosta de mim. Sou a mais jovem da equipe" e com minha chegada o antigo investigador foi afastado. Então eles me detestam. E tá tudo bem, continuo ganhando meu salário apesar dos olhares tortos na minha direção.

— Bom dia querida. — meu pai sorri assim que entro na cozinha — Vai tomar café comigo hoje ou já está atrasada?

— Estou atolada em papelada hoje, é melhor eu ir logo sabe? Mas talvez eu apareça pra almoçar com o senhor, está bem? — beijo sua testa e toco seus cabelos loiros. Meu pai passa a maior parte do tempo em casa. Ele trabalha com móveis e tem gente trabalhando pra ele, então só coloca a mão na massa quando algum cliente antigo quer que ele projete algo exclusivamente.

— Tudo bem. — responde desanimado — Sei que não vai vir, sempre me dá alguma desculpa e acaba não aparecendo. Não sei o que um pai tem que fazer pra conseguir sentar e comer junto da filha.

— Qual é pai, deixa de bobagem. Eu venho, prometo. — beijo a testa dele mais uma vez e roubo o sanduíche dele — Fala pra mamãe chamar a garota da faxina de novo, meu quarto está cheirando a mofo.

— Abra as janelas.

— Isso não é uma opção, sabe disso.

— India... — ele revira os olhos — Tá, tá eu falo com sua mãe depois.

Sorrio saindo.
Ele adora me contrariar, por algum motivo desistiu de fazê-lo. Janelas fechadas são minha marca registrada. Me concentro melhor no escuro.

Destravo minha picape 4x4 e jogo minha bolsa dentro. Quase todo mundo na cidade dirige uma camionete, o restante tem quadriciclos ou Jeeps. São pessoas um tanto caipiras. Aqui é repleto de fazendas e estradas de terras. Poucos são os trabalhos que não são relacionados a agricultura.

Alguns instantes depois já estou na delegacia. Temos um prédio de três andares, gélido por fora tanto quanto por dentro. Estaciono na minha vaga e vejo alguns oficiais ao longe me observando e balançando a cabeça negativamente.

Ótimo, é assim que se começa um dia.

Vou direto pra minha sala dizendo bom dia pra todos que passam por mim e ouvindo somente uma ou duas respostas. Quando as portas do elevador se abrem no último andar imediatamente sei que algo está errado. Tem um aglomerado de policiais na porta da minha sala. Parecem tensos.

— Porque chegou tão tarde? — o capacho do xerife, Bob Sallinger diz me guiando em meio aos demais policiais — Aconteceu um sequestro noite passada, é a filha dos Calister.

Quem matou a Miss?Onde histórias criam vida. Descubra agora