Capítulo 16

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Kylo não está nem um pouco de acordo com meu plano.
Nem eu mesma estou.
Sei que a escolha certa seria chamar a polícia local, e avisar que há um procurado aqui na casa. Mas não é isso que vou fazer. Não é o que quero fazer e no fundo, não é a coisa “mais certa”.

Quero falar com ele sem ser dentro de uma sala de interrogatório. Sei que no momento em que a gente pegá-lo ele não vai revelar nada pra polícia, tenho que aproveitar a língua grande que ele tem enquanto está livre.

— É invasão de privacidade. E burla uma centena de leis. — Kylo me lembra — Mas como disse antes, não vou te impedir.

Já é noite. As luzes na casa dos Connor estão se apagando aos poucos. Fico calada e espero até tudo estar escuro. Saio do carro e Kylo hesita antes de sair também, bastante nervoso. Abro as portas do banco de trás do meu carro e destravo o banco. Embaixo dele guardo um revólver automático e uma arma de grande porte, pego o revólver e dou a Kylo.

— Se você atirar, não terá problemas. Está registrada no meu nome e eu assumo a responsabilidade.

— Não tenho uma mira muito boa, digo isso porque já me fodi antes.

— Só tente não acertar em mim, e estará tudo bem.

Vamos em silêncio até os fundos da casa. Eles tem alarme de segurança, dá pra ver uma luz vermelha piscando no aparelho no corredor, a porta da cozinha é de vidro.

— Quanto tempo você leva pra desarmar um aparelho desses? — sussurro.

— Menos de um minuto.

— Se eu quebrar o vidro da porta em quantos segundos o alarme dispara?

— Não tenho um tempo exato mas serão poucos segundos. — ele coloca o pente na arma e dá de ombros — Se as coisas ficarem pretas eu não vou pra cadeia.

Rio dele e me aproximo da porta. Tiro a jaqueta e enrolo no meu punho. Soco o vidro duas vezes e ele se quebra. Vejo que a luz vermelha está piscando. Destravo a porta e Kylo corre na direção do corredor. Olho ao redor, pra cozinha escura e vazia. Tudo tranquilo.

— Pronto! — Kylo vem na minha direção — Como chegamos ao porão?

— Não sei. — sussurro ansiosa — Temos que procurar e precisamos ser os mais silenciosos possíveis.

Juntos, nós andamos pela casa toda sem subir as escadas, obviamente. E nenhuma porta parece dar em algum lugar lá embaixo. O que me faz perceber que não é uma porta.

Darcy está sendo procurado pela polícia. Ele deve ter construído um lugar seguro pra se esconder. E talvez ele esteja ouvindo nossos passos pela casa. Puxo Kylo de volta pra cozinha e escrevo na tela do meu celular

Ele pode estar nos ouvindo então não diga nada. Acho que o estamos procurando não é uma porta e sim um esconderijo. É uma entrada secreta. "

Ele assente quando lê e analisamos as paredes. Damos batidas abafadas. E nada. Alguns minutos depois, dentro da despensa da cozinha quando já estou saindo, a madeira sob meu pé range. Chamo Kylo e ele se agacha, afastamos o tapete e então achamos uma parte em que o piso está descolado do chão. Parece que a única abertura é pelo lado de fora, ponto positivo pra gente.

— Vamos descer, pegue sua arma. — digo tirando a tampa. É minúscula, uns 50 centímetros. Avisto o chão de concreto lá embaixo, semi iluminado. Desço primeiro e Kylo vem em seguida. Olho pra cima e tiro uma foto com a câmera do celular, envio pro xerife junto com nossa localização — Ele vai demorar alguns minutos até entender a situação, então tenho menos de meia hora pra conversar com Darcy.

Quem matou a Miss?Onde histórias criam vida. Descubra agora