Capítulo 3

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Foram muitos machucados para listar.
Muitas violações para identificar.
Muitas fotos para registrar.
Diversos exames e testes.
Um único suspeito e nenhuma prova para acusá-lo pelo assassinato.

Sr. Gayle está preso, sob a acusação de abuso infantil e depoimento falso. Não temos os resultados totais de tudo o que foi feito no corpo da Maddie, estamos torcendo pra que haja alguma pista.

Encaro o corpo dela sobre a mesa do médico legista. Ray disse que nunca viu um corpo tão destruído. E ele nos reuniu aqui porquê descobriu a causa da morte.

— Virei a noite aqui com ela. — diz tirando os óculos de grau e os enfiando no bolso do jaleco. Ray suspira e aperta a ponte do nariz — Não vai ser agradável de ouvir, nem de dizer. Preciso que os oficiais saiam.

— Fora pessoal. — o xerife dispensa os oficiais que nos seguiram por curiosidade.

O departamento de polícia de Hammond nunca esteve tão... Inútil.
Volto a olhar pra pele branca de Maddie. São poucos os trechos onde a pele não está cortada ou com algum hematoma. A cabeça está esmagada. Suas mãos são a única coisa que parece normal.

— Ela sofreu muito. Foi uma sessão de tortura. — Ray começa a dizer — Ela foi morta poucas horas antes de encontrarem o corpo, quem a feriu provavelmente a levou com vida até o vale e então esmagou a cabeça dela com os próprios pés. — ele se aproxima da cabeça e gesticula sobre ela — Ele deu cerca de 7 chutes, usava tênis esportivo. Se fossem botas teria ficado ainda pior. A parte de trás da cabeça dela estava apoiada em alguma pedra e então ele a chutou. A causa da morte foram os chutes na cabeça dela. O crucifixo foi inserido depois da morte, pra encobrir o estupro e causar comoção.

— E os ferimentos? — questiono.

— Bom, ela foi mantida em um ambiente onde não estava de pé. Vejam os joelhos, tem marcas como se ela tivesse passado algum tempo se apoiando neles. — diz nos mostrando — E tem terra sob as unhas dela. Não terra vermelha como na região onde a encontraram, é uma terra escura e úmida. Ela estava sendo mantida sob a casa ou sob algum celeiro. O espaço era pequeno e baixo de altura. Tem arranhões nas costas que condizem com isso.

— Então as horas em que ficou desaparecida foi mantida em cativeiro na casa de alguém. — murmuro anotando no meu bloco — Nós varremos a casa dos suspeitos mais óbvios acho que está na hora de começarmos a olhar para as pessoas “de bem”.

— Não é alguém da comunidade. — o xerife diz com uma expressão distante — Não consigo pensar em nenhum homem daqui que tenha tido a capacidade de fazer uma merda dessas. São pessoas boas, Hammond é um lugar tranquilo... Ou era, até esse cara aparecer. Ele não é daqui.

— Tinha algo no estômago dela? — pergunto a Ray ignorando o comentário do xerife.

— Sim. Bolachas. E ela está hidratada. O que sei é que ela apanhou bastante. Foi espancada mas ao mesmo tempo alguns ferimentos foram tratados, e ele a alimentava.

— Isso mostra arrependimento ou culpa. — murmuro observando cortes que já estão secos — Maddie era linda e todos falam de como era simpática, acho que ela pode ter conversado com ele. Por isso estava sendo alimentada e teve machucados tratados. E ele se importou e cuidou então não é um completo psicopata. Espero que tenha deixado algo pra nós no corpo dela.

— Sim, você vai achar sêmen. Tinha um pouco nela e mandei para análise. Vamos comparar com todos do banco de dados. — Ray revela, trazendo em sua frase esperançosa como uma luz em meio a essa bagunça.

— Ok. — fecho meu bloco e solto a respiração — Libere o corpo para a funerária, eles estão lá embaixo. E mais, não divulgue os mínimos detalhes da morte. Só quero a causa no jornal e nada mais. Não falem do crucifixo.

Quem matou a Miss?Onde histórias criam vida. Descubra agora