A volta do expresso polar

Parte 13 Das ruínas nasce uma esperança

Bernardo parecia perdido não sabia como tinha voltado ao trem e nem o desfecho da batalha, tudo que sabia era o que via, e somente via a destruição, o expresso polar estava em ruínas, mal iluminado e com as janelas estilhaçadas, Mariana e Lucas estavam em um canto do vagão junto à mulher gorda que estava com o rosto sujo e suas roupas rasgadas, ela não usava mais seu chapéu de pavão e mostrava seu ralo cabelo grisalho.

__ Você está bem? __ perguntou ela sem encará-lo nos olhos.

__ Sim estou __ respondeu o menino também desviando seu olhar.

__ Fomos atacados, mas acho que você sabe disso __ a mulher tinha uma magoa na voz.

__ Sim, eu sei __ Bernardo sentia que ela o recriminava com as palavras.

__ Ele, foi ele, aquela criatura maldita mandou os lobisomens, ogros, gárgulas e as mais diversas e demoníacas criaturas, ele queria por as mãos em você menino e digo mais, ele teria conseguido se não fosse pela...

__ Lilian __ Bernardo não deixara a mulher terminar e a atropelou com suas perguntas __cadê ela? Ela esta bem? Ela não morreu? __ Bernardo só conseguia se lembrar da fúria do anjo quando foi atacado pelo minúsculo duende.

__ Não, ela esta bem, foi ela quem o trouxe de volta para o trem __ respondeu a mulher gorda.

__ E onde ela está? __ Bernardo se sentia mais tranquilo, mas sentia a necessidade de vela imediatamente.

__ Ela esta no ultimo vagão junto aos feridos __ respondeu a mulher gorda agora arrumando seus cabelos.

__ Ela esta ferida? __ e mais uma vez o desespero bateu no coração do menino.

__ Não __ respondeu velha gorda __ ela está cuidando dos feridos, como enfermeira, esplendida ela, tão pequena em tamanho com um coração tão grande.

__ Eu quero vê-la, será que eu posso ir ate lá?

Bernardo já esperava uma resposta negativa, mas a mulher gorda nada falou só abanou os ombros, sinal que Bernardo e os outros interpretaram como sim.

Por todos os lados se via sinais da batalha, rostos sujos e abatidos, vidraças quebradas, mau iluminação, o vagão de vidro parecia mais um vagão fantasma. Todas as janelas estavam quebradas, o lustre central havia caído e as poltronas estavam rasgadas e cobertas de gelo, Bernardo não pode deixar de notar que no chão estava manchado de sangue.

__ Espero que todos estejam bem __ sussurrou ele tão baixo que ninguém o escutou nem mesmo Mariana que estava ao seu lado se equilibrando em suas muletas.

O ultimo vagão, a enfermaria como agora todos o chamavam parecia ter aumentado o seu tamanho e agora tinha macas por todos os cantos, os feridos estavam sendo cuidados por alguns duendes e um deles Bernardo o reconheceu de súbito, correu e o agarrou em seus braços.

__Lilian, eu fiquei tão preocupado com você, graças a deus você está bem, eu jamais me perdoaria se você tivesse...

__ Não me agradeça __ o duende interrompeu o menino e com muito esforço se livrou de seu abraço __ eu não fiz nada demais.

__ Você me salvou __ o menino ainda mantinha um sorriso em seu rosto.

__ Sim eu te salvei, mas agora existem outros a serem salvos __ Lilian mostrou ao menino um duende muito ferido e desacordado, era o bilheteiro.

__ O que aconteceu com ele? __ dessa vez que tomou a palavra foi Mariana.

__ Ele foi atacado por um lobisomem __ respondeu o duende agora fazendo um curativo e uma ferida.

__ Um lobisomem, mas ele não vai virar um, ou vai? __ Lucas começou a tremer ao ver o duende começar a tremer.

__ Não nós somos imunes ao veneno deles, mas este aqui quase morreu.

__ Lilian eu queria ajudar, eu posso fazer alguma coisa? __ Bernardo sabia que todos aqueles feridos se encontravam assim por sua Causa, sabia que eles lutaram com criaturas monstruosas para defendê-lo e sentia muito remorso por isso.

__ Ser voluntario renova a esperança, quando entregamos nossos corações nossa alma se revigora e fica lavada, eu estou lavando a minha alma com o sangue de meus amigos e fico feliz por vocês fazerem o mesmo __ a duende se calou e continuou o seu trabalho agora sendo ajudada por mais três indivíduos Bernardo, Lucas e Mariana.