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r.

seria doido se eu dissesse que falo comigo mesmo todos os dias como se estivesse falando com outra pessoa? às vezes me pego tendo vários e vários diálogos com o meu outro eu, mas veja bem, esse outro eu é totalmente diferente de mim, estranho não?! as vezes até pareço o kevin de fragmentado.

o doido é que em alguns momentos até me dou esporro e conselhos, mas tudo bem, na maioria das vezes o meu outro eu está inteiramente certo, então é totalmente aceitável.

– o que está fazendo? – minha irmã me pergunta interrompendo meus pensamentos.

–  estava pensando, como sempre. – digo e me ajeito na cama.

– vem pra sala, sai um pouco desse quarto. – nêssa, minha irmã, diz antes de sair do meu quarto.

ok, vamos lá. sou ramon, ramon gabriel como diz na minha certidão de nascimento, porém não me chame assim, me chame apenas de ramon, ou por algum apelido, fica a seu critério.

tenho 24 anos, e sou carioca, porém moro em são paulo com a minha irmã mais velha a algum tempo, pra ser mais exato, estou aqui à 2 anos e 6 meses em busca de aventuras, mudanças e felicidade. não que no rio eu não tivesse isso, mas precisei sair de lá pra me sentir melhor... longa história.

peguei meu celular e fui pra sala, nêssa estava com a sua esposa cris vendo filme, e isso era outra informação sobre minha vida, minha irmã era lésbica.

me sentei ao lado delas e tentei prestar atenção no filme, porém não gostei do mesmo e peguei meu celular pra passar o tempo. revirei todo o smartphone e não tinha mais nada pra fazer, até eu receber uma ligação de minha comadre ledi, que inclusive era minha melhor amiga. enfim, levantei do sofá e voltei pro quarto para atender a ligação sem atrapalhar as meninas.

ligação on:

ledi: oi sumido, esqueceu de mim?

ramon: de você eu não esqueço jamais. como você e helena estão?

ledi: estamos bem graças a Deus, mas não liguei pra jogar conversa fora, vou direto ao ponto. lembra que a um bom tempo atrás você disse que viria morar aqui em santa catarina por conta da helena?

ramon: sim...

ledi: então... não acha que já está na hora?

ramon: oxe, por que dessa conversa agora?

ledi: estava pensando ramon, te escolhi como padrinho da helena porque sabia o homem incrível que você é, e também o dindo excepcional que seria pra helena, mas por conta dessa distância você quase não a vê, só veio aqui ver ela uma vez e nem ficou por muito tempo. daqui a pouco ela cresce e não vai mais lembrar de você, nem ter uma lembrança com o padrinho, ela já está com mais de dois anos ramon.

ramon: mas a gente sempre faz chamada de vídeo, impossível ela esquecer assim de mim... ou é possível?

ledi: pensa bem, quero que você seja presente na vida da minha filha, sem contar que estou morrendo de saudades e você disse que moraria aqui, acho que já passou da hora né?

ramon: vou pensar melhor sobre isso, e depois te dou a resposta, tudo bem?

ledi: tá né, mas pensa direitinho, faz isso pela helena, o pai dela quase não vê a menina, e ela precisa de uma figura masculina por perto.

ramon: tá bem, não precisa fazer chantagem emocional. eu vou pensar, e falarei a resposta.

ledi: tudo bem, vou esperar. agora vou desligar porque a dondoca tá chorando.

a procura da felicidade.Onde histórias criam vida. Descubra agora